PRÓLOGO

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2019

Quando Josh sai do banheiro, ela está acordada, folheando uma revista de viagens que estava ao lado da cama. Seus cabelos castanhos claros estão despenteados de um jeito que o faz lembrar da noite anterior.

Ele fica parado enquanto enxuga o próprio cabelo com uma toalha.

Ela levanta os olhos da revista e faz um beicinho. É um pouco infantil, mas eles estão juntos há pouco tempo e, por enquanto, ainda é bonitinho do ponto de vista deles.

— A gente precisa mesmo fazer algo que envolva escalar montanhas? É a primeira vez que vamos tirar férias juntos e não tem uma única viagem nessas revistas que não envolva se atirar de algum lugar ou — ela finge tremer de frio — Usar casacos!

Ela joga a revista na cama e estica os braços bronzeados acima da cabeça. A voz está rouca, prova de que dormiram pouco.

— Que tal um spa de luxo em Madri? Poderíamos ficar deitados na areia....ter noite longas e relaxantes.

— Não posso ter esse tipo de férias. Preciso de atividade...

— Como se jogar de aviões e montanhas?

— Não critique até que tenha experimentado.

Ela começou a ficar um pouco irritada. Ele terminou de se arrumar e verificou a lista de recados no celular, que chegaram imediatamente.

— Bom, preciso ir — disse ele — Pedi para prepararem o seu café da manhã.— Inclina-se sobre a cama para beijá-la.

— Podemos viajar nesta semana? — ela perguntou, enquanto o abraçava pelo pescoço.

— Não posso te dar essa resposta, depende muito do que acontecer na reunião de hoje. Talvez eu tenha que ir para Milão — ele se afastou dos braços dela— Mas podemos jantar. Você escolhe o restaurante.

— Jantar com o meu namorado ou com o Sr. Beauchamp? — ela pergunta debochando — Você sempre fala mais sobre o trabalho. Nunca fala de outros assuntos ou sobre nós.

— prometo colocá-lo no modo silencioso — ele pegou a jaqueta preta que estava pendurada na maçaneta da porta.

O efeito que Savannah tinha sobre sua mente se dissipou. Josh saiu do quarto com a jaqueta preta no braço, mas antes de sair lançou um beijo para a sua amada. Josh desceu de elevador até o estacionamento no subsolo e foi em direção à sua queridinha, a moto que tanto amava.

— Bom dia, Sr. Beauchamp — o segurança o cumprimentou.

Josh veste a sua jaqueta.

— Como está o tempo lá fora, Charles?

— Péssimo. Está uma chuva muito forte, posso até dizer que está chovendo canivetes.

Josh olhou para o segurança.

— É possível sair de moto? — Charles balançou a cabeça negativamente.

— A menos que esteja querendo morrer.
Josh olhou para a moto e tirou a jaqueta. Não importa o que Savannah pense, ele não é o tipo de homem que corre riscos desnecessários. Guardou a jaqueta no porta-capacete da moto, trancou o compartimento e jogou as chaves para Charles.
— Coloque debaixo do tapete do meu apartamento — ordenou ao homem mais velho à sua frente.

— Quer que eu chame um táxi?

— Não, não é necessário que nós dois nos molhemos — Josh lançou um sorriso sincero para o homem.

— Tem razão. Tenha um bom dia — Charles apertou o botão para abrir o portão, e Josh saiu.

A manhã estava escura. O centro de Londres já estava intenso e lento, apesar de ser apenas sete e meia. Ele levantou o colarinho em volta do pescoço e seguiu a passos largos pela rua até o cruzamento, onde era mais provável conseguir um táxi. As ruas estavam escorregadias por causa da chuva.

Josh estava odiando o fato de que, mesmo com toda aquela chuva, havia muitas pessoas andando pela rua. Desde quando Londres inteira acorda tão cedo? Todos tiveram a mesma ideia. Enquanto pensava no melhor lugar para se posicionar, o celular tocou. Era Richard.

— Estou chegando. Estou tentando pegar um táxi.

Ele avistou um táxi livre se aproximando pelo outro lado da rua e começou a ir em sua direção, torcendo para que ninguém mais o tivesse visto. Era quase impossível ouvir o que Richard dizia no telefone.

— Não estou ouvindo, Richard — gritou por sobre o barulho do trânsito. — Você vai precisar repetir. — Meio isolado numa ilha de trânsito, com os carros passando como uma correnteza, viu a luz alaranjada sobre o capô do táxi, indicando que o veículo estava desocupado. Ele ergueu a mão livre, na esperança de que o motorista o visse através da chuva forte.

— Você precisa ligar para o Lamar, em Nova York. Ele ainda está acordado, à sua espera. Tentamos falar com você na noite passada, mas você não atendeu.

— Qual é o problema?

— Um impedimento legal. Duas cláusulas que eles estão protelando por causa de duas alíneas... assinatura... papéis. — A voz foi abafada por um carro que passou.

— Não entendi, mas você poderá me explicar assim que eu consegui chegar aí — o táxi o viu. Josh deu passos largos para alcançar o automóvel do outro lado da rua — Escuta, peça para a Shivani colocar a papelada na minha mesa. Chego em nove minutos.

Olhou para os dois lados e abaixou a cabeça para dar os últimos passos até o táxi, já com o destino "Blackfriars" na ponta da língua. A chuva se infiltrava pelo espaço entre o colarinho e a camisa.

Ele chegaria ao escritório ensopado só por ter andado aquele pedacinho na chuva. Talvez precisasse pedir à secretária que comprasse outra camisa. Olhou em direção ao chiado, o som rude e estridente de uma buzina. Viu o táxi negro à sua frente, o motorista já abaixando o vidro, e, pelo canto do olho, notou algo que não tinha percebido direito, vindo em sua direção a uma velocidade incrível.

Ele se virou e, nesse milésimo de segundo, percebeu que a coisa vinha direto em sua direção e que não havia como sair da frente. Surpreso, abriu a mão e o celular caiu no chão. Ouviu um grito que talvez fosse seu. A última coisa que viu foi uma luva de couro, um rosto dentro de um capacete, o choque nos olhos do homem refletindo o dele próprio. Houve uma explosão quando tudo se partiu em pedaços.
E então, não havia mais nada.

como eu era antes de você - BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora