BORDER LINE

CAPÍTULO 7

Eu nunca me senti tão alegre. Saber que consegui afetar aquele homofóbico desgraçado de alguma maneira era simplesmente maravilhoso. Cada vez que eu o provocava e via a raiva borbulhando nele, era como uma pequena vitória. Isso vai me manter motivado por um bom tempo.

Comprei frango frito em uma loja de conveniência e já estava quase chegando na cafeteria do Yoongi. O cheiro do frango estava incrível, e eu já podia imaginar a cara de Taehyung quando ele visse a comida. Aquele cara amava comer.

— Hyungs, vamos comer frango! — Anunciei, entrando pela porta da cafeteria com um sorriso no rosto, sentindo-me o mais satisfeito possível.

Yoongi, do outro lado do balcão, olhou para mim com o cenho franzido.

— Por que você está usando meu café pra comer frango? — Ele perguntou, claramente irritado com o fato de eu transformar sua cafeteria em uma área de fast-food.

— Jimin, chegou? — A voz de Taehyung veio da cozinha, enquanto ele aparecia pela porta, parecendo animado.

— O expediente de hoje já acabou. E eu também tenho uma coisa pra falar. — Disse, caminhando até o balcão e colocando o frango em cima.

Yoongi suspirou, mas cedeu.

— Vou deixar passar porque é você, Park Jimin.

— Hã? — Perguntei, confuso. Não entendi exatamente o que ele quis dizer com aquilo.

Mas quando olhei melhor para Taehyung, meus olhos se arregalaram.

— O que foi, Tae hyung? Por que seus olhos estão assim? — Perguntei, surpreso ao ver o estado dele.

Taehyung riu, sem se importar muito com a situação.

— Ainda tá muito inchado? — Ele perguntou, tocando de leve o rosto. — Achei que estaria um pouco melhor do que de manhã.

Suspirei, já sabendo exatamente o que tinha acontecido. De novo? Pensei, frustrado.

— De novo?! Qual o problema com o seu gaydar, hyung? — Perguntei, sem acreditar que ele estava repetindo o mesmo erro.

— Eu sei... — Ele respondeu, meio envergonhado, mas aceitando a situação.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Yoongi se intrometeu, rindo de leve enquanto tirava o frango da sacola.

— Nem me fale. Ele fez um escândalo porque se apaixonou de novo por um hétero, e ontem foi completamente rejeitado. — Disse Yoongi, com o tom casual de quem já estava acostumado com as histórias de Taehyung.

Eu ri junto, balançando a cabeça. Taehyung sempre acabava se metendo nessas situações, mas, de alguma forma, ele sempre conseguia seguir em frente.

Era bom estar com meus amigos, esquecendo por um momento a confusão que era minha vida no dormitório.

— Eu vim porque estava animado... escolhi um momento errado? — Perguntei, observando a expressão de Taehyung e Yoongi.

— Não, que nada. — Tae disse, tentando tranquilizar.

Yoongi deu de ombros e se aproximou do balcão, com aquele tom casual de quem já tinha visto essa cena várias vezes.

— Sim, essa não é a primeira nem a segunda vez que ele é rejeitado... vamos pelo menos ouvir algo divertido. — Ele disse, provocando Taehyung.

— Quem é você pra falar, virjão? — Taehyung rebateu, dando um tapa no ombro de Yoongi, mas, como de costume, Yoongi não deu a mínima, nem se abalou.

— Cerveja ou soju? — Yoongi perguntou, já abrindo a geladeira, sem se incomodar com a provocação.

— Soju. — Tae respondeu quase de imediato.

— Cerveja! — Falei animado, levantando a mão com um sorriso no rosto. Eu precisava de algo pra aliviar o estresse, e uma cerveja parecia a escolha perfeita.

Depois de algumas garrafas e de termos devorado o frango frito, nos acomodamos ao redor da mesa, conversando sobre tudo e nada. Era bom estar ali, descontraído com eles.

— Então, você finalmente se confessou? — Tae perguntou, já um pouco mais solto, claramente aproveitando a bebida.

Eu ri, me lembrando de como meu colega de quarto tinha reagido.

— Sim, ele realmente odiou. — Respondi, rindo de novo ao lembrar da expressão de choque e raiva no rosto dele. — Se eu desistir um pouco da minha humanidade, não há nada que eu não possa fazer.

Tae se animou imediatamente, praticamente saltando da cadeira.

— É isso, o que tem de bom em ser humano?! — Ele disse, levantando os braços e falando com entusiasmo. — Desista, desista!

— Ahn, Taehyung, senta. — Yoongi puxou Tae pelo braço, rindo ao fazê-lo se sentar de novo. — Você fez o que fez, mas ele também não está certo. Dividir o quarto com uma fita? Ele tá o quê, no primário?

Eu não pude evitar de rir, lembrando da cena ridícula dele passando a fita no chão.

— Sim, isso não é muito infantil? — Concordei, bebendo mais um gole da minha cerveja. — Mas eu não perdi nada com isso, então deixei. — Acrescentei, dando de ombros. Afinal, se ele queria brincar de dividir o quarto como se estivéssemos no primário, que fosse. Eu só tinha mais motivos para rir dele.

— Sim. Não é como se você fosse se masturbar na cama dele de novo depois dessa cena toda. — Yoongi comentou com aquele tom despreocupado, enquanto enchia um copo com água para Taehyung.

Taehyung, no entanto, fez uma careta e sussurrou baixinho.

— Mas eu não quero água, quero Soju e cerveja...

Foi só nesse momento que as palavras de Yoongi realmente me atingiram. O que ele tinha acabado de dizer? Eu me virei para ele, o protesto já escapando dos meus lábios antes que eu pudesse me conter.

— Ei, não é isso! — Resmunguei, quase indignado. O tom de Yoongi era descontraído, mas aquilo me pegou de surpresa.

Yoongi me olhou com aquele sorriso provocativo de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

— O que é, então? — Ele perguntou, se divertindo às minhas custas.

Eu sorri, lembrando do que realmente tinha acontecido e da ideia que me veio naquele momento.

— O banheiro ficou do meu lado do quarto. — Respondi, quase rindo ao lembrar.