88 - Gabriel Girotto

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NARRADOR

Gabriel Girotto fechou a porta com força ao entrar em casa, os músculos de suas costas ainda tensos após o jogo. O Atlhetico Paranaense havia perdido para o time rival, um golpe que ele já esperava, mas que não doía menos por isso. O fato de que ela estava lá, pronta para tirar sarro, só piorava tudo.

S/N, a loira irritante que ele havia sido obrigado a suportar, estava sentada casualmente no sofá da sala, mexendo em seu celular. O sorriso presunçoso nos lábios dela, uma provocação não dita, o fez sentir o sangue ferver.

— Boa noite, campeão! — ela disse, sem sequer olhar para ele, a voz transbordando sarcasmo. — Como foi o jogo? Ah, espera... acho que já sei. — A mulher disse ao se levantar lentamente o rosto em direção ao atleta. O deboche escancarado em sua face.

Gabriel estreitou os olhos, tentando controlar seus impulsos. As veias saltando de seus braços. S/N sabia que ele estava arrasado, sabia o quanto ele odiava perder — especialmente para o time pelo qual ela torcia. Aquele mesmo, o que todo mundo odeia.

O contrato que os unia nessa farsa era, naquele momento, a última coisa em que o jogador pensava. Ele odiava aquela situação, ter que fingir que estavam juntos, só para aliviar a pressão da mídia e das fofocas que circulavam sobre sua vida pessoal, estava o tirando do sério. E como se não bastasse, o irmão dela, seu melhor amigo, havia parado de falar com ele quando descobriu sobre o namoro.

Mal dera tempo de dizer que era falso. E tampouco Gabriel podia fazer isso devido à cláusula de confidencialidade que ele mesmo instaurou. E que ela fez questão de lembrá-lo, uma vez que também tinha segredos à esconder de quem jurava que estava pagando uma faculdade para a irmã caçula, mas na real havia criado uma bandida que amava farra e tirar dinheiro de homens milionários e "zés bucetas".

Mas, também, como Gabriel iria saber que aquela maluca que estava falida lá no cú da Europa seria irmã de seu melhor amigo?

Se arrependimento matasse...

— Não é hora pra isso, S/N — ele rosnou, passando a mão pelos cabelos suados, a mandíbula tensa enquanto atravessava a sala. Ela já havia voltado os olhos para a tela. – Se quer provocar, faça isso em outro lugar. – Disse áspero.

No entanto ela gargalhou, finalmente afastando o celular e encarando-o com uma expressão travessa.

— Ah, Gabi... Você é tão fácil de irritar. Se jogasse com metade da raiva que demonstra agora, quem sabe o resultado fosse diferente. Pena que você, além de ser soca fofo, tem dó até da bola. — Ela sorriu sonsa, como se tivesse dito a coisa mais ingênua do mundo.

Aquilo foi o suficiente para quebrar qualquer resquício de controle que ele tinha. Gabriel deu um passo em direção a ela, os punhos cerrados, o peito subindo e descendo rápido. Ele a odiava. Odiava como ela parecia se divertir à custa dele, como sempre encontrava uma maneira de ir até o seu limite e tirá-lo do controle.

— Você não sabe quando parar, não é? — Ele disse entre dentes, se aproximando mais, até que a diferença de altura entre eles se tornasse evidente, e ele pudesse sentir o cheiro suave do perfume dela. — Eu falei pra calar a porra da boca, porra. — Ele disse entre os dentes, sufocado de sua própria ira.

S/N ergueu o rosto e se levantou, enfrentando-o de frente, a expressão desafiadora e petulante em seu rosto.

— E você não sabe como lidar com uma derrota. Talvez seja por isso que nunca vai conseguir ser mais do que um jogadorzinho medíocre. Seu máximo vai ser sair na gossip do dia depois de ter sido corno pra Deus e o mundo verem.

Imagines || Atletas ² [Extras]Onde histórias criam vida. Descubra agora