Aguentou muito e ainda foi simpático!

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Diego Souza

12/02/24 – Los Angeles

Tudo que é bom dura pouco, e quando se trata de trabalhar para um cara cuja experiência de vida se resume a odiar seres humanos e trabalhar, dura menos ainda.

No domingo, aproveitamos ao máximo o restante do dia na roça. Entramos na lagoa, e minha tia fez questão de que todos experimentassem o famoso frango caipira com quiabo e angu, preparado no fogão à lenha. Foi uma refeição simples, mas que trouxe aquele gostinho de aconchego que só se encontra na casa de família.

À noite, já estávamos todos de volta a Belo Horizonte, prontos para retornar para casa. Fizemos uma breve parada na cidade para que Maximilian pudesse se encontrar com o prefeito e deixar o carro com ele. Logo depois, nos dividimos em táxis para seguir nossos caminhos.

Foi com muito pesar que me despedi da Tia Eliza. Minha nova missão era trazê-la para nos visitar em Los Angeles este ano. Convencê-la a morar conosco seria impossível, mas uma visita parecia um objetivo mais realista. Mesmo sabendo que ela teria um ataque de nervos só de pensar na viagem, a ideia de mostrá-la um pedacinho do meu mundo me animava.

Ao desembarcar, parecia que o ar de Los Angeles era mais frio, mais pesado. A energia da roça, com o calor acolhedor da Tia Eliza e o cheiro reconfortante de frango caipira, ficaram enterrados em algum lugar do caminho. Aqui, tudo era concreto e compromissos. O conforto já parecia distante demais.

No caminho para casa, enquanto observava as ruas pela janela do táxi, eu pensava no quanto tudo isso parecia um contraste gritante. Oliver, sentado ao meu lado parecia meio avoado, mas apertava minha mão vez ou outra, como se soubesse exatamente o que estava passando pela minha cabeça. Ele não dizia nada, mas seu gesto era o suficiente para me manter ancorado.

Chegando ao apartamento, a única coisa que eu queria era me jogar debaixo do chuveiro e dormir até o final da semana. No entanto, mal tive tempo de largar as malas no quarto quando meu telefone vibrou. A notificação que apareceu na tela fez um arrepio subir pela minha espinha - eu já imaginava o que vinha pela frente.

Senhor Arrogância:

6:00 na minha casa. Você vai dirigir.

Revirei os olhos, e sem pensar, digitei uma resposta imediata.

Diego:
E o chicote, eu levo ou já tem um disponível aí?

Antes que pudesse me arrepender, apaguei a mensagem e respondi de forma seca.

Certo.

Soltei um suspiro longo. Isso já era quase uma coreografia: escolher os ternos, levá-lo à empresa, aguentar seus comentários ácidos como se fossem parte do pacote. Era um ciclo que parecia inescapável, como se Maximilian tivesse me prendido em sua órbita e não houvesse escapatória. Parte de mim, talvez, ainda gostava de girar ao redor de seu caos.

Falta pouco para isso acabar.

Enquanto eu tentava processar o que precisava organizar para voltar a trabalhar amanhã, me distraindo ao organizar minhas coisas no quarto, Oliver irrompeu porta adentro, se jogando em cima das roupas que eu estava dobrando.

- Você não vai acreditar! — Ele disse, com um sorriso travesso. — Estamos nos sites de fofoca... de novo, por causa do Max!

Suspirei, já imaginando que algo assim iria acontecer, já que por causa de toda a visibilidade de Max que era praticamente uma celebridade que até fãs tinha, ser secretário dele  era quase um convite para ser uma subcelebridade sem querer.

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⏰ Última atualização: Oct 15 ⏰

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