PRÓLOGO

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Por que, quando conhecemos alguém, já não sentimos aquela mesma intuição?

“Acho que vou me dar bem com essa pessoa.”

Ou, quem sabe:

“Ah, esse ser humano e eu jamais vamos nos entender.”

Jungkook, de sobrancelhas franzidas e mandíbula travada, pegou uma fita adesiva, a expressão refletindo pura irritação. Sem dizer uma palavra, ele abaixou-se e começou a passar a fita pelo chão do quarto, dividindo-o ao meio com gestos firmes e precisos. Cada movimento parecia uma tentativa de manter o controle — não apenas do espaço, mas de si mesmo. Ele não estava só bravo; estava à beira de explodir.

— Qualquer coisa que ultrapassar essa linha daqui em diante é minha. Entendeu? — Ele rosnou, sem olhar para Jimin. — Seu viadinho pervertido.

Jimin, sentado em sua cama, observava Jungkook com um sorriso sarcástico se formando nos lábios. Ele sabia que estava prestes a provocar ainda mais. Sem hesitar, e com aquele brilho malicioso no olhar, pegou o primeiro objeto ao alcance — um dildo — e o jogou diretamente no peito de Jungkook com precisão.

— Certo. Então isso aqui deve ser seu também.

Jungkook, surpreso com o impacto inesperado, piscou algumas vezes, tentando processar o que acabara de acontecer. Ele olhou para baixo, viu o objeto caído aos seus pés e, em um segundo, sua raiva atingiu um novo pico.

— O quê... — Ele pegou o dildo com uma expressão de puro desgosto. — Que porra é essa?! — Sua voz saiu rouca, quase trêmula de tanta raiva. Seu corpo todo tensionou, como se estivesse prestes a explodir de fúria. — Você tá brincando comigo?! Não vai pegar essa merda de volta?

Jimin mal conseguia segurar o riso. Ele se inclinou para trás, segurando a barriga enquanto gargalhava alto, lágrimas ameaçando cair de seus olhos.

— Como assim, coleguinha? — respondeu, o tom debochado evidente. — Pensei que até as coisas desse viadinho pervertido que passassem da linha fossem suas também. Esse é meu amado namorado de borracha, mas vou dar especialmente pra você. — Jimin disse, divertindo-se ainda mais ao ver a expressão de nojo e fúria estampada no rosto de Jungkook.

Jungkook recuou um passo, como se o objeto fosse algo tóxico.

— Você... seu louco desgraçado! — O rosto dele estava vermelho de raiva. — Você tá me dando esse negócio sujo que enfiou na bunda...

— Ah, será que eu limpei depois de usar ontem...? — Jimin respondeu, levando o dedo ao queixo como se estivesse genuinamente pensativo.

A expressão de Jungkook se contorceu ainda mais, e ele quase jogou o objeto de volta em Jimin.

— Seu louco... bastardo maluco... pega isso agora! — Jungkook gritou, sua voz ecoando no pequeno quarto.

No fundo de sua mente, algo clicou. Jimin pensou: Certo... se ele vai agir como um doido pra cima de mim, eu vou agir como doido também. A ideia de dar o troco de alguma forma começava a se formar, mas a raiva tornava difícil pensar claramente.

Enquanto Jungkook respirava fundo, tentando controlar a raiva, ele olhou em volta do quarto. As paredes brancas, o pequeno guarda-roupa no canto e as duas camas separadas pareciam apertar o ambiente. Tudo parecia conspirar para aumentar sua frustração. O ar estava tenso, carregado de hostilidade, e o cheiro leve de desinfetante barato pairava no ar, misturado ao perfume adocicado que Jimin usava. Isso só piorava a situação.

Jimin, ainda rindo, se deitou despreocupadamente em sua cama, cruzando os braços atrás da cabeça, os olhos brilhando de pura provocação.

Jungkook fechou os punhos com força, tentando conter o impulso de atirar o objeto de volta. Ele sabia que estava à beira de perder o controle. “Preciso sair daqui... agora”, pensou, respirando profundamente. “Ou vou acabar matando esse idiota”.


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