CAPÍTULO 9

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Fiquei paralisada por um instante, encarando o bilhete com uma mistura de medo e raiva. O apelido "princesa" ecoava na sua mente, trazendo à tona memórias que ela preferia esquecer. Respiro fundo, tentando controlar o tremor nas mãos. Não podia deixar que o passado voltasse para controlá-la, muito menos permitir que alguém se aproveitasse da situação para machucar Arthur. Era óbvio quem estava por trás dessa ameaça velada, e esse simples pensamento me deixava aflita.

Não posso permitir que ele se aproxime de Arthur. Entro em casa e vou direto tomar um banho, com a constante sensação de estar sendo observada a cada passo dado até o ambiente.

- Sofia ! - ouço meu pai chamar

- Sim? - respondi em tom de pergunta.

- Preciso que me ajude com as coisas aqui na garagem - disse ele, a voz grave, mas tranquila, sem perceber a tensão evidente em Sofia.

Respiro fundo, tentando apagar a sensação inquietante que sentia desde que lera o bilhete. Com o coração acelerado, a água do banho não foi suficiente para acalmar os pensamentos confusos. Ela sabia que precisava parecer normal, pelo menos por enquanto. Seu pai não podia desconfiar de nada, muito menos Arthur.

- Já vou, pai! - respondo, tentando soar o mais calma possível.

Respiro fundo mais uma vez, enxugando o rosto com a toalha. Preciso me recompor, pensou. Saiu do banheiro, vestindo-se rapidamente antes de descer as escadas. O pai já estava na garagem, ajeitando algumas caixas com o nome da empresa impresso em etiquetas desgastadas pelo tempo.

- Pode me ajudar com essas caixas, Sofia? - perguntou ele, com um sorriso cansado, mas carinhoso.

- Claro, pai - respondo, aproximando-me. Tento manter o ritmo da respiração controlado, mas minha mente ainda estava presa ao bilhete.

Pego uma das caixas, sentindo o peso dela nos braços. Seu pai parecia alheio à sua inquietação, o que era um alívio. Ele não pode saber... nem Arthur.

Enquanto levava a caixa até o porta-malas do carro, Sofia fingia estar concentrada no trabalho. Cada movimento era mecânico, automático, mas seu coração batia rápido, e o pensamento voltava repetidamente para as palavras do bilhete.

- Está tudo bem? Você parece distante - perguntou o pai de repente, interrompendo o silêncio.

Sofia gelou, mas rapidamente esboçou um sorriso falso.

- Só estou cansada - mentiu, esperando que ele não insistisse.

Meu pai pareceu acreditar, e agradeci mentalmente por isso. O alívio foi breve, mas suficiente para eu continuar com o que precisava fazer. Peguei outra caixa, concentrando-me em não demonstrar a agitação que crescia a cada segundo.

- Obrigado, filha. Você sempre me salva com essas coisas - ele disse, sorrindo enquanto ajeitava o que já havia sido colocado no carro.

- De nada, pai - respondi, tentando corresponder ao sorriso, mesmo que meus pensamentos estivessem a quilômetros de distância.

Depois de ajudar e manter as aparências, finalmente fui para o meu quarto. O peso das horas daquele dia se acumulou em meu corpo, e me joguei na cama, esperando que o sono me libertasse da confusão.

Estava de volta na garagem. As luzes tremeluziam, como se algo estivesse prestes a explodir. O ar era pesado, difícil de respirar, e um som de gotejamento constante ecoava, como se o espaço estivesse inundando.Olhei ao redor, tentando entender o que acontecia,as caixas, que antes estavam organizadas, agora estavam espalhadas e destruídas, como se algo ou alguém as tivesse arrebentado. O chão estava coberto por um líquido escuro e espesso, subindo lentamente até os meus joelhos. O som do gotejamento continuava, mais forte agora, cada gota caindo com o peso de um trovão.

𝐃𝐞 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐚𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨  Onde histórias criam vida. Descubra agora