Capítulo 37

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A chuva caía pesada do lado de fora, as gotas tamborilando contra as janelas do apartamento como se quisessem participar da nossa conversa. O som do gotejar era constante, criando um pano de fundo melancólico que parecia ecoar os sentimentos conturbados em meu coração. A tarde nublada refletia minha mente, confusa e agitada.

Estava sentada no sofá, com um copo d'água em mãos observando Billie na poltrona. Ela se movia lentamente, como se cada movimento fosse uma tentativa de dissipar a tensão que pairava no ar. Sua camiseta preta estava ligeiramente encharcada pela umidade do ambiente, colando-se ao corpo e realçando sua figura delicada. Havia algo de vulnerável nela que me fazia querer protegê-la, mas, ao mesmo tempo, sentia uma raiva crescente por tudo que havíamos enfrentado.

"Estamos seguras aqui", Billie dissera várias vezes, mas cada vez que ouvia essa frase, o medo de perder tudo o que tínhamos parecia aumentar. Não podíamos nos deixar levar pela ideia de que as coisas estavam bem, não enquanto Ashley e Michael ainda eram uma ameaça.

— Você parece distante — a voz suave de Billie interrompeu meus pensamentos. Eu a vi se aproximar, seus olhos verdes cheios de preocupação. Seu toque era como uma âncora, mas hoje parecia que nem isso poderia me acalmar.

— Estou apenas pensando... — respondi, tentando evitar sua mirada penetrante. Ela se sentou ao meu lado no sofá, um movimento que normalmente me confortava, mas que naquele momento só aumentava a pressão sobre os meus ombros. Olhei para a xícara de café, as ondas de vapor subindo e desaparecendo, assim como a sensação de segurança que antes sentia.

— Você não está bem — disse Billie, sua voz agora mais firme. — Eu posso sentir isso. O que está acontecendo?

Suspirei, sabendo que não poderia esconder o que estava sentindo por muito mais tempo. O peso da situação estava me esmagando, e cada dia que passava sem que as coisas melhorassem me deixava mais ansiosa. — É só... Eu não sei se podemos continuar assim. Sempre esperando pelo pior. Isso não é vida.

Ela cruzou os braços, uma expressão de desconforto tomando conta de seu rosto. — Maya, não podemos ignorar a realidade. Ashley e Michael ainda estão por aí. Precisamos estar preparadas.

— Preparadas? Para quê? — minha voz estava alta, carregada de frustração. — Estamos vivendo em um constante estado de alerta, e isso está me consumindo. O que estamos fazendo não é viver! É sobreviver!

Billie se afastou um pouco, como se minhas palavras a tivessem ferido. Eu não queria machucá-la, mas a pressão estava me deixando cada vez mais irritada. — O que você quer dizer com isso? Você acha que eu não estou fazendo o meu melhor para manter você segura?

Eu sabia que estava sendo dura, mas a verdade era que o medo e a raiva estavam se misturando em mim. — Proteger você mesma, talvez — desafiei, não conseguindo conter a amargura.

Ela se levantou, a indignação brilhando em seus olhos. — Você não pode simplesmente desvalorizar tudo o que eu faço por você! Cada passo que eu dou é pensando em você!

O silêncio caiu entre nós, pesado e sufocante, cortado apenas pelo som da chuva. Eu sentia o coração acelerar, uma tempestade interna se formando em mim. Era verdade, eu estava perdida. O medo de perder Billie me consumia, e isso estava me fazendo agir de maneira irracional.

Olhei para ela, e o desejo de entender sua dor e suas motivações começou a aflorar. — Billie, eu só quero que possamos encontrar um jeito de sermos felizes, sem esse peso constante.Ela me encarou, e eu pude ver que a raiva estava se dissipando, dando lugar à vulnerabilidade. A expressão dela era uma mistura de dor e confusão, como se estivesse tentando decifrar o que eu realmente queria dizer.

— Você acha que eu não quero isso também? — ela murmurou, a voz agora mais suave. — Eu estou fazendo tudo que posso para manter você segura, mas não posso controlar tudo.

A pressão estava insuportável, e, de repente, uma onda de náusea me atingiu. O estômago revirou, e, sem pensar duas vezes, levantei-me abruptamente. — Eu... Preciso ir ao banheiro! — gritei, antes de correr para o corredor.

