Jade

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Lúcifer acordou com uma dor insuportável, como se sua cabeça tivesse sido golpeada repetidamente. Seus olhos piscavam rápido, ajustando-se à luz suave que entrava pelas cortinas semiabertas. Ele olhou ao redor, perplexo. Os lençóis da cama estavam manchados de sangue, um vermelho profundo mesclado com tons dourados. Seu coração disparou. Onde estava Alastor? Ele deveria estar ali, ao seu lado.

Cambaleando, Lúcifer se levantou da cama, ignorando completamente o fato de estar nu. Seus cascos descalços encontraram o chão frio enquanto ele olhava freneticamente ao redor. Foi então que ouviu o som de água corrente vindo do banheiro. Sem pensar, correu até a porta e a abriu com força.

Lá estava Alastor, de costas para ele, embaixo do chuveiro. A água descia pelo corpo do demônio, misturando-se com o sangue que escorria de profundas arranhaduras nas suas costas.

— Alastor… — A voz de Lúcifer saiu rouca, quase inaudível, mas carregada de pânico.

Alastor não respondeu. Seus olhos estavam perdidos, fixos em algum ponto invisível à sua frente, como se estivesse longe dali, em outra dimensão de pensamento e dor.

Lúcifer se aproximou, o coração pesado. O que havia acontecido? Ele passou a mão pelo próprio rosto, tentando se lembrar da noite anterior, mas tudo estava em branco. Um vazio doloroso se formava em sua mente, preenchido apenas pela culpa crescente. Aproximando-se mais, colocou a mão no ombro de Alastor.

— O que aconteceu? — perguntou Lúcifer, sua voz carregada de desespero.

Alastor permaneceu em silêncio por um momento, o som da água preenchendo o espaço entre eles. Finalmente, com uma voz baixa e distante, ele respondeu:

— Não se preocupe com isso.

Lúcifer fechou os olhos por um instante, a verdade o atingindo como uma lâmina afiada. Ele havia feito aquilo. As marcas no corpo de Alastor eram sua responsabilidade, mas o motivo, o que o levou a machucar quem ele amava… Ele simplesmente não conseguia se lembrar.

Sentindo um peso insuportável no peito, Lúcifer começou a conjurar sua magia de cura, com as mãos trêmulas, deslizando-as sobre as costas feridas de Alastor. A luz dourada emanava de seus dedos, lentamente fechando os cortes.

— Se isso acontecer de novo… — começou ele, sua voz quase falhando — Se eu fizer isso de novo, Alastor, eu quero que você me bata. Não importa o que aconteça, me pare.

Alastor balançou a cabeça, um pequeno sorriso triste se formando em seus lábios.

— Não é nada, Lúcifer. Isso realmente não é nada. Você não precisa se preocupar.

Lúcifer parou o que estava fazendo, apertando os punhos ao lado do corpo, a dor emocional transbordando de dentro dele.

— Não! — gritou ele, virando-se para encarar Alastor. — É algo sim! Eu te machuquei! Eu… eu…

Sem pensar, Lúcifer começou a se bater, socando o próprio peito e rosto, tentando de alguma forma punir a si mesmo, como se isso fosse aliviar a culpa que o consumia.

— Se eu não consigo me controlar, então mereço isso! — bradou ele, com lágrimas ameaçando surgir em seus olhos.

Alastor rapidamente se virou, segurando os pulsos de Lúcifer, impedindo-o de continuar.

— Pare com isso! — disse Alastor, com firmeza, sua expressão finalmente voltando à normalidade. — Isso não vai ajudar. Você não precisa se punir por algo que… — Ele hesitou por um segundo, como se as palavras fossem pesadas demais — …que você não consegue controlar.

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