Capítulo 10 - Vai dormir, Castiel

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Agatha

Deitada na grama, deixo o som dos grilos preencher o silêncio ao meu redor. É um alívio estar aqui, longe de tudo; mesmo que seja tentando meditar, algo que deveria amar, mas só me dá sono. Talvez isso seja bom, certo? A calmaria se instala lentamente, e pouco a pouco começo a relaxar. Ajusto minha postura, unindo as mãos em frente ao corpo para me desligar de tudo.

Mas, claro, o que eu mais temo sempre acaba acontecendo.

Ele. 
Os olhos dele. 
A boca dele. 
Eu penso. Nele.

E o pensamento vem tão forte que parece sufocar todo o resto.

A imagem dele é tão nítida que posso quase inspirar seu perfume inconfundível. Aquele cheiro irritante e envolvente do príncipe arrogante parece grudar em minha mente. Um calor sobe pelo meu corpo e eu faço uma careta de desagrado, tentando afastar a sensação.

— Sai... — Murmuro, balançando os ombros em uma tentativa frustrada de me livrar da presença invisível.

Com os olhos ainda fechados, escuto uma voz familiar. É a voz de Castiel! Tapo os ouvidos, certa de que estou ouvindo coisas. Mas os sons continuam a se aproximar, e, aparentemente, ele não está sozinho.

— Aproveitando sua conexão única com a natureza, Agatha? — Castiel estala a língua em deboche e eu abro os olhos de uma só vez. — Você parece não estar muito concentrada…

Caramba! Ele está lindo outra vez, exibindo os lábios rosados e vivos, com aquelas mechas rebeldes caindo sobre o rosto de forma quase... provocativa.

CARAMBA!

— Sim, e você não deveria atrapalhar isso, Alteza. Especialmente agora, que está em perfeitas condições para ser atacado. — Tento manter a compostura, embora a minha irritação seja bem visível.

Outro macho aparece atrás dele. É o seu irmão mais novo, que conheço de vista. Ele também é bonito, mas não chega aos pés de Castiel.

Ergo o rosto e dou um leve aceno.

— Olá, tudo bem? – Cumprimento o garoto e ajeito a capa ao redor do vestido, garantindo que minha pele não fique exposta. Não sei como agir, eu deveria fugir?

— Melhor agora. — Adrian retruca com um sorrisinho. Percebo que o olhar de Castiel dispara em sua direção como uma flecha, e ele imediatamente muda a postura. De repente, Adrian está estranhamente sério. — Prazer, Adrian. Irmão mais novo do Castiel. E o mais bonito, claro.

Me sinto pressionada a levantar para não parecer mal educada. Adrian é uma fada, mas está sendo gentil.

— Eu também sou irmã mais nova da Adeline, mas só por alguns segundos, então não sei se conta. — Brinco, estendendo a mão para ele. — E somos idênticas, então não posso ser mais bonita.

Antes que Adrian possa prosseguir com a conversa, Castiel se aproxima. Ele toca meu cabelo de um jeito atrevido, e estou brava. Até agora, minha noite estava seguindo razoavelmente normal. Nossos olhares se encontram, e sei que sua aparição se estenderá até os meus sonhos.

— Pensei que vocês meditavam para se acalmar. — Ele diz, enquanto seus dedos levantam uma das minhas mechas douradas com uma naturalidade irritante. — O que a deusa vai pensar se você me atacar?

— Ela vai ficar do meu lado, tenho certeza. — Tento soar firme, mas não sou boa em disfarçar o nervosismo que me atravessa.

Desvio o olhar, o coração acelerado e os pensamentos embaralhados. Estou completamente atordoada, sentindo todas as coisas erradas na hora errada. Ele precisa ir embora!

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