Acidente | Pejão

15.

Pov' Pedro

Já é de noite, e hoje João volta para casa, e faz algumas horas que estou andando de um lado para outro nessa casa tentando deixar tudo pronto para sua chegada. Estou sozinho em casa e nossos amigos não param de mandar mensagem perguntando se ele já chegou. Eles fizeram um tipo de esquema de cada dia vem um deles para ver o João, para aos poucos ele se recordar sem ter tanta pressão, espero muito mesmo que dê certo.

Giovana foi ontem vê-lo, ela voltou aos prantos. Ele se lembrava dela e de praticamente tudo da infância deles. Passamos a noite comendo hambúrguer e chorando bastante, ela está com medo dele nunca se lembrar do que viveu para chegarmos aqui. Até porque, ele ainda não sabe sobre sua fama e isso é uma coisa em que me preocupo bastante. Era óbvio que não ia ser na primeira vez que eu fosse ver ele que eu diria sobre tudo, mas também, não sei o momento ideal para isso. Só sei que agora que ele vai sair do hospital, tudo vai ser mais difícil, alguns fãs descobriram o hospital dele e já foram lá para tentar vê-lo.

Tivemos que postar no QG sobre isso pedindo para não se repetir, e aparentemente eles entenderam. Mas ainda é muito difícil quando no twitter só se fala disso, o tempo todo, e não apenas lá, mas tem os jornais e todo esse lance. Alguns jornalistas estão há dias na porta do hospital para dar cobertura sobre o assunto e por mais que dissemos para isso não acontecer, que atualizariamos sobre tudo pelo QG, eles nos ouvem e permanecem lá. Giovana pensa em chamar a polícia para isso e sinceramente não sei.

Não sei qual vai ser o momento certo para contar para ele sobre, mas sei que pode acontecer logo, até porque suas premiações continuam aqui em uma prateleira e todos seus presentes de fãs também, além de tudo que guardamos durante todos esses anos. Achei melhor não guardar para a volta dele, porque quero que ele se lembre da casa como antes, e sinto que se eu guardar pode ser mais difícil. Alguém bate na porta e logo já a abre, meu coração dispara assim que eu o vejo.

-Oi Pedro, tudo bem? -Dona Catarina diz com um sorriso assim que entra juntamente com a Isa, Carlos e João.

-Oi sogra,tudo bem sim. -Digo dando um abraço nela e só depois penso sobre ter dito o "sogra" na frente do João, tudo ainda é estranho e não sei como ele se sente sobre o nosso relacionamento. Dou um abraço no meu sogro e na Isa, logo dou um em João também que me abraça de volta. -Como você está?

-'Tó estranho, e com minha cabeça doendo, mas estou bem. -Ele diz baixo ainda em meus braços, algo me dizia que ele não iria retribuir o abraço, mas pelo ao contrário, ele não me solta.

-Bom, temos que ir para terminar de resolver tudo bom o hospital. Peu, você avisa qualquer coisa? -Seu Carlos diz para mim assim que soltamos o abraço.

-Aviso sim, pode deixar. -Digo com um sorriso simpático.

-Se cuidem. -Isa diz sainda da casa, ela está segurando um choro. Minha sogra logo vai atrás dela e depois de um abraço ao filho, seu Carlos também vai.

-Quer que eu te reapresente a casa? -Pergunto e ele assente. -Ok, antes de tudo, vem ver seus filhos.

-Estava ansioso para esse momento. -Ele diz com um sorriso. Todos eles estavam reunidos no sofá, então eu o levo para lá. -Ai meu Deus. -Ele fala separadamente.

-Essa é a Chicória, Quito, Santiago e Vicente, nossos filhos. -Digo e ele abre um sorriso acariciando todos.

-Queria que meu outro braço não estivesse enfaixado para poder apertar todos de uma vez só! -Ele diz olhando para eles, que ronronam.