Uma maldição cósmica

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Diego Souza

09/02/24 - Minas Gerais

Pensar sobre o que fazer pelo resto da vida aos 29 anos pode parecer coisa de gente ansiosa, mas o que fazer quando o tempo passa e você ainda não tem ideia do que fazer com ele? São muitos "e se" para digerir. Estar tão próximo dos 30 e perceber que as conquistas que aquele garoto de 13 anos sonhava ainda não se realizaram pode ser desanimador. Ainda assim, não vivi o bastante para acreditar que, mesmo chegando aos 30, é preciso correr tanto contra o tempo. E se o amanhã não vier? Que eu tenha vivido o suficiente para que, no fim, o que eu tenha feito até agora seja o bastante.

Mas sinceramente, sempre achei que estava pensando em respostas para coisas que nunca sequer foram perguntas.

É como se eu estivesse me preparando para diálogos que nunca aconteceram, criando cenários na minha cabeça onde eu poderia finalmente usar essas respostas que, no fundo, talvez nunca importem. É estranho, essa ansiedade silenciosa que me acompanha, como se houvesse uma expectativa invisível pairando sobre mim, esperando que eu faça algo grande, algo significativo.

Mas quanto mais eu penso sobre isso, mais percebo que talvez a vida não seja sobre ter todas as respostas prontas, e sim sobre aceitar o fato de que algumas perguntas nunca precisarão ser respondidas. E isso, de certa forma, é libertador.

Mas por que diabos eu estou pensando nisso às sete da manhã de uma sexta-feira?!

De todos os horários possíveis para uma crise existencial, meu cérebro escolhe esse? Eu estava deitado, encarando o teto como se ele tivesse as respostas para as grandes questões da vida. Meu pai já estava de pé, cheio de energia, enquanto eu mal conseguia reunir forças para sair da cama. Nem para correr pela manhã eu me animei hoje.

Sinceramente, eu adoro meu aniversário, mas ele precisa mesmo acontecer todo ano? Dá pra pular um ou dois, só para dar uma folga?

Mal terminei esse pensamento quando, de repente, um estouro ecoou pelo quarto, e uma chuva de confetes caiu sobre mim.

Senti meu coração parar por uns dois segundos.

- PARABÉNS PRA VOCÊ! – meu pai berrava com um entusiasmo digno de uma escola de samba no auge do carnaval, enquanto eu, ainda meio zonzo de sono, me sentava na cama, rindo sem acreditar no que estava acontecendo.

Lá estava ele, segurando um bolo enorme e quadrado, exatamente como os que minha avó fazia quando eu era criança. A nostalgia bateu forte, mas meu cérebro ainda estava lutando para sair da neblina do sono.

Atrás dele, minha tia estava toda animada, cantando e batendo palmas com a energia de quem já tomou três xícaras de café, enquanto os outros tentavam acompanhar a música em português. Oliver estava claramente fazendo mais barulho do que realmente sabia o que estava cantando, mas isso não o impedia de dar o seu melhor.

Maximilian, por outro lado, encostado na porta, parecia alheio a toda a comoção. Ele apenas batia palmas de forma ritmada, com a expressão de quem estava ali por pura formalidade.

- FELIZ ANIVERSÁRIO! – Oliver berrou de repente, e antes que eu pudesse sequer processar, ele se jogou em cima de mim, sacudindo meus braços como se eu fosse um boneco de pano.

- Caralho, Oliver! – soltei, tentando me equilibrar enquanto ele quase me jogava da cama.

Mas antes que eu pudesse me livrar dele, Ivy, Owen, e Benji decidiram que era uma boa ideia se juntar à bagunça. Eles se lançaram em cima de mim como uma onda de caos, e de repente eu estava afundado num mar de gente, rindo e tentando afastar aquela avalanche de corpos.

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