capítulo 35

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"It was a memory"



Emma

- você não ouviu? Sai daqui! — encarava a mulher parada na minha frente com uma expressão triste e confusa. Ela parecia estar com um nó na garganta, parecia querer falar mas não conseguir.

- eu só quero conversar — ela disse com ansiedade.

- mas eu não quero falar com você. Eu nem te conheço, sai daqui! — desgrudei minhas costas da cabeceira da cama apontando para a porta atrás dela.

- você não me conhece mais, mas, eu conheço você — ela afirma com pesar. Tinha tanta convicção na sua voz, que eu não me atrevi a dizer nada.

- eu... só... eu... Porra. — ela esfregou o rosto com as duas mãos, visivelmente nervosa e frustrada.

- Emma, eu só... só me dá cinco minutos — ela deu um passo a frente e eu encolhi minha perna, o que fez ela voltar seu passo á trás.

- cinco minutos. — murmurei após alguns segundos pensativa e em silêncio. Não sabia se poderia confiar nela.

É claro que não deveria, eu nem a conheço.

- seus minutos estão passando — chamei sua atenção e ela coçou a garganta, parecendo procurar minimamente todas as palavras certas.

- desculpa, eu realmente não sei por onde começar.

- talvez, do começo? — virei os olhos para a parede, já estava ficando sem paciência. Nossa, eu não era assim, que diabos está acontecendo comigo?

- eu só não vou ficar com raiva por essa patada, porque fui eu que te deixei assim — ela soltou um riso nasal.

- você me deixou como? Eu não estou entendendo — franzi o cenho virando meu rosto para ela.

- a Becca... ainda não falou de mim, né? — ela perguntou demonstrando tristeza, seus olhos carregavam uma dor que eu não conseguia identificar. E por algum motivo olhar nos olhos dela estava doendo em mim. Mas, por que?

- n-não... ela não falou... — minha voz saiu entrecortada, por algum motivo seus olhos estavam me desconcertando.

Não posso negar que eles eram hipnotizantes. Ela é como se fosse uma espécie de Medusa, só que invés de me transformar em pedra, me deixava que nem uma idiota.

- se você quiser me ouvir... — ela deu um passo a frente novamente e observou se eu não teria nenhum reflexo, então ela andou até a poltrona na frente da minha cama e se sentou devagar.

- qual é seu nome? — perguntei confusa.

- Billie — ela disse e eu ri.

- mas, isso é nome de cachorro — balancei a cabeça em negação ficando séria — desculpa, não queria te ofender.

- tudo bem — ela balançou a cabeça.

- por algum motivo, pra mim, seu nome não me parece tão estranho... — fiz um biquinho analisando a mulher de cima a baixo.

- significa que alguma parte de você ainda se lembra de mim — ela afirmou e eu levantei as sobrancelhas dando de ombros.

- hum... — dei um pausa pensando por alguns segundos — como nos conhecemos? — cruzei os braços, recostando na cabeceira da cama.

- bom... Eu estava passando por uma fase de crescimento na empresa... — ela tentou dizer mas eu a interrompi.

- pera, você tem uma empresa?

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