CAPÍTULO 10

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Tento acalmar meu coração, foi apenas um sonho ruim, não vai acontecer nada.

- Sofia ! - ouço minha mãe chamar ao bater na porta do meu quarto. - Você vai se atrasar!

- Já vou ! - levanto da cama ainda com as lembranças do sonho em minha mente, como se aquelas imagens estivessem gravadas em minha mente.Tento afastá-las enquanto tomo banho, porém a sensação de algo errado continua latejando, como uma sombra persistente em meu peito. O sol da manhã começava a invadir o quarto, tingindo as paredes de um tom alaranjado suave. Me sinto desconectada de tudo ao meu redor, como se travasse uma batalha entre o real e o imaginário.

Visto o uniforme, o som familiar do café da manhã ecoava pela casa, misturado com o som da televisão na sala. Saio do quarto indo em direção da cozinha.

- Você não está com uma aparência boa, dormiu direito à noite ?

- Sim... Foi apenas um pesadelo. - à mesma seguiu preparando o café, meu pai que antes estava na sala agora estava tomando seu copo de café seguindo rumo ao trabalho.

- Quer carona ? Posso te deixar no colégio antes de ir trabalhar. - disse o mesmo

- Não precisa, vou pegar o ônibus com a Sam.

- Certo, boa aula querida - depositou um beijo no topo de minha cabeça e seguiu para garagem. Concluo o café e sigo até o ponto de ônibus, tinha que conversar com a Sam urgente.
O caminho até lá era completamente tranquilo, entretanto desde que acordei pela manhã tenho sentido algo me observando, talvez seja coisa da minha imaginação ou simplesmente medo do pesadelo. Pesadelos assim eram frequentes pra mim, porém o da noite passada foi o pior que já tive, talvez pelo fato de envolver outras pessoas além de mim, envolver quem eu goste ou me preocupo de alguma forma.
Ao chegar ao ponto de ônibus, encontro Sam sentada no banco de metal, distraída com o celular. Ela parece estar rindo de algo, os fones nos ouvidos, e nem percebe minha aproximação. Respiro fundo, tentando afastar a sensação inquietante que ainda pesa sobre mim, mas as imagens do pesadelo continuam se repetindo como flashes.

- Oi, Sam - chamo sua atenção, tentando soar normal. Ela tira um dos fones e me olha com um sorriso.

- Oi, Sofia! Nossa, você tá com uma cara de quem não dormiu nada... O que houve?

Mordo o lábio, sem saber por onde começar. Sam sempre foi minha amiga mais próxima, a pessoa que sempre entende o que estou sentindo, mas nem eu sei explicar o que realmente aconteceu naquela noite.

Sam olha para mim com aquela expressão de preocupação, e isso me dá coragem para tentar contar.

- Foi só um sonho ruim - começo, mas as palavras não saem tão simples assim. - Quer dizer... foi mais do que isso, sabe? Foi tão real. Eu não consigo parar de pensar.

Ela assente, me incentivando a continuar.

- Parecia um pesadelo normal no início, mas depois... as coisas mudaram. Não era só eu. O Arthur estava lá, e tinha uma sombra - minha voz falha um pouco. - Como se algo estivesse atrás de nós, como se estivesse tentando nos pegar. Eu não conseguia ajudar ele, era algo inevitável.
Sam franze o cenho, seus olhos castanhos captando a seriedade no meu. Ela coloca a mão no meu ombro, num gesto de conforto.

- Sofi, talvez tenha sido só um pesadelo, mas isso parece ter mexido mesmo com você.

Concordo com a cabeça, mas ainda sinto aquela sombra me rondando. Olho ao redor, o ponto de ônibus ainda vazio, exceto por nós duas. O dia claro deveria me fazer sentir segura, mas algo parece fora do lugar. Tão fora de lugar quanto no sonho.

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⏰ Última atualização: Nov 02 ⏰

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𝐃𝐞 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐚𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨  Onde histórias criam vida. Descubra agora