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Maria

Terminamos o jantar, e, apesar de Pedro não esconder sua vontade de ficar comigo, não quis me aproximar dele

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Terminamos o jantar, e, apesar de Pedro não esconder sua vontade de ficar comigo, não quis me aproximar dele. Tivemos um jantar tranquilo, mas isso não significa que esqueci a palhaçada de mais cedo. Não posso deixar que ele pense que pode fazer o que quiser e que vou aceitar numa boa. Fui direto para o meu quarto, sem dar satisfação, apenas desejando uma boa noite e até amanhã. Seu semblante se entristeceu quando percebeu que não teria nada de mim hoje.

Entrei no quarto e fiquei revirando na cama por um bom tempo até que resolvi levantar e explorar a casa. Saí do quarto e fui até o corredor. Há um silêncio estranho aqui, algo familiar, mas ao mesmo tempo aterrorizante. Vejo uma janela aberta e vou até ela para olhar o céu. A lua brilha, e eu fecho os olhos para sentir o vento da noite bater no meu rosto. Sou transportada para outro lugar. Estou vestindo um traje de época vermelho, estou descalça, com meus cabelos soltos. Sinto as joias em meu pescoço e orelhas, e sei que jamais usaria peças assim.

Vejo Pedro. Seu olhar está diferente, não como quando fica cinza, mas diferente, parece cruel e maldoso. Fico parada, observando seus movimentos, sem entender bem por que estou com medo dele.

— Será que terei que fechar essa janela também, preta fujona? 

Eu queria mandá-lo para o inferno, mas não conseguia. Sentia um aperto terrível no meu coração, como se algo tirasse minha voz e força para responder à altura. De repente, seus olhos mudam de cor. Ele sorri, e uma tranquilidade invade meu peito.

Ele caminha até mim com aquele sorriso bonito e charmoso, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Quando nossos lábios se encontram, uma sensação intensa de saudades e amor me envolve, como se estivéssemos há muito tempo separados. Suas mãos começam a desatar meu vestido e, mesmo sem entender o porquê, eu permito, tomada por uma necessidade urgente de estar perto dele. A sensação de tê-lo assim comigo é avassaladora, quase como se eu estivesse revivendo algo há muito esquecido.

Sua boca se afasta da minha por um momento, apenas para me olhar com uma intensidade que me deixa sem fôlego. Ele parece tão excitado e apaixonado, mas há algo nos seus olhos que me faz estremecer. De repente, ele inclina a cabeça e morde meu pescoço. A dor me faz gritar, mas, estranhamente, não sinto medo. Ao contrário, estou tomada por um êxtase que não consigo explicar, como se essa mistura de dor e paixão fosse parte de algo maior, algo que eu deveria entender, mas não consigo.

Em pouco tempo, já estou nua, deixando que Pedro faça de mim o que quiser. Sinto o sangue escorrendo pelo meu pescoço e percebo como ele parece ao mesmo tempo nervoso e profundamente envolvido com meu corpo. Aceito tudo sem questionar, como se fosse o que deveria ser feito, mesmo sem saber por quê. Mas, de repente, seus olhos voltam ao normal, e uma sensação estranha de medo toma conta de mim. Eu me afasto, sentindo como se tivesse quebrado algo precioso.

Apanho o vestido e cubro meu corpo, agora tomado por uma sensação de nojo e vergonha. O sangue continua a escorrer pelo meu pescoço, e uma dor terrível me atravessa. Ele tenta me tocar de novo, mas eu fujo, correndo desesperada na direção do meu quarto, como se estivesse fugindo de algo muito maior do que ele.

Acordo assustada, com o rosto coberto de suor. Então, vejo Pedro me observando, seus olhos agora cinzentos como no sonho me observa com devoção. Ele se aproxima, como se estivesse atraído por algo em mim, e percebo o mesmo olhar atento e intenso que ele tinha enquanto sonhava.

— Pedro, por que está no meu quarto a essa hora?

— Saudade, minha. Eu sinto sua falta o tempo todo. Quero estar perto de você sempre, não fuja de mim.

Ele se aproximou, e deixei que ficasse perto de mim, apreciando sua companhia. Algo dentro de mim sabia que o certo é estar com ele, sem medo.

— Eu tive um sonho tão estranho. Você estava nele. Não entendo, pois não parecia comigo, mas era eu. É melhor ir embora, ficar perto de você me deixa confusa.

— Não faça isso comigo. Ficamos tanto tempo sem você, por toda uma vida. O que posso fazer para não me afastar? Diga. Faço qualquer coisa, minha!

Toda essa conversa está esquisita demais. Eu devo estar sonhando ainda. Acabei voltando a me deitar e fechei os olhos. Estou começando a ficar com medo de tudo o que estou sentindo.

Lobo

Sei que ela está se lembrando, pelo jeito como me olhou e pela forma como parecia ceder à minha aproximação. Ao contrário do humano com quem divido o corpo, não temo que ela se lembre.

Eu me redimi com ela, mas, infelizmente, meu amor não foi o suficiente. Pedro possuía o controle de tudo. Ele a tornou sua escrava, tirando a liberdade que Imaculada tinha. Ela tentou fugir muitas vezes, até com a ajuda daquele que tanto a machucou.

Quando contei sobre minha origem e sobre como, apesar de dividir o corpo com Pedro, somos seres individuais, ela teve medo, mas aceitou, pois sabia que eu a amava muito e faria de tudo para fazê-la feliz.

Mesmo assim, eu precisava do humano, e a negativa dele em tornar nossa Luna completamente uma de nós a deixou depressiva, levando-a à morte. Pedro quer assumir, mas eu uso toda minha força de lobo para permanecer aqui. Transformo-me em um lobo, ficando mais perto dela.

Sentindo seu cheiro bom, percebo que ela está aqui, apesar de tudo o que houve. Os deuses da natureza a trouxeram de volta. Instintivamente, ela coloca suas mãos em mim, massageando minhas costas, se aproxima e me abraça.

— Está correndo um risco idiota. Ela vai acordar e se assustar.

— Cala a boca, humano. Estou com minha Luna agora e não quero ser interrompido por você.

Se eu pudesse assumir nosso corpo por completo, sei que conseguiria afastar toda e qualquer pessoa que pudesse nos atrapalhar. Pedro vai acabar cometendo o mesmo erro do passado. Se não agir, vou perder minha Luna novamente.

Seu Amor, Meu Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora