Capítulo 09

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Eu nunca gostei de tardes longas, e hoje não era diferente

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Eu nunca gostei de tardes longas, e hoje não era diferente.

O palácio estava quieto como sempre, com os sons distantes de servos movendo-se de um lado para outro, desempenhando seus papéis sem falhas. Uma engrenagem perfeitamente afinada, como deveria ser. Mas havia algo irritante hoje, uma sensação de que as coisas estavam mudando lentamente, e eu não tinha controle sobre isso.

Eu estava no escritório, revisando os intermináveis documentos sobre questões políticas e militares. Essas coisas que não me interessam, mas que ninguém mais pode resolver adequadamente. Mesmo sendo imperador, era difícil delegar poder, não porque eu gostasse de estar no controle, mas porque confiava em poucos para manter o império como eu queria. Somente eu poderia fazer isso, afinal.

Minha atenção vagava entre as pilhas de papel, e então minha mente voltou-se, inevitavelmente, para ela. Athanasia.

Era um nome que raramente permitia que ocupasse minha mente, e quando o fazia, era acompanhado de um incômodo que eu preferia evitar. Uma criança indesejada, fruto de um erro do passado que não deveria ter persistido. Mas lá estava ela, crescendo dentro deste palácio, com olhos que sempre me observavam de longe.

Olhos que se pareciam tanto com os meus.

Minha mandíbula apertou involuntariamente ao lembrar-me daquele olhar. Ela tem cinco anos agora... já está mais consciente do que deveria estar nessa idade. Não era uma criança qualquer; Athanasia era uma mistura complicada do passado e do presente. Não fazia sentido para mim mantê-la por perto, mas algo – talvez a própria existência de minha linhagem – me impedia de livrar-me dela completamente.

Minhas mãos apertaram o pergaminho à minha frente. Por que ela ainda me incomoda? Eu deveria ser indiferente, como sou com qualquer outra coisa que não sirva a um propósito direto para o império. Mas, no fundo, eu sabia a resposta. Eu sabia que era por causa dela, a concubina que ousou pensar que poderia ter um lugar permanente ao meu lado.

Uma ilusão que ela pagou caro. Mas a criança... Athanasia... ela permanecia.

Então, houve a outra novidade. Odette.

A imperatriz. Minha esposa por um casamento arranjado que não havia sido nada além de uma formalidade até agora. Eu não sabia exatamente o que ela pensava de mim, e não me importava tanto assim, contanto que ela desempenhasse seu papel com a discrição e eficiência necessárias. Tudo o que eu precisava era de uma aliança política, e isso ela trouxe. O resto era irrelevante.

Mas ela não era tola. Eu sabia disso. Ela estava observando tudo, e mais cedo ou mais tarde, a presença de Athanasia chamaria sua atenção. Se é que já não chamou.

O pensamento me fez bufar silenciosamente. Claro que chamou. Ela já deve estar pensando em como lidar com isso, talvez planejando como usar a garota a seu favor. Não que eu a culpasse. Odette era ambiciosa, e ambição era algo que eu podia respeitar, mesmo que não gostasse de como ela se manifestava. Ela jogaria o jogo da corte, como todos os outros.

Puxei outro documento, tentando voltar ao trabalho, mas uma batida suave na porta interrompeu meu fluxo de pensamento. Antes que eu pudesse responder, Felix entrou com sua habitual formalidade.

— Vossa Majestade, a Imperatriz está no jardim com a Princesa Athanasia — disse ele com uma expressão neutra, mas com aquela leve hesitação que só alguém que me conhece bem demonstraria.

Levantei uma sobrancelha, mas não me virei completamente para ele. Então, elas finalmente se encontraram. Eu já sabia que isso aconteceria em algum momento, mas o fato de que havia acontecido agora... Odette provavelmente fez o primeiro movimento.

— E daí? — perguntei, minha voz sem emoção. — O que isso tem a ver comigo?

— Nada, Vossa Majestade — Felix respondeu rapidamente, sem perder o ritmo. — Apenas achei que deveria informar.

Eu o observei por um momento, e então voltei ao meu trabalho, ignorando a leve sensação de desconforto que se instalava em algum lugar no fundo de minha mente. Não havia nada que precisasse ser feito. Odette era uma imperatriz capaz, e Athanasia...

Parei por um momento, os pensamentos se embaralhando novamente. Ela era apenas uma criança. Uma criança que não deveria estar ali, mas que estava. E o que eu deveria fazer com ela?

— Continue me informando — disse finalmente, de forma seca, enquanto voltava ao documento à minha frente. Nada mais do que uma peça no jogo. Uma peça que eu não precisava mover por agora.

— Sim, Vossa Majestade — Felix respondeu antes de se retirar.

O som da porta se fechando me trouxe de volta à realidade do escritório. Odette e Athanasia... O que será que a imperatriz planeja? Não que fizesse muita diferença. Eu controlava o palácio, eu controlava o império, e isso era o que importava.

Ainda assim, a imagem dos olhos grandes e azuis de Athanasia retornava à minha mente de forma incômoda. Tão parecidos com os meus, mas tão diferentes.

Voltei minha atenção para os papéis à minha frente. Não importava. Nada disso importava.

Mas mesmo enquanto eu me convencia disso, o nome de Athanasia continuava rondando meus pensamentos.

Mas mesmo enquanto eu me convencia disso, o nome de Athanasia continuava rondando meus pensamentos

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The Emperor's Empress  ⎮Claude de Alger Obelia Onde histórias criam vida. Descubra agora