CAPÍTULO 14

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Eu realmente não devia ter deslizado para a direita...

Dizem que usar aplicativos e sites de relacionamentos é como tentar a sorte, mas hoje estava claro que a minha sorte havia sido péssima. As fotos dele pareciam boas, e a conversa fluiu, ao menos eu pensei que ia ser tranquilo. Mas assim que nos encontramos, percebi o erro.

— Você é o Chimmy1010? — ele perguntou, parado em frente à cafeteria, sorrindo de orelha a orelha.

— Ah, sim... sou eu. — Respondi, tentando ser educado.

— Uau! Você é ainda mais fofo pessoalmente. — Ele disse com entusiasmo, mas, de repente, algo me atingiu.

Espera aí... que fedor é esse? Minha mente parou por um segundo, e então, a verdade se revelou. Isso é... o bafo desse cara?!

Minha expressão vacilou levemente enquanto ele continuava a falar, completamente alheio ao desconforto que eu estava sentindo. Tento não demonstrar muito, mas a situação estava se tornando pior a cada segundo.

— Que tal irmos na cafeteria primeiro? — Ele sugeriu com um sorriso, e tudo que eu podia pensar era: O que eu tô fazendo aqui?

Quando percebi, eu já estava dentro da cafeteria, sentado de frente para ele. Eca... não! Eu não posso fazer isso com esse cara! Era o que minha consciência gritava repetidamente, mas, por fora, eu estava sorrindo, tentando manter a aparência de que tudo estava bem.

Ele falava animado sobre algo que eu mal conseguia prestar atenção. Tudo o que meu cérebro conseguia focar era no desconforto crescente e no cheiro desagradável que vinha toda vez que ele falava. Como é que eu me meti nisso?

Por dentro, eu estava me corroendo, mas por fora, só conseguia dar sorrisos automáticos.

— Hum? Então você foi dispensado do exército e agora está morando em um dormitório? — Ele perguntou, ainda com aquele sorriso insistente.

— Isso, estou... — Respondi automaticamente, minha mente já em outro lugar, pensando em como sair dessa situação.

— Morar com outras pessoas não é desconfortável? — Ele continuou, tentando manter a conversa leve.

— Sim, mas é necessário. — Respondi, sem muita emoção. Ah... o que eu faço?

— Aah, poxa, eu pensei que você morasse sozinho... que pena. — Ele disse com um tom levemente decepcionado, como se já tivesse planejado algo diferente na cabeça.

Eu preciso inventar uma desculpa para sair daqui... Minha mente já começava a bolar um plano, qualquer coisa que pudesse me tirar dessa situação.

Mas então, sou tirado dos meus pensamentos de fuga quando sinto algo quente e úmido subindo pela minha canela. O quê...?! Olho para baixo, perplexo, e percebo que é o pé dele.

Gaah!!! Meu coração deu um salto no peito. Espera, por que a meia dele tá quente?! E... tá toda úmida! Uma onda de nojo subiu pela minha espinha.

Sai de perto de mim!!

Sacudi meu pé levemente, tentando me afastar sem fazer alarde, tentando manter uma expressão neutra.

— Acho que já conversamos o suficiente. Quer sair daqui? — Ele perguntou com aquele sorriso, aparentemente sem notar meu desconforto.

— Ah... — Me levantei de forma abrupta, tentando fugir da situação. — Não, eu... realmente tenho...

Antes que pudesse completar a frase, minha mochila foi retirada das minhas mãos de repente.

— Uau, que coincidência. Não esperava te ver por aqui. — A voz familiar fez meu coração acelerar. Virei-me para encarar meu colega de quarto, seu olhar cravado em mim com um sorriso quase irritante. — Pra onde vocês estão indo?

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