Com amor, Seungmin | 3IN

Identidade de herói?

Fazia pelo menos trinta minutos desde que os meninos haviam ido embora, mas eu continuo andando de um lado para o outro, pensando no acontecimento de cerca de 1 hora atrás. Quero gritar "EU BEIJEI HWANG HYUNJIN E YANG JEONGIN!" por aí, mas como um bom gay no armário, não posso fazer isso.

Contudo, estou pirando por ter que manter isso em silêncio. A verdade é que preciso compartilhar essa informação com alguém — ou vou surtar a qualquer momento —, mas não sei com quem fazer isso. Não quero dizer a Felix — mesmo sabendo que ele vai descobrir de qualquer jeito — e nem a Red e Green — sei que eles ficariam cismados —, o que me resta Jisung, meu "querido" irmão.

Jisung era um bom ouvinte, então apesar das brincadeiras, sei que ele me ouviria — e a propósito, preciso ter uma conversa bem séria com ele. Posso fazer isso hoje mesmo.

Dei um pulinho animado e saí do meu quarto, andando apressadamente até a porta ao lado, onde ficava o quarto do meu irmão. Entrei sem bater, encontrando ele deitado na cama, usando o notebook e balançando os pés no ar.

— Não sabe bater, mal-educado?

— Não sei mesmo. — fechei a porta, indo deitar ao seu lado. — Precisamos conversar.

— Sobre?

Boa pergunta, porque quero falar sobre duas coisas. Uma o envolvia e a outra me envolvia.

Pensei por uns segundos, preferindo começar pela primeira opção, assim vou me preparando para não surtar quando falar que beijei dois garotos (bem específicos) na mesma noite.

— Você não é hétero, né?

— Ah... — ele pressionou os lábios, ficando em silêncio por um curto momento, até dizer: — Eu realmente não sei. Não te chamei para falar sobre isso ainda porque não tenho certeza de nada.

— Não precisamos falar sobre a sua sexualidade, eu bem sei como é não se entender. — notei que ele ficou confortável ao ouvir isso. — Mas tá rolando algo entre você e o Felix, não é?Não me diga que não é nada, óbvio que tem algo.

— Tá tão na cara assim?

— Tá escancarado, maninho.

Ele mordeu os lábios e fechou o notebook, enfiando a cara no travesseiro. Apenas o assisti em silêncio, o vendo respirar fundo e virar de barriga para cima, assim como eu.

— A gente tá ficando. — disse de uma vez. — E eu gosto.

— Gosta?

— Pra cacete. O Felix é inteiramente legal, gosto de ficar e estar com ele.

— É, maninho... temos oficialmente dois LGBTs na família. — ri, recebendo um soquinho dele. — Mas não tem que pilhar com isso, você não precisa se entender agora, isso é algo que vai acontecer com o tempo.

— Eu meio que ando pilhado com isso ultimamente, porque acho garotos atraentes, mas também acho garotas! Céus, parece que todo mundo é atraentes!

— O "B" de "LGBT" não é de Biscoito. — disse em um tom divertido, tentando deixar a situação menos tensa. — Mas não pira com isso, você tem muita coisa para descobrir. Eu, por exemplo, levei uma eternidade.

— Você só é mongo mesmo, tava na sua cara que você era gay. Quando você se assumir, ninguém vai se chocar, no máximo a mamãe.

— Ela provavelmente teria um infarto, e é por isso que nunca vou contar. Planejo levar isso para o túmulo.

— As coisas nunca ficam escondidas por muito tempo... Não tem medo dela acabar descobrindo de algum jeito?

— Se ninguém contar, ela nunca vai saber. Só pessoas de confiança sabem que sou gay, então é impossível chegar até ela.