CAPÍTULO 2

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Acordei com um estrondo tão alto que parecia que o mundo ia acabar. Levantei num pulo, com o coração acelerado e sem entender nada. 

— O-o que foi?! —  olhei em volta, meio zonzo, tentando processar o que estava acontecendo. Meus olhos correram pelo quarto escuro até encontrarem a figura do meu colega de quarto, que acabava de entrar no dormitório, calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo chegar em plena madrugada fazendo barulho.

— Parece que viu um fantasma. — ele deu uma risadinha.

Senti a raiva subindo pelo meu corpo. Ele sempre fazia isso. Olhei para o relógio no meu celular, ainda tonto de sono. 

— São quatro da manhã! — exclamei, frustrado. — Você não mora aqui sozinho! Se for chegar a essa hora, pelo menos não faça barulho!

Mas, como sempre, ele ignorou meu desabafo, tirando o casaco sem se incomodar. Seus movimentos eram lentos e despreocupados, e, para piorar minha irritação, ele começou a tirar a camisa, revelando o corpo musculoso e definido. Senti meu rosto esquentar, mas não era hora de me distrair com isso.

— Não foi uma vez ou duas, há quantos dias já faz isso?! - falei ainda sentindo meu sangue ferver de irritação.

— Coloque tampões de ouvido, — ele respondeu, seco, sem nem ao menos olhar na minha direção. O tom arrogante me fez perder as palavras. Fiquei ali, parado, tentando processar a audácia dele.

— Não, mas... o quê… — murmurei, completamente sem reação.

Depois de toda aquela confusão, eu finalmente consegui uma chance de me acalmar. Estava exausto, não apenas pelo horário absurdo, mas também por tentar entender esse novo colega de quarto tão estranho. Ainda ofegante, fechei os olhos por um segundo, tentando processar tudo. Quando finalmente senti que minha cabeça estava um pouco mais leve, abri os olhos novamente, mas fui interrompido.

Ele estava de costas, sem a camiseta, expondo a pele pálida e os músculos bem definidos. Meus olhos se arregalaram. Ele tirou a camisa como se fosse a coisa mais comum do mundo, e seu comportamento era incrivelmente casual, como se minha presença não significasse nada. 

Como ele consegue agir assim? 

Eu mal conseguia processar o que estava acontecendo, e ele estava ali, como se estivesse em sua própria casa.

— E por que você está falando informalmente comigo? — Eu questionei, tentando controlar a irritação, mas a verdade é que meu coração estava acelerado por um motivo totalmente diferente.

Ele virou-se para mim, exibindo um sorriso provocante. 

— Fale informalmente você também — disse ele, como se fosse um convite para que eu o tratasse como um amigo de longa data.

Eu pisquei, confuso, sem saber como reagir. 

Qual é a desse cara? 

Em que momento eu concordei com isso?

Era quase impossível não notar o contraste entre nós. 

Relógios caros, perfumes que pareciam ter saído de um catálogo de luxo... Tudo brilhava como se fosse novo, como se ele cuidasse desses objetos mais do que qualquer outra coisa.

“Já dá para saber que tipo de pessoa ele é", pensei.

Era irritante. 

Por mais que eu tentasse encontrar uma atitude de respeito ou consideração, qualquer coisa que mostrasse que ele entendia o conceito de dividir o espaço com outra pessoa, eu não conseguia ver. Tudo nele gritava indiferença. Ele vivia nesse quarto como se estivesse sozinho.

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