Flores de Hanahaki

Nineteen

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┊ ┅── ᶠˡᵒʳᵉˢ ᵈᵉ ʰᵃⁿᵃʰᵃᵏⁱ

┊ ⊹⊱ 𝐜𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐞𝐳𝐞𝐧𝐨𝐯𝐞: 𝐝𝐞𝐬𝐟𝐞𝐜𝐡𝐨 𝐟𝐥𝐨𝐫𝐢𝐝𝐨 ⊰⊹

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O ar denso e abafado dentro do caixão fez Childe se debater, desesperado por um gole de ar fresco. Seus dedos arranhavam a madeira envelhecida, as unhas lascadas deixando marcas de sangue. Ele tentou gritar, mas sua voz saiu como um arquejo sufocado, pétalas rubras expelidas de seus lábios. Do lado de fora, Tsaritsa observava com olhos sombrios enquanto o caixão era baixado à terra fria e úmida pelas gotas torrenciais de chuvas que Liyue derramava junto das lágrimas de seu Arconte. Seu olhar recaiu sobre Zhongli, o dragão outrora glorioso agora uma casca oca de sua antiga glória. Ele estava preso em colunas de gelo eternamente crescentes, a mágica antiga correndo pelas veias congeladas.

– Perdoe-me, meu velho amigo – Tsaritsa sussurrou, sua voz soando como o lamento do vento de inverno enquanto fitava o companheiro de posição  – Mas desta vez, eu devo poupar você de uma esperança inútil.

Com um aceno de sua mão enluvada, a terra começou a engolir o caixão de Childe. Zhongli rugiu, suas mandíbulas travadas enquanto ele tentava se libertar de suas amarras congeladas. Seus olhos alaranjados como o solo daquelas terras  reluziam com reconhecimento quando vislumbrou o cabelo ruivo flamejante de Childe através das rachaduras do caixão.

– Childe! – O rugido de Zhongli fez estremecer as próprias montanhas – Não faça isso Tsaritsa, eu imploro!

Mas Tsaritsa sacudiu a cabeça com tristeza, seu semblante uma máscara de resoluta determinação. Com um último suspiro, ela permitiu que a terra cobrisse completamente o caixão, silenciando os gritos abafados de Childe.

– Descanse em paz, minha criança – ela murmurou – Seu sacrifício não será em vão.

O cortejo fúnebre de Childe avançava vagarosamente, a sombria procissão pontuada apenas pelos soluços contidos da multidão enlutada. Hu Tao, a mestra dos ritos funerários, caminhava à frente com um cajado de madeira erguido, murmurando os cânticos mortuários. De repente, seus olhos se arregalaram quando um som abafado emergiu do caixão - um arquejo desesperado seguido por um farfalhar de tecidos. Ela ergueu uma mão, interrompendo a marcha fúnebre enquanto seus ouvidos captavam claramente os murmúrios ofegantes de Childe.

– Tsaritsa! O rapaz... ele ainda vive! – Hu Tao gritou, seu rosto pálido de choque.

– Não é nada além de um truque de Zhongli para me deter de enterrar o rapaz que já faleceu há mais de um ciclo lunar. Ele não consegue suportar a ideia de ver um amado de seu coração morrer pela segunda vez  – Tsaritsa ergueu o queixo, seus olhos brilhando com determinação implacável. Liyue precisava de seu Arconte mais do que nunca e o rapaz precisava descansar. Tsaritsa estreitou os olhos diante do desespero agonizante de Zhongli. Ela se virou para Hu Tao com um olhar duro.

–  Tsaritsa! Se enterrar ele eu destruo todos os seus Fatuis! Vou exterminar um por um e te fazer sofrer – Um rugido ensurdecedor sacudiu o ar quando Zhongli se debateu contra suas algemas gélidas, o gelo rachando perigosamente. As lágrimas douradas da promessa poderosa de um Arconte mergulhado na dor – Eu juro por tudo que é mais sagrado que você vai pagar muito caro.

Tsaritsa ergueu sua mão enluvada e o gelo cresceu até alcançar os lábios do furioso Morax, reforçando a camada de gelo elemental que ele estava prestes a explodir em mil pedacinhos e com sede de vingança. E levando em conta que a Arconte Cryo estava enterrando o rapaz de cabelos ruivos que havia conquistado depois de tanto tempo o coração de Rex Lapis.