- Temos que parar de nos encontrar assim – disse Becky, saindo da floricultura e vendo que Freen estava encostada na janela, olhando para seu celular. – Espero que você tenha vindo me procurar e não que esteja aqui esperando um camelo ou algo assim.
– Uau, adeus ao meu local de comércio secreto – disse Freen, com uma cara sombria. – Agora terei que procurar outros vícios.
– Talvez eu possa te ajudar com isso – Becky sorriu. Freen caiu um pouco no vidro enquanto tentava se sentar. – Você já experimentou batatas fritas com calda de açúcar?
– O quê? – Freen certamente não esperava essa pergunta.
– É um dos meus vícios confessáveis.
– Bem, não quero saber como serão os indizíveis.
Becky encolheu os ombros com uma inocência claramente fingida e sorriu amplamente para Freen, que estava começando a derreter contra o vidro.
– Então me diga, que droga posso te vender? – Becky perguntou. Freen riu.
– Bom, qualquer uma que me fizesse perder a vergonha de vir te perguntar isso, sinceramente – ela disse, olhando para o chão enquanto balançava os braços nas laterais do corpo.
– Que tal ir buscar os materiais? Eu acho ótimo.
– Mas como você sabe? – Becky realmente conseguia ler mentes. Não houve outra explicação.
– Irin me contou.
– Irin? Você falou com a Irin? – Freen sabia que ela estava tendo uma conversa incoerente novamente. Com o quão bem suas últimas conversas com Becky haviam corrido, agora parecia que ela havia voltado à estaca zero.
– Sim, Freen, com Irin – Becky sorriu. – Você está bem?
- Sim, sim, claro, está tudo bem – ela se sentou – Eu não sabia que Irin tinha seu número de telefone. - Será que Becky seria o tipo de Irin? Ela sentiu um arrepio na espinha e moveu a cabeça rapidamente de um lado para o outro para jogá-lo fora.
– Ela não tem, não – respondeu Becky, observando com grande curiosidade a linguagem não verbal de Freen. Ela estava com ciúmes? – Parece que meu pombo-correio a encontrou.
Becky tentou fazê-la rir com o comentário do pombo, mas Freen ficou definitivamente chateada pelo fato de que, de repente, Irin apareceu na equação sem que ela soubesse de sua existência no universo de Becky.
– Falei com ela ontem à noite sobre a conta da livraria porque estavam pedindo voluntários para trabalhar no Festival de Arte – ela finalmente disse. – Ela ficou muito feliz por eu querer participar e me disse que neste final de semana você iria buscar os materiais para a montagem e que você poderia usar um par de mãos para carregar e descarregar.
– Oh, sim. Que. Claro. O festival, é isso, sim. – O olhar de Freen ficou desfocado.
– Freen, hein. – Becky deu alguns passos mais perto, mas Freen se moveu para o lado. – Escuta, se você não quiser, posso dizer a Irin que não vou, está tudo bem.
– Não, não. Não se preocupe. Sempre podemos usar ajuda para essas coisas. Suponho que Irin lhe contou, mas nos encontraremos na livraria amanhã às nove e meia para sair. Passaremos a noite ao ar livre. Peço que você prepare uma mochila. Uma mala. Uma bolsa. Nossa, não sei onde você costuma carregar suas coisas.
– Freen…
– Até amanhã, então – disse ela, virando-se. – Boa noite, Becky.
– Boa noite – Becky murmurou, mas Freen se afastou tão rapidamente que não a ouviu.