Capítulo 12

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(Ponto de vista de Athanasia)

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(Ponto de vista de Athanasia)

Cinco dias se passaram desde que tive aquele estranho encontro com a Imperatriz Odette. Eu ainda não sabia muito sobre ela, e para ser sincera, não tinha certeza se queria saber. Ela era diferente de qualquer outra pessoa no palácio — fria, calculista, mas, ao mesmo tempo, havia algo nela que me fazia querer entender o que se passava por trás de seus olhos afiados.

Durante esses dias, minha rotina não mudou muito. Lily continuava a cuidar de mim com a mesma ternura de sempre, e eu passava meus dias lendo ou explorando os jardins nos momentos em que tinha um pouco de liberdade. Meu pai… bem, ele continuava o mesmo. Distante, inacessível, e sem sequer saber que eu existia de verdade. Não que eu esperasse algo diferente, claro.

Mas hoje era diferente. Eu tinha sido convidada para um chá no jardim. Com a Imperatriz. Quando Lily me contou sobre o convite, eu quase recusei, mas algo me dizia que seria melhor ir. Além disso, eu sabia que não era uma boa ideia contrariar alguém como Odette. Havia algo de intimidador nela, algo que me fazia sentir… pequena.

Enquanto caminhava pelo jardim ao lado de Lily, eu olhava para o chão, tentando manter meus pensamentos longe do que poderia acontecer. Por que ela queria me ver? Ela nunca tinha se interessado por mim antes, então, por que agora?

Quando cheguei ao local, Odette já estava lá, sentada elegantemente sob uma pérgula coberta de hera. O jardim parecia perfeito, como se cada detalhe tivesse sido cuidadosamente planejado para criar uma atmosfera acolhedora, mas ao mesmo tempo imponente. As rosas ao redor brilhavam em um vermelho intenso, e o cheiro doce das flores preenchia o ar.

Ela me observava enquanto eu me aproximava, e eu senti meu estômago revirar. Aquele olhar… Era como se ela estivesse tentando me ler, como se cada movimento meu estivesse sendo analisado. Eu hesitei, mas Lily me encorajou com um leve toque no ombro, então continuei andando.

— Vossa Majestade — murmurei, fazendo uma reverência rápida e mantendo meus olhos no chão. Eu não sabia o que ela queria, e sinceramente, estava nervosa demais para levantar o olhar.

Ela sorriu, mas foi um sorriso pequeno, quase imperceptível.

— Sente-se, Princesa Athanasia. Fico feliz que tenha aceitado meu convite.

"Feliz?" Pensei comigo mesma, meio confusa. Não parecia algo que ela realmente sentia, mas mesmo assim, me sentei na cadeira ao lado dela. Tudo ali parecia caro e sofisticado, desde as xícaras de chá até os pequenos doces que estavam dispostos na mesa. Eu mal sabia por onde começar.

Enquanto Lily se afastava, mantendo-se perto o suficiente para me ajudar, Odette continuou a falar em seu tom suave e controlado. Ela era muito diferente de outras pessoas do palácio. Tinha uma maneira calma de se expressar, mas, ao mesmo tempo, algo nela me deixava nervosa.

— Espero que goste do chá. É uma das minhas seleções favoritas, vinda diretamente dos jardins do sul do império.

Eu olhei para a xícara, tentando não parecer desconfortável, e murmurei um "obrigada". Minhas mãos estavam levemente trêmulas enquanto levantava a xícara para tomar um gole. O chá estava delicioso, mas a tensão no ar me fazia perder um pouco do gosto.

Por que ela me convidou aqui? Não era como se eu fosse importante ou algo assim. Papai mal olhava para mim, e os outros no palácio me tratavam como se eu fosse invisível. Não fazia sentido para mim.

Odette me observava de perto, seus olhos pareciam analisar cada movimento meu, cada palavra. Finalmente, ela falou de novo, o tom casual, mas ainda assim, eu sabia que aquela era uma conversa que exigia cuidado.

— Athanasia, como tem passado? — ela perguntou, tomando um gole de seu chá, como se não fosse uma pergunta importante. — O palácio pode ser um lugar solitário às vezes.

Solitude. Ela não tinha ideia do quão solitário podia ser.

— Eu… estou bem, Vossa Majestade — respondi, mantendo o olhar baixo. Não sabia como responder a algo assim sem parecer ingrata ou boba. — Lily cuida muito bem de mim.

Houve um silêncio, e eu senti o olhar dela sobre mim como um peso. Ela parecia estar esperando algo. Finalmente, ela voltou a falar, seu tom mais suave.

— E seu pai? Ele tem dedicado algum tempo a você ultimamente?

Papai? Aquela pergunta me pegou de surpresa, e por um momento, meu coração apertou. Ela sabia? Sabia o quanto ele me ignorava, o quanto ele fingia que eu não existia? Eu engoli em seco e tentei esconder a dor em minha voz.

— O papai… ele está muito ocupado. Mas eu entendo — menti, ou pelo menos, tentei acreditar nisso. Porque se eu admitisse que isso me machucava, que sua ausência me corroía por dentro… talvez eu quebrasse.

Odette me observou por mais um momento, como se estivesse tentando ler cada parte de mim. Seu olhar era intenso, mas havia uma coisa estranha nele — algo que eu não conseguia decifrar.

— Eu entendo. Ele tem muitas responsabilidades, é verdade — ela disse, finalmente desviando o olhar. — Mas saiba, Athanasia, que você não precisa carregar essa solidão sozinha.

Suas palavras me surpreenderam. Por que ela estava dizendo aquilo? Não fazia sentido. Ela, de todas as pessoas, sabia o quão cruel podia ser viver neste palácio, então por que se importaria comigo?

— Vossa Majestade… — comecei a dizer, mas parei. Não sabia o que mais dizer. Eu estava confusa, e tudo aquilo parecia tão fora do comum.

— Você pode me chamar de Odette — ela interrompeu, seu tom mais suave agora. — Estamos em uma ocasião informal, afinal.

Odette? Eu pisquei, surpresa com a súbita mudança no tom dela. Nunca ninguém no palácio me tratava com tanta... casualidade. Estava acostumada a ser ignorada, ou no máximo, tratada com a formalidade que minha posição exigia.

— Sim, Vossa Maj… quero dizer, Lady Odette — respondi, ainda sentindo o peso da estranheza daquela situação.

Ela sorriu, mas foi um sorriso pequeno, como se estivesse escondendo algo por trás dele. E naquele momento, eu percebi que, talvez, Odette não fosse apenas mais uma peça fria do palácio. Ela era algo mais. Algo que eu ainda não compreendia, mas que certamente deveria tomar cuidado.

 Algo que eu ainda não compreendia, mas que certamente deveria tomar cuidado

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The Emperor's Empress  ⎮Claude de Alger Obelia Onde histórias criam vida. Descubra agora