Capítulo 3

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Draco puxou as mangas engomadas de seu paletó fungando, endireitando as abotoaduras, embora estivessem perfeitamente planas. Ele lutou contra a vontade de andar pela calçada ou verificar seu relógio de pulso mais uma vez, pois isso pareceria feio, mas ele estava marcado para se encontrar com Potter há três minutos e meio e não havia sinal do bastardo. Havia poucas coisas no mundo que Draco odiava mais do que atrasos, mas não era surpresa que Potter não se importasse com educação ou decoro.

Draco participou de vários eventos, como a Gala anual de Fundações para Futuros do Ministério, ao lado de Noah. Ele também estava bem ciente de que quando Potter se preocupava em aparecer para essas coisas, ele chegava elegantemente atrasado, ou, na maioria das vezes, bem além da moda e simplesmente atrasado. Claro, Draco nunca passava mais do que meros momentos de seu cobiçado e valioso tempo se perguntando por que Potter chegava às funções uma hora depois, parecendo varrido pelo vento e amarrotado com o colarinho desfeito – não enquanto Draco passava aquelas noites nos braços de Noah. Mas era difícil ignorar Potter completamente quando todos os olhos e lentes das câmeras giravam em sua direção, não importando a hora que ele chegasse.

Um arrepio de excitação nervosa agitou-se na boca do estômago de Draco com o pensamento. Eles teriam acesso ao mesmo tratamento; afinal, esse era o propósito de seu pequeno estratagema. Haveria fotos e a notícia sairia: Draco Malfoy acompanhou Harry Potter ao Gala do Ministério. Noah ia cagar nas calças de poliéster e Draco mal podia esperar.

Isso se Potter aparecesse.

— Esperando por alguém, meu querido?

Draco se virou para encontrar uma mulher enrolada em muita pele e veludo para julho, pairando perto de seu cotovelo. O olhar curioso em seu rosto enrugado mal era visível atrás de uma nuvem de fumaça de cigarro azulada.

— Ah, senhora MacDougal. Quase não vi você aí, espreitando entre as sombras.

Ela bufou, sua boca pintada se esticando em um sorriso esquelético.

— Eu? Nas sombras? — Ela ajustou as pesadas pérolas em seu pescoço para que elas refletissem a luz do sol que se desvanecia. — Você só diz isso porque seus olhos estão tão fixos na estrada. Quem é tolo o suficiente para deixar você esperando?

Um sorriso malicioso apareceu no rosto de Draco. Ele sempre gostou de Pruenella MacDougal, para desgosto de Narcissa. Ela era uma presença constante na Mansão quando Draco era menino. Seja no clube do livro de mulheres de sangue puro ou no bridge nas manhãs de sábado, Madame MacDougal estaria lá, bebendo absinto em um copo minúsculo e fumando seus cigarros encantados em uma longa piteira de jade. Draco a observava de seu esconderijo atrás das cortinas, e ela soprava fumaça em forma de animais de circo para ele até que Narcissa o enxotou de volta para seu quarto.

Como o último membro vivo da muito respeitada família MacDougal, e por mais puro-sangue que fosse, Madame MacDougal tinha convite garantido para quase tudo, mas era aí que seu decoro terminava. Ela nunca se casou, nunca gerou um herdeiro e declarou a qualquer um que quisesse ouvir que ela orgulhosamente provocaria o fim de sua linhagem, porque qual a importância do sangue puro em um mundo tão vasto como o deles? Draco a admirava por isso, e ela fazia companhia divertida em alguns dos eventos mais chatos.

— Você não acreditaria em mim se eu te contasse — Draco disse.

— Espero ansiosamente pelo dia em que Draco Malfoy surpreenderá uma velha corvo como eu — disse ela. Uma de suas sobrancelhas finas como um lápis se contraiu.

Um estranho rugido mecânico ecoando pela rