CAPÍTULO 6

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Eu caminhava tranquilamente pelo corredor do dormitório, indo em direção ao meu quarto. A melodia que eu estava cantarolando era suave, e na minha cabeça, soava perfeita. Uma mão estava enfiada no bolso da calça, como de costume, enquanto o casaco pendia preguiçosamente no meu outro braço. Sinceramente, não pensei que ia fazer tanto calor hoje. Devia ter deixado o casaco no armário.

Conforme me aproximava do quarto, a imagem irritante do meu colega de quarto, invadiu minha mente, sem aviso.

Maldito viadinho, pensei, apertando um pouco mais o passo. Vê-lo irritado ultimamente tinha se tornado, surpreendentemente, uma das poucas diversões que eu tinha. Ele ficava tão vermelho de raiva, tão indignado... era cômico.

Tem valido a pena provocá-lo, admiti para mim mesmo, um sorriso torto surgindo no meu rosto. A cada provocação, parecia que ele ficava mais perto de explodir. Se eu continuar pressionando, mais cedo ou mais tarde ele vai ceder. Ele vai ter que se mandar daqui. Era só uma questão de tempo.

Com esse pensamento em mente, parei em frente à porta do quarto. Segurei a maçaneta e, por um breve segundo, imaginei como ele reagiria à minha próxima provocação. Talvez o fizesse perder a paciência de vez.

Abri a porta com um sorriso satisfeito, já planejando o próximo golpe.

Mas eu não estava nem de longe preparado para o que estava por vir.

Assim que abri a porta, fui recebido por uma voz que me fez parar no mesmo instante.

— Chegou? — A voz dele parecia... diferente.

Meu colega de quarto estava parado bem no meio do quarto, com um sorriso tão grande que parecia quase assustador, de orelha a orelha. Algo estava definitivamente errado. Eu franzi o cenho, desconfiado, tentando entender o que diabos estava acontecendo.

— Que isso, por que você... — comecei a perguntar, mas antes que eu pudesse terminar a frase, ele me interrompeu.

— Eu finalmente percebi! — Ele disse, como se tivesse acabado de fazer a maior descoberta de sua vida.

Eu fiquei parado, completamente confuso, sem entender nada. Ele só pode estar ficando maluco, pensei, dando um passo para trás, desconfiado. O que estava acontecendo com ele?

E então, como se a situação já não fosse estranha o suficiente, meus olhos quase saíram do meu crânio quando, de repente, ele veio correndo na minha direção. Antes que eu pudesse reagir, ele me envolveu em um abraço apertado.

— Coleguinha — ele disse, a voz cheia de um entusiasmo que beirava o assustador. — Eu gosto de você.

Fiquei congelado no lugar, os braços ao lado do corpo, sem saber se empurrava ele ou simplesmente fugia. Que merda tá acontecendo aqui?!

— Não, estou apaixonado por você! — Ele continuou, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Senti meu corpo reagir de imediato. Empurrei ele para longe, mantendo-o a uma distância segura.

— Você enlouqueceu de vez? O que foi isso de repente? — Gritei, completamente atordoado, batendo a porta com força atrás de mim. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. O que deu nele?

Mas ele parecia estar completamente em seu próprio mundo. Com um ar dramático, ele se ajoelhou em cima da minha cama, como se estivesse encenando uma peça de teatro.

— Ah, passamos tantas noites juntos, como pode dizer uma coisa dessas? — Ele disse com uma expressão exagerada, a mão no peito, fazendo drama.

Na minha cama!

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