Enquanto corria, ouvi Billie chamar meu nome, mas a urgência me consumia. Cheguei ao banheiro e, logo que a porta se fechou atrás de mim, me curvei sobre a pia. O que estava acontecendo? As emoções estavam tão intensas que parecia que eu estava prestes a explodir.Aguardei, esperando que a sensação passasse, mas a pressão só aumentava. Com um último esforço, deixei a ânsia escapar, a tensão do corpo se dissolvendo enquanto o choro e o vômito se misturavam em um ciclo de desespero.

Enquanto eu vomitava, a porta do banheiro se abriu rapidamente, e senti os braços de Billie me envolvendo por trás. Ela se posicionou de modo a me segurar com delicadeza, prendendo meu cabelo para que não ficasse em meu rosto.

— Calma, Baby, estou aqui — murmurou ela, sua voz suave e tranquilizadora, enquanto segurava meu cabelo e pressionava seu corpo contra o meu. O calor dela me acalmava, e em meio ao caos, aquela conexão me dava um pouco de alívio.

Senti a compaixão dela, e foi como se, mesmo no meu pior momento, eu não estivesse sozinha. O cheiro da água do banheiro misturado com a brisa úmida da chuva lá fora se tornava um cenário surreal. Billie estava ali, segurando-me firme, e isso me fez sentir que, mesmo em meio à tempestade, havia alguém que se importava.

Depois de alguns momentos, quando finalmente a náusea começou a passar, Billie continuou a me abraçar, suas mãos acariciando suavemente meu cabelo enquanto eu me recuperava. Eu poderia sentir seu coração batendo perto de mim, e a batida constante me lembrava de que estávamos juntas nessa luta.

— Você está bem? — ela perguntou, a preocupação evidente em sua voz.Eu não sabia se estava bem. Mas sabia que, pelo menos naquele instante, ter Billie ao meu lado fazia tudo parecer um pouco mais suportável. Afastei-me ligeiramente, limpando a boca com as costas da mão e tentando recuperar a compostura.

— Desculpe — murmurei, a vergonha inundando meu rosto. — Eu não queria que você visse isso.Ela sorriu suavemente, enxugando uma lágrima que escorreu pelo meu rosto. — Não precisa se desculpar. Isso é parte de quem você é, e eu estou aqui para te apoiar, não importa o que aconteça.

Depois de alguns momentos de silêncio, a realidade da situação começou a se assentar. Olhei para Billie, seus olhos brilhantes refletindo a luz suave do banheiro. Era como se, mesmo na escuridão, ela fosse meu guia. — Eu não quero que você se sinta culpada por me proteger — disse, tentando expressar o que estava sentindo. — Mas às vezes, eu só quero que possamos relaxar, sem ter que pensar em tudo isso.

Billie assentiu, sua expressão séria e determinada. — Eu quero isso também, Maya. Precisamos encontrar um equilíbrio. Não quero que você se sinta presa em um ciclo de medo e ansiedade.A chuva lá fora continuava a cair, mas agora parecia mais como um suave sussurro do que um rugido ameaçador. Eu me sentia mais leve, como se as palavras não ditas tivessem se dissipado junto com a tempestade. A conexão entre nós estava mais forte do que nunca.

— Vamos tentar, então — sugeri, um leve sorriso começando a se formar em meu rosto. — Vamos encontrar maneiras de nos sentirmos mais seguras e, ao mesmo tempo, viver nossas vidas.Billie sorriu de volta, sua expressão iluminando o ambiente escuro do banheiro. — Isso é tudo que eu quero, Maya. Vamos fazer isso juntas.

Enquanto eu me recuperava, ela me ajudou a levantar, segurando minha mão enquanto eu me apoiava na pia. Saímos do banheiro juntas, e quando cheguei ao sofá novamente, sentia que a conversa que antes parecia impossível agora era uma oportunidade para nos conectarmos ainda mais.

O calor da conexão que compartilhamos naquele dia, no meio da tempestade, era tudo que eu precisava para continuar a lutar. Eu sabia que, independentemente do que acontecesse, nós enfrentaríamos os desafios de mãos dadas.E assim, à medida que a chuva diminuía lá fora, uma nova esperança crescia dentro de mim, uma sensação de que, juntas, poderíamos enfrentar qualquer tempestade que a vida nos lançasse.
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o que rolou aqui? não sei.

Eu estava pensando em: My stalker NÃO deve acabar de um jeito Bom, simplesmente pra eu escrever "I hate that I still love you" (Nessa segunda fanfic elas são divorciadas e tem uma filha). Oq vcs acham?

My Dear Stalker - Billie Eilish| G!P (EM HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora