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ARIA
O INICIO DE UM RECOMEÇO
Não pode ser fui descoberta! A minutos atrás eu estava no salão e então um garoto apareceu e falou comigo, ele falou que então era eu que havia esfaqueado seu irmão, a única coisa que fiz foi sair correndo para a primeira porta que eu vi, eu sou tão burra a esse ponto?! Eu deveria saber que meu cabelo chamaria atenção demais, fui tão burra a ponto de pensar que eu poderia sobreviver nessa vida, sobreviver e proteger a única que ficou ao meu lado, idiotice, desde quando sou tão ingênua?
É como se o tempo desacelerasse enquanto me encontro preso nessa espiral de ansiedade avassaladora. Começa com uma sensação sutil de apreensão, um leve formigamento nos dedos que logo se transforma em um tremor incontrolável. Meu corpo inteiro parece estar em alerta máximo, os músculos tensos como cordas de violino prontas para se romper a qualquer momento.
 
Os pensamentos correm descontroladamente, saltando de uma preocupação para outra sem um fio condutor claro. Cada pensamento alimenta o próximo em uma cadeia interminável de cenários catastróficos e dúvidas auto impostas. A sensação de estar no controle desvanece lentamente, substituída por uma sensação de impotência crescente.
 
As lágrimas começam a fluir, inicialmente em silêncio, mas logo acompanhadas por soluços que sacodem meu corpo. Cada lágrima parece liberar um pouco da pressão que se acumula dentro de mim, mas é apenas temporário. A sensação de desespero se intensifica à medida que a falta de ar se torna mais palpável.
 
Tento respirar fundo, mas o ar não parece alcançar meus pulmões adequadamente. É como se estivesse sufocando, uma compressão constante no peito que se recusa a desaparecer. Meus pensamentos se tornam confusos, minha mente uma névoa turva de pânico e tristeza.
 
Ao meu redor, o mundo parece distorcido, como se eu estivesse olhando através de uma lente embaçada. Os sons se misturam em um zumbido indistinto, e as cores perdem sua intensidade. Estou preso em uma bolha de angústia, isolado de tudo o mais, incapaz de encontrar uma saída desse labirinto emocional.
 
