Tulipas

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Nos dias seguintes, a atmosfera ao meu redor parecia mais carregada do que o normal. As interações com Suguru e Satoru tornaram-se cada vez mais tensas, e eu me via lutando para manter a normalidade nas minhas atividades diárias. Apesar das tentativas de evitar o confronto, as interações esporádicas e os olhares discretos se tornaram um constante lembrete das questões não resolvidas.

Certa manhã, enquanto estava no refeitório da escola, tentava comer algo com a cabeça cheia de pensamentos conflitantes. O lugar estava cheio de alunos, e eu estava ansiosa para escapar da pressão de ser observada. Fiquei aliviada ao ver Shoko se aproximar.

"Ei, você parece um pouco fora de sintonia hoje," ela comentou, puxando uma cadeira para se sentar ao meu lado. "Aconteceu alguma coisa?"

"É só uma fase ruim," respondi, forçando um sorriso. "Nada de mais."

Shoko parecia não acreditar muito na minha resposta, mas não insistiu. "Bom, se precisar de um desabafo ou algo assim, estou aqui. Você sabe que pode contar comigo."

"Obrigada, Shoko," eu disse sinceramente, embora a presença de Suguru e Satoru pairasse na minha mente. "Eu só... preciso de um tempo para resolver algumas coisas."

Enquanto conversávamos, percebi uma figura familiar se aproximando do refeitório. Suguru estava lá, em uma mesa com Satoru, ambos pareciam envoltos em uma discussão que eu não conseguia ouvir claramente. A tensão entre nós parecia palpável, mesmo à distância.

"O que há de novo com você e o Suguru?" Shoko perguntou, notando meu olhar distraído.

"Nada que eu queira discutir agora," respondi, tentando desviar o foco da conversa.

"Você não pode simplesmente ignorar o que está acontecendo," ela disse com uma nota de preocupação. "Isso não vai resolver as coisas, só vai aumentar a tensão."

Sabia que ela estava certa, mas a última coisa que eu queria era enfrentar a situação diretamente. Apenas desejava que as coisas pudessem voltar ao normal, sem mais complicações. Mas, como eu já sabia, isso não iria acontecer tão cedo.

Mais tarde naquele dia, enquanto passava pelos corredores, me deparei com Suguru. Ele estava sozinho, encostado em uma parede, observando as pessoas passarem. O olhar dele se fixou em mim quando me aproximava, e eu senti uma mistura de nervosismo e resistência.

"Precisamos conversar," ele disse, com um tom que não deixava espaço para discussões.

Eu hesitei, mas sabia que fugir não era mais uma opção. "Sobre o quê?"

"Sobre o que aconteceu entre nós," ele respondeu, sua voz séria e firme. "E sobre o que está acontecendo agora."

Eu me forcei a manter a calma. "Eu não quero discutir isso aqui."

"Não é sobre o lugar, é sobre o que está acontecendo com nós dois," Suguru insistiu, com um olhar que misturava frustração e um tipo de vulnerabilidade que eu raramente via nele. "Eu sei que você está evitando isso, e eu estou tentando entender o motivo."

Olhei para ele, tentando ler suas intenções. "Eu só... não sei se quero entrar em mais discussões agora. Sinto que precisamos de um tempo para resolver as coisas."

"Eu entendo que você esteja cansada," ele disse, a raiva em sua voz diminuindo um pouco. "Mas eu não posso continuar assim, sem saber o que você está pensando, sem saber como podemos resolver isso."

Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. "Suguru, eu realmente não sei como lidar com isso agora. Só quero que as coisas voltem a ser como eram antes. Não quero mais conflitos."

Entre Olhares e Mistérios - Suguru GetoOnde histórias criam vida. Descubra agora