(Isadora: mesmo indumento)
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ISADORA acha-se em seu quarto, sozinha. Está sentada na cama, meio alheia e quieta demais. Mas logo se levanta para tirar o vestido, num gesto hábil. Vai dobrando-o letargicamente, sem olhá-lo, então se lembra que ele deve ir para o cesto de roupas sujas, onde o joga de uma só vez. Depois, vai pôr os brincos retirados na gaveta do toucador. Num lance casual, acaba se olhando no espelho grandioso; sente-se embaraçada, de sorte que se cobre meio sem jeito, meio incapaz, à guisa de uma namorada virginal. E quase recua. Apesar de ainda ser vestida: sutiã e calcinha cujas cores despontam em parte no reflexo. Nota bene que em nenhum momento a moçoila consegue desviar os olhos do vidro, mesmo que ofusque a seminudez com as mãos. Na verdade, encara-se a si mesma vidradamente, como que atraída por não sei o quê. Desperta dessa hipnose quando lembra de engavetar os brincos, mas não sai de junto do toucador sem antes deixar de mergulhar uma olhadela no espelho. O que a faz ver bem o que tanto tentava esconder, isto é, o corpinho revestido de pouco. Meio aturdida, se enfia na toalha rosa que largou na cama e deita-se, logo após haurir da bolsinha que levou ao culto o seu celular. Após um tempo de digitações rápidas, susta observando algo na tela dele, que a faz fixar os olhos sofrida e perdidamente no que vê. Até que acantoa de súbito o telefone, saindo da cama quase dançando para apagar a luz, antes que pudesse destrancar a porta para passar para o banho.
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Eu Vou pro Inferno, e a Culpa É de Isadora Loredo
RomancePouco tempo depois da morte trágica do irmão, Isadora converte-se e passa a frequentar a igreja evangélica com os pais. O ambiente, porém, não se mostra tão acolhedor a ela como deveria, pois a sua presença passa a ser vista com olhos cheios de curi...