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Maria

Acordei com o cheiro de Pedro em mim. Gostei da sensação, mas logo o sonho voltou à minha mente com força. Eu devo estar muito louca para pensar que talvez minha amiga tenha razão. Falando em Angélica, pego meu celular e percebo que ainda é cedo. Hoje é sábado, mas preciso trabalhar.

Ligo para minha amiga, mas a chamada cai na caixa postal. Onde será que Angélica se meteu? Levanto da cama e levo um susto ao ver um cachorro deitado ao meu lado. Instintivamente, toco no animal e percebo que é grande demais para ser apenas um cachorro.

Lembro da história que Pedro contou sobre ter um lobo, mas não imaginei que fosse verdade. Ele é lindo, e curiosamente, tem o mesmo cheiro do dono. Acaricio o pelo do lobo enquanto ele permanece com os olhos fechados. É uma sensação boa, como se eu já tivesse feito isso muitas vezes antes.

O lobo abre os olhos e parece apreciar meu toque. Ele deita a cabeça nas minhas pernas, e eu sorrio. Minha mãe é alérgica a pelos de animais, então nunca tive gatos ou cachorros. Deve ser bom ter um animal de estimação.

— Você é muito mais calmo que seu dono, sabia? Podemos ser amigos, lindo.

Ele lambe meu rosto e, enquanto sobe em cima de mim, percebo que o lobo é realmente muito carismático. De repente, ele se afasta, lambe minha mão e sai. O lobo apenas olha para trás, como se estivesse se despedindo. Fico mais um tempo na cama até que meu telefone toca.

É Eduardo. Oh, meu Deus, me dê paciência. Resolvo atender; não dá para ficar ignorando ele, não é certo.

— Bom dia, irmão, como está?

— Por que você não atende esse maldito celular? Estou ligando várias vezes e resolveu que pode me ignorar. Esqueceu que está sob minha gestão? Quero saber como estão os avanços na obra, assim como as modificações solicitadas.

Arrogante. Ele não estava ligando para saber da obra antes, e sim porque queria saber de mim e Pedro, como um idiota ciumento.

— Mandei os e-mails para você ontem, com tudo em cópia para Carina. Como hoje é sábado, não preciso dizer que não vou fazer uma videochamada com você, não é? Eduardo, você é o presidente da empresa, mas não é meu dono. Sempre fiz meu trabalho e nunca dei motivos para receber chamadas de ninguém. Não será agora que vou aceitar isso de você. Aliás, mudando de assunto, como estão nossos pais e Carina? Já marcaram a data do casamento?

Ouço a respiração de Eduardo e sei que ele está prestes a explodir, mas, de verdade, eu não me importo.

— Agora que vi seu e-mail... Se tivesse respondido minhas mensagens e retornado minhas ligações, não seria necessário esse clima entre nós. Nossos pais estão bem. E, sobre o casamento, eu e Carina estamos dando um tempo.

Mais essa para lidar. Por isso Carina também me ligou e mandou várias mensagens, provavelmente por causa disso.

— Ficou calada?

— O que você quer que eu diga? Carina ama você. Não quero me meter no seu relacionamento, mas não jogue fora um sentimento tão bonito por uma confusão. Se decidiram dar um tempo, tudo bem, mas não perca a pessoa maravilhosa que Carina é.

Ele ficou em silêncio, sabendo muito bem que tenho razão. Eduardo está confuso, principalmente com o sentimento que pensa ter por mim. Sei que é uma paixonite não superada.

— Eu vou precisar desligar. Mas me mantenha informado. Por favor, atenda o telefone ou responda as mensagens. Se voltar a me ignorar, vou atrás de você.

— Pode deixar, chefinho!

Não vou discutir com ele e estragar meu fim de semana. Além disso, não vou dar motivos para ele vir para cá e complicar minha situação com Pedro. Sua vinda só iria trazer mais confusão, e já basta de bagunça.

Depois de tomar um banho e me arrumar para o café, ao sair do quarto, encontro Angélica. Não consigo sequer descer as escadas, já que ela me puxa pelo braço para dentro do seu quarto.

— EU TIVE A MELHOR TRANSA DA MINHA VIDA. MEU DEUS. QUE HOMEM, QUE CORPO LINDO E QUE CACETE GOSTOSO.

— Calma, Angélica. Primeiramente, bom dia. Antes de bombardear meus ouvidos com obscenidades, podia pelo menos me desejar um bom dia.

Ela beijou os dois lados do meu rosto e desejou um bom dia. Angélica está corada, com um sorriso bobo, mas algo me chamou a atenção: a mordida enorme no seu peito direito, exposta pelo decote.

— Que homem é esse que deixou uma mordida enorme no seu peito?

— Isso? Eu só vi depois que ele fez. O nome dele é Kael. Pense em um homem que sabe transar, não como esses caras com a arma grande, mas sem mira. Não, minha amiga, ele tem a mira e a potência. Pensei que eu não fosse dar conta, mas felizmente estou em dia com minhas aulas de yoga e Pilates. Ele me deu uma canseira, mas eu também não dei pausa para ele.

Comecei a rir, sabendo que minha manhã seria repleta de cenas quentes narradas pela minha melhor amiga. Angélica relatou como o conheceu: subiu na moto de um desconhecido, transou com ele a noite inteira, e ainda teve uma rodada antes de vir embora.

— Como você voltou? Pelo jeito, não será só um sexo casual.

— Vim andando. Ele comprou um bar na beira da estrada perto daqui. Será só uma vez, amiga. Você sabe bem que não gosto de me apegar a ninguém. Foi gostoso? Sim. Transaria com ele de novo? Com certeza. Mas veja bem, o homem é gostoso, educado, inteligente, e transa bem. Acha que vai ficar só com uma? De jeito nenhum.

A mordida parecia profunda, criando uma camada estranha ao redor. Aproximei-me de Angélica, tocando levemente na mordida, que parecia formar um desenho.

— Amiga, na hora que ele mordeu, você não disse nada?

— Não. Eu estava com tanto tesão que nem percebi. Acho que ele fez no calor do momento também. Acredito que até pediu desculpas, só que em uma língua estranha.

Não vou recriminar Angélica. Ela é adulta e sabe muito bem o que está fazendo.

— Antes que pergunte, senhora certinha: por mais doidos que estávamos para transar, usamos proteção.

— É o esperado. Proteção em primeiro lugar. Agora vamos tomar café; estou morrendo de fome e também tenho algumas coisas para te contar.

Seu Amor, Meu Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora