Kay caminhava pela floresta densa, suas botas afundando no solo úmido enquanto a neblina ao seu redor parecia crescer a cada passo. O ar estava carregado com uma sensação de expectativa sombria, como se as árvores ao redor sussurrassem segredos que ele ainda não estava pronto para ouvir. Ele sabia que se aproximava da cabana de Slenderman, um lugar que nunca o acolhia de bom grado, mas que sempre prometia respostas – mesmo que viessem com um preço alto.
Os últimos dias tinham sido um turbilhão. Erin, a garota que ele jurou proteger, estava mais profundamente conectada a Sete Além do que ele imaginava. Ela não era apenas uma vítima desse mundo, mas uma parte dele. Kay precisava saber até onde essa ligação ia, porque algo dentro dele – uma voz que ele não podia ignorar – sussurrava que o destino deles estava entrelaçado de uma maneira que ia além do simples fato de querer mantê-la segura.
Quando a cabana de Slenderman surgiu à vista, envolta em sombras e folhas, Kay parou por um momento, respirando fundo. Ele sabia que aquela visita mudaria tudo. Mas o que estava disposto a sacrificar para garantir a segurança de Erin? E mais importante, até onde iria para mantê-la ao seu lado?
Com a mandíbula tensa, ele se aproximou da porta de madeira gasta, batendo três vezes. O som ecoou de maneira estranha, como se as batidas fossem absorvidas pela própria estrutura da cabana, e depois um silêncio pesado se instalou. Momentos depois, a porta se abriu lentamente, como se impulsionada por uma mão invisível. Lá estava Slenderman, uma figura alta e esguia, sua presença imponente preenchendo o espaço da entrada.
— Você voltou — disse a voz distorcida, um eco quase metálico no ar ao redor. — Sabia que viria, Kay.
Kay passou por ele, ignorando o calafrio que sempre percorria sua espinha quando estava na presença do ser. A cabana por dentro era um reflexo do seu dono: desordenada, mas com uma sensação de poder oculto em cada canto. Objetos estranhos, que pareciam relíquias de outro mundo, estavam espalhados sobre as mesas, e o ar cheirava a terra molhada e umidade.
— Eu preciso de respostas — Kay foi direto ao ponto. — Sobre Erin.
Slenderman se moveu lentamente, sua figura esguia quase se arrastando pelo chão. Ele gesticulou para uma cadeira, como se dissesse a Kay para se sentar, mas o garoto permaneceu em pé, os ombros rígidos, a dor das feridas recentes ainda pulsando em seu corpo. Ele não tinha tempo para se acomodar.
— A garota... — a voz de Slenderman deslizou pelo ar, quase como um sussurro. — Ela é mais do que parece.
Kay prendeu a respiração, sabendo que estava prestes a ouvir algo que mudaria tudo. Mas Slenderman, como sempre, gostava de prolongar o suspense, enrolando suas palavras como se saboreasse o impacto que elas causavam.
— O que você sabe sobre ela? — Kay perguntou, sua paciência se esgotando.
Slenderman pegou uma pequena pedra brilhante de uma mesa próxima, segurando-a à luz fraca. A pedra refletia um brilho azulado, quase hipnotizante.
— Erin não é inteiramente deste mundo. Ela é uma "meia origem" — ele começou, sem olhar diretamente para Kay, concentrado na pedra. — Parte dela pertence ao mundo humano, mas outra parte... pertence a Sete Além.
As palavras de Slenderman ecoaram na mente de Kay, trazendo uma mistura de confusão e clareza. Ele já suspeitava que havia algo diferente em Erin, mas nunca imaginara que ela fosse literalmente parte de Sete Além. Isso explicava os pesadelos, as visões, a sensação constante de que algo estava à espreita, esperando para levá-la.
— Isso significa que ela pode ser transformada? — A pergunta escapou antes que ele pudesse pensar melhor.
Slenderman finalmente virou o rosto em direção a Kay, embora a ausência de feições deixasse o garoto incerto de onde o ser realmente o observava. — Sim. Ela pode ser transformada completamente em uma criatura de Sete Além. Mas, como tudo nesse mundo, há um preço. Se ela for transformada, sua conexão com o mundo humano será rompida. Ela nunca mais poderá voltar a ser o que era.
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Do Outro Lado
Fiksi Penggemar- Eu avancei um nível, você poderia me mostrar seu rosto agora, não acha?- A pessoa temia mostrar quem era realmente, e a garota notou isso, A garota não sabia nem se era uma mulher ou se era um homem, ou pq a mascara dava um disfarce na voz, ou pq...