CAPÍTULO 13

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O motor do carro continuava ligado, o ronco suave preenchendo o silêncio enquanto eu encarava o vazio à minha frente. As palavras de Jimin daquela manhã ainda ecoavam na minha cabeça, como um som insistente que eu não conseguia ignorar.

"Você é realmente um lixo."

Eu aperto o volante, meus dedos ficando brancos pela força. Lixo? Isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. Nunca fui do tipo que se importa com o que os outros pensam, então por que isso, vindo dele, estava me afetando tanto?

"Nos seus sonhos."

Solto um suspiro frustrado. A maneira como ele disse aquilo, com tanto desprezo, ainda fazia meu sangue ferver. Nos seus sonhos, como se eu estivesse desesperado por ele. A verdade é que eu só fiz uma proposta que parecia boa para nós dois. Algo simples, sem complicações, e ele reagiu como se eu tivesse proposto algo ultrajante. Eu deveria estar rindo disso, deveria ter deixado pra lá. Mas não... aqui estou eu, remoendo cada detalhe.

"Nem por um milhão de dólares!"

Reviro os olhos ao lembrar disso. Nem por um milhão de dólares, ele gritou. Como se eu fosse o último cara com quem ele transaria. E a pior parte? É que, no fundo, eu sabia que ele estava tentando se afastar de algo que claramente também o afetou. Ele podia gritar o quanto quisesse, mas eu vi nos olhos dele naquela noite... ele queria. E agora ele estava negando, como se eu fosse o único errado nessa história.

Solto o volante e me encosto no banco do carro, esfregando o rosto com as mãos. Por que isso tá me incomodando tanto? Deveria ser fácil seguir em frente, ignorar isso e continuar com minha vida. Mas as palavras de Jimin, o jeito que ele me olhou, tudo aquilo ficou preso na minha mente de um jeito que eu não esperava.

Por que, de todas as pessoas, ele tinha que ficar na minha cabeça desse jeito?

Eu rio amargamente, balançando a cabeça. Lixo? Talvez eu tenha mesmo sido. Mas se ele achava que podia dizer essas coisas e sair ileso, ele não me conhecia tão bem quanto achava.

Solto o volante, esfregando o rosto, tentando me acalmar. Quando que ele vai achar alguém como eu? Ele pode fingir o quanto quiser, mas caras como eu não são fáceis de encontrar. Mas assim que abro os olhos e olho para frente, meu estômago dá um nó.

Ali, do outro lado da rua, está ele. Jimin. E ele está conversando com outro cara.

— Espera, é ele ali? — murmuro para mim mesmo, sentindo meu peito apertar enquanto observo a cena.

Quem é aquele cara perto dele? Me pergunto, franzindo a testa. Ele é feio pra caralho. Não consigo desviar o olhar. Jimin parece envolvido na conversa, rindo de algo que o outro disse.

Ele tá em um encontro?

— Não, isso não é possível. — Murmuro para mim mesmo, a incredulidade crescendo. Mas logo a frustração se mistura com outra coisa, algo que não quero admitir. E por que diabos eu me importaria com quem ele sai?

— Oh, eles estão indo. — Digo baixinho, percebendo o movimento dos dois.

Saio do carro lentamente, tentando não fazer barulho ou parecer suspeito. Não posso ser visto, ou ele vai entender que estou o espionando, e não estou com paciência para explicar nada. Caminho devagar até me aproximar do vidro da cafeteria. Posiciono-me de modo que consigo ver tudo perfeitamente, mas o melhor de tudo é que ele não consegue me ver.

Perfeito, penso, enquanto fico ali, observando cada detalhe, tentando entender o que está acontecendo.

Por que eu sei exatamente que ele escolheria uma cafeteria como essa? Penso, enquanto observo tudo pelo vidro. Meus olhos fixam-se em Jimin e no cara sentado à frente dele. Algo não parece certo, e logo percebo o que está acontecendo.

O cara tirou o sapato debaixo da mesa, e, com o pé, começou a subir lentamente pela canela de Jimin. A expressão de Jimin é uma mistura de surpresa e desconforto, mas ele não está recuando. Ele até ri, meio sem jeito.

Oh?

Oooooh?

Que porra é essa? Meu coração dispara. Lógico que é um encontro!!

Uau... inacreditável. Penso enquanto observo a cena pela janela, sentindo a raiva subir lentamente. Que tipo de cara faz uma coisa assim? O cara tá ali, tirando o sapato por debaixo da mesa, subindo com o pé pela canela de Jimin como se fosse uma coisa normal.

Ele me deu um pé na bunda... O pensamento me invade com força. Pra ir num encontro com um perdedor desses?!?!

Sem nem pensar, saio de onde estou e empurro a porta da cafeteria com força, entrando de uma vez. Minha presença imediatamente chama a atenção, mas meu foco está fixo neles.

Assim que Jimin se levanta, dou um passo à frente e, sem pensar muito, pego sua mochila antes que ele possa reagir. Ele leva um susto ao me ver, os olhos arregalados enquanto me encara, surpreso.

— Uau, que coincidência. — Digo, com um sorriso falso no rosto, tentando manter a voz leve apesar do que estou sentindo. — Não esperava te ver por aqui. Pra onde vocês estão indo?

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