Entre Redes

Nunca deixe de ser você

Pov - Gabriela Guimarães

Depois de nós duas comermos me sento com ela no sofá, algo em mim dizia que eu tenho que perguntar sobre os cortes que vi em seu corpo ontem, mas fico com medo dela me achar muito enxerida, ou de ser um assunto complicado para ela - Gabis - escuro a doce voz dela e saiu de meus pensamentos- Está tudo bem? - pergunta ela com um tom de voz um pouco diferente, e como se ela estivesse preocupada- Se eu te perguntar uma coisa promete não ficar brava? - digo pra ela sempre saber se poderia entrar assim em sua intimidade, em algo que deve ser tão profundo para ela - Claro, que pode não se preocupe - diz ela e a fico olhando, parecia que eu estava tentando tomar coragem para fazer a pergunta para ela- Eu te ajudei ontem a tomar banho, e eu vi alguns corte em sua barriga - digo e vejo sua expressão mudando, era como se depois da minha pergunta ela estivesse rígida, com se aquele assunto para ela fosse o seu maior segredo - Bom.....e - diz para ela um pouco desajeitada, com se não sabia como tocar nesse assunto com outas pessoas - Em minha adolescência eu tive alguns problemas, eu tive bulimia e anorexia, eles não foram diagnosticados na época que tive, sofria Bullyng na escola por ser gorda, me odiava na época, era viciada em esportes para tentar emagrecer e assim que consegui os xingamentos e insultos dos meus colegas de classe não pararam, mas depois que fiquei mais velha e falei com a psicóloga ela me explicou oque era, e por conta de me achar cada vez mais gorda eu me cortava nos lugares do meu corpo que eu menos gostava, por isso os cortes estão na minha barriga e nas coxas, eram as partes que eu mais odiava em mim- escuto ela se abrindo comigo, como ninguém nunca tinha se aberto antes, não sabia oque dizer então apenas seguro uma de suas mãos e fico fazendo carrinho nelas com o meu polegar - Me desculpa - Digo para ela - Não tem problema uma hora ou outra você iria saber, isso tudo foi depois que eu a Cecília terminamos, descobri que ela tinha....... - vejo ela tentando dizer mas para por algum motivo ela trava no meio da frase - Olha, pode contar comigo mas não vou te forçar a falar nada que você não queira- digo ainda acariciando sua mão, tentando dar para ela pelo menos algum sinal de conforto- Não, eu tenho que te contar isso, ninguém sabe disso nem mesmo Ariel, bom eu e Cecília nos conhecemos online, ela era mais velha isso me deixar deslumbrada, pois eu era muito nova na época, nós ficamos juntas e ela tirou a minha virgindade, mas quando acordei no dia seguinte ouvi ela falando com uma amiga que ela tinha transado comigo por pena, por conta do meu peso - Escuto ela contando seu relato e cada palavra me faz odiar mais ainda a sua ex namorada, como ela pode fazer isso com alguém tão gentil e doce como a Vic.

- Depois disso fui embora e nunca mais a vi, fomos nos ver naquele restaurante, e você me ajudou e ela foi embora - diz ela e uma de minhas mãos sobem até o seu rosto o acariciando - e eu vou sempre estar aqui para te ajudar e estar ao seu lado - digo para ela e a vejo sorrindo boba, sua cabeça vai até a curva do meu pescoço colocando a sua cabeça em meu ombro - e como se eu tivesse tirado um peso das minhas costa sabe - diz ela e meus dedos vão até o seu cabelo fazendo um belo de um cafuné - Porque não contou isso para ninguém? - pergunto para ela, e vejo a curiosidade saindo das minhas palavras - bom eu fique com medo de todos me olharem com cara de dó, odeio isso, eu não preciso da dó de ninguém, antes de começar a trabalhar na Deabs como analista eu trabalhava como jovem aprendiz, tinha um salário muito inferior, minha chefes, elas saiam para comer em restaurantes caros e me chamavam e eu sempre leva marmita, e via a cara de dó delas, eu recebia R$ 15,00 por dia de alimentação, não dava nem para comprar um suco naquele lugar, hoje em dia eu recebo bem melhor, mas lembro na época de trabalhar em dois empregos para ajudar em casa - escuto ela dizendo em choque, como alguém tinha passado por isso e continuava feliz e alegre como ela - A minha vida nunca foi fácil, sou a irmã mais velha de 3, nasci na zona leste de São Paulo, vi muitas das amigas minhas passando dificuldade e indo para um caminho terrível , eu só tinha 20 anos, fiquei dois anos assim, limpei meu nome e terminei a faculdade falando inglês fluente e espanhol, agora recebo o triplo, mas lembro tinha dia que dormia no ônibus em pé mesmo - diz ela tudo que passou todos esses anos - Então tudo que eu tenho não foi sorte, foi muita luta, lembro que queria muito fazer musica na época, queria ser produtora - diz ela toda sorridente para mim, lembrando dos seus sonhos de infância - mais deixei isso de lado para ajudar a minha família - diz ela e fico em choque com todas as informações que ela tinha me dado - Posso te pedir uma coisa? - digo para ela - Claro o que é - pergunta ela curiosa - Nunca deixe de ser você - digo para ela beijando a sua testa.