Sereio com 200 metros de altura

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Diego Souza

10/02/24 - Minas Gerais

Depois de toda aquela confusão, e com Oliver quase descendo o morro rolando ao nos ver dentro da lagoa e correr para se juntar, acabaram que todos se juntaram a nós. A situação rapidamente se transformou numa verdadeira guerra aquática quando Léo se enfiou por debaixo das minhas pernas e me colocou em seus ombros. Owen fez o mesmo com Benji, e Oliver luta para subiu nas costas de Ivy, que não queria de forma alguma, o que deu início a uma briga de galo, com risadas e gritos, enquanto Maximilian e Duncan observavam tudo de longe.

Estava me sentindo uma criança de novo.

Mas não dei muita atenção ao caos na lagoa e fui me juntar às três múmias para ajudar a terminar o almoço. Depois de tudo pronto, nos reunimos em torno da grande mesa de madeira para comer. No fundo, tudo que eu queria era jogar um colchão na varanda e me esticar ali. E foi exatamente o que fiz: tirei a camisa molhada e me joguei no colchão, deixando o corpo relaxar.

Só que o descanso não durou muito. Logo todos resolveram seguir minha ideia e se amontoaram na varanda também, formando uma roda para jogar Uno. O barulho das risadas e das cartas batendo na mesa foi tirando meu sossego.

Maximilian, no entanto, não se juntou a nós. Ele desceu de novo para a área dos bois, provavelmente atrás do cachorro, talvez para brincar com ele. Eu conseguia vê-lo de longe, sua figura destacada pela camisa azul escura e a bermuda de tactel. Ele era o único que tinha tomado banho depois da lagoa.

Deitado no colchão da varanda, deixei meu olhar vagar até Maximilian. Ele estava lá embaixo, brincando com o cachorro, distraído. Era impossível não notar o quanto ele parecia à vontade, o que me irritava um pouco. Ele tinha aquele jeito... Sempre tão composto, mesmo em momentos simples. A camisa destacava seus ombros largos, e a bermuda deixava suas pernas musculosas expostas, como se até para brincar com um cachorro ele precisasse parecer perfeito.

Eu odiava isso nele. Esse ar de superioridade, como se não precisasse fazer esforço algum para ser... Ele. E ao mesmo tempo, não conseguia parar de admirar a cena, o jeito como ele ria, como se estivesse alheio ao mundo, apenas se divertindo com o cachorro.

Provavelmente ele estava pensando na Tequila, sua cachorra. Aquele jeito carinhoso que ele tinha de lidar com animais era sempre tão inesperado vindo de alguém tão frio com pessoas. Uma parte de mim ficava se perguntando se ele sentia falta dela, se aquele cachorro estava servindo como um substituto temporário. Talvez fosse isso que o deixava tão solto agora.

Mas eu detestava a forma como ele conseguia ser tudo isso ao mesmo tempo: distante e presente, irritante e... de certa forma, irresistível.

Detestável.

Acabei dormindo ali mesmo, no meio da confusão. Os gritos e risadas ecoavam ao meu redor, com meu pai pacientemente traduzindo para Léo o que os outros diziam. Oliver e Ivy estavam travados em uma competição silenciosa de bloqueios, cada um determinado a ser o mais irritante. Duncan, por outro lado, parecia perdido, tentando entender as regras do jogo, já que era sua primeira vez jogando. Gavin, claro, estava concentrado, jogando com a mesma seriedade que se fecharia um contrato, enquanto tia Eliza, Owen e Benji formaram uma aliança, conspirando contra o restante da turma para garantir a vitória.

Acordei com um peso inesperado em cima de mim. Ivy, com o cabelo ainda molhado, deslizava os fios contra minha pele enquanto se jogava em mim, com cheiro de cabelo lavado, me abraçando apertado. Ela estava usando uma blusa mais grossa do que antes, parecendo se preparar para o clima que esfriava conforme o sol começava a se pôr. Ao lado dela, Oliver também já tinha trocado de roupa, usando algo mais aconchegante.

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