A crise parece durar uma eternidade, um eterno ciclo de medo e desespero. Cada segundo parece uma hora, cada pensamento uma montanha intransponível. É um confronto interno, uma batalha solitária contra um inimigo invisível que conhece cada fraqueza minha.
Escutei uma voz gritando pare, mas não pude me controlar estava tudo tão intenso eu, eu estou morta! Serei morta como na minha última vida, eu não sei o que fazer, tudo doí, qual o sentido da vida e por que eu nasci, sou só uma bastarda, obvio se eu morrer ninguém se importará! Então me diga por que você nasceu sua bastarda, por que você nasceu ARIA KANARY?!                                                                        Minha mente está nublada, não sinto nada, tudo estava escuro, não vejo mais ninguém na minha frente, tudo virou um escuro como um abismo sem saída, eu morri? Foi a única coisa que veio em minha cabeça, ouço vozes vindo de uma pequena brecha de luz, era bem fraca mas ainda era luz.
-POR  QUE?!- era a voz de Ruby, ando até aquela brecha de luz e vejo uma sala, havia duas pessoas naquela sala um homem alto pele morena, em um tom aproximado de chocolate ao leite, seus cabelos eram um roxo bem escuro e seus olhos eram na cor âmbar, havia uma mulher também, ela estava sentada e com uma barriga considerada enorme, seus cabelos eram na cor escarlate e seus olhos eram uma mistura de violeta com púrpura, como uma ametista, a voz que eu havia escutado era de Ruby mas ela não estava naquela sala.
-SIENA SE VOCÊ TEM CORAGEM ABRA ESSA PORTA E VENHA FALAR COMIGO! - Ruby parecia irritada, irritada é pouco estava mais para furiosa, mas Siena? Esse é o nome que todos falam porém nunca me contam que era ela.
- Rubya se acalme! – exclamou o homem, então o nome de Ruby é Rubya? Não eu nem tenho certeza se é ela.
- O que você quer que eu faça?! Uma das minhas melhores amigas morreu, e Siena somente fugiu do grão-ducado e simplesmente causou um incêndio na floresta deixando muitos soldados mortos, além de simplesmente ter tacado um foda-se para uma de suas melhores amigas que morreu a 4 dias! -a voz estava fraca mas ainda foi possível escutar
- Ruby não é bem assim! -o homem tentou falar
-Então me explique Aaron! -não entendo nada do que está acontecendo e nem o por que eu estava ali, eu somente olho para a mulher que eles estavam chamando de Siena, seu semblante era triste, ela parecia esconder algum segredo, mas eu não sabia decifrar qual.
- Abra a porta, ela disse se levantando com uma certa dificuldade olhando melhor eu pude ver, ela estava grávida!
- tem certeza? – o homem perguntou e ela somente sorriu e se virou de costas para a porta, ela estava com um semblante de preocupação estampado em seu rosto.
O homem abriu a porta e eu pude ver a mulher de trás dela, realmente era Ruby porém mais jovem, daria no mínimo uns 20 anos para ela, Ruby entrou dentro da casa, sua cara estampava sua emoção de raiva.
- por que? Me diga o que raios passou nessa sua cabeça para matar soldados?! Onde você estava quando Violeta morreu?! Ela implorou para te ver, ela chorou esperando que poderia te ver por uma última vez! Então que MERDA PASSOU PELA SUA CABEÇA?!- ela gritou tão alto que eu achei que meus ouvidos iriam sangrar.
-Talvez foi o amor- ela disse calmamente para a mulher atrás dela e então olhou para cima, lágrimas escorriam de seus olhos.
- o que diabos? – a mulher que estava de costas para Ruby se vira para ela, com os olhos cheios de lágrimas e determinação – o que você fez? – disse ela abaixando o olhar para baixo – fez um filho com um humano?!
Ruby a olhava com um olhar raivoso que a fuzilava de todos os cantos.
- Ruby eu...
-depois de fazer toda essa merda você simplesmente dormiu com um humano e agora terá um filho? – Ruby dava risada enquanto lagrimas caiam de seus olhos- não sei o que aconteceu com você...
- o amor aconteceu comigo.
- o que?
- tudo o que nos ensinaram é mentira, humanos não são tão ruins.
- Siena...
- aquele humano descobriu o que eu era e me protegeu, não são eles os monstros eles, nasceram bons mas foram poluídos com o tempo, sim eles são seres arrogantes e gananciosos mas por trás disso tem um lado bom neles, nem que seja no fundo do coração- ela falava enquanto abria os braços – isso de separar nossas espécies não passa de uma frescura e eu penso que essa criança que estou gerando mudara o futuro de ambas as espécies.
- você enlouqueceu de vez? – a voz de Ruby saia de forma bruta.
- aqueles guardas que morreram... eu não queria mata-los, mas era isso ou ficar trancada em um quarto até a morte! Kalius me puxou pelos cabelos, eu o chutei e sai correndo pelos corredores da mansão que um dia eu chamei de lar, quando me dei conta haviam vários guardas atrás de mim, me escondi atrás de uma árvore, mas um dos guardas me achou, eu havia deslizado minha adaga para trás do mau corpo, aquele guarda abriu um corte em meu olho  direito então eu somente reagi enfiando a adaga e seu rosto, foi por pura defesa, eu não tinha intenção!
- ...
- Deve acreditar em mim Ruby!
- Como irei acreditar em você se você simplesmente matou guardas e ignorou a morte da nossa amiga!
- o que? – a mulher falou se aproximando com uma certa dificuldade
- Violeta morreu e você sumiu! Parece que você não consegue se importar com coisas que acontecem ao seu redor, só consigo mesma.
- Ruby não importa quantas pessoas morram ao nosso redor, só nos resta seguir em frente.
- Sinceramente eu espero que você e seu filho morram! Não irei me importar se isso acontecer- Ruby falou saindo e batendo a porta com força, eu não reparei quando lagrimas começaram a cair de meu rosto, aquilo era tudo tão estranho, mas tão familiar, a voz a cor dos cabelos o nome, me dava a sensação de que eu conhecia essa mulher, mas que eu não me lembrava dela.
Abro meus olhos e me levanto, haviam lagrimas escorrendo pelo meu rosto, olho ao redor e não vejo ninguém, de certa forma sinto um alivio em meu coração, me levanto e vou até o espelho, eu continuo a mesma pessoa, mesma aparência e mesma idade, quatorze anos, eu tinha esperanças de que tudo o que aconteceu fosse só um sonho, sonho não, pesadelo, mas pelo visto não era, sinto que a cada minuto que passa eu estou prestes a enlouquecer! Minhas pernas perdem as forças e eu caio no chão, apoio uma das minhas mãos no piso enquanto levo a outra para meu rosto, de todas as pessoas para isso acontecer por que justo comigo e com Angel? Até parece que nascemos para morrer, quem era Siena e por que ela sempre era mencionada quando estão perto de mim? Ficar parada não vai me ajudar em nada, levanto a cabeça para a penteadeira que havia naquele lugar, eu não fazia menor ideia de que lugar era aquele, era luxuoso; Havia uma faca na penteadeira, sinto um formigamento dentro de mim, uma vontade imensa de enfiar aquela faca em mim mesma, olho para a porta que estava fechada enquanto me levanto lentamente, as longas madeixas de meu cabelo caiam em meu rosto deslizando pela minha pele cheia de lágrimas, algo me deixava furiosa, eu estou tão cansada, cansada de depender dos outros, cansada de ter medo do passado, cansada da minha vida como uma Kanary, a criança perfeita que todos odiavam, nesse momento eu queria ser só a Aria, o mundo não foi cruel comigo mas sim as pessoas que habitam nele.
Me coloquei na frente do espelho, pegando a faca que estava em cima da penteadeira, demônios foram selados no mundo das trevas mas eu sinto que alguns andam comigo, olhei-me no espelho e passei aquela lâmina afiada sobre meus cabelos, minha razão havia sumido, eu só estava pensando em mudar, só paro a lamina quando meus cabelos estão perto da nuca, me olho novamente para o espelho.
- Essa é a hora de ser uma nova Aria- falo enquanto pego um frasco com uma bebida incolor, porém cheirosa, espero que se eu morrer eu não morra igual a quando fui assassinada pelo Rei, espero que Angel nunca descubra isso, de como seu pai me torturou lentamente, me desmembrando enquanto eu ficava calada olhando para seu rosto, agoniando enquanto ele cortava minha língua, olhando bem pro fundo de seus olhos enquanto ele fincava sua espada em meu peito, em meu coração.                                              Final da primeira parte.
 
 
 

Aria e AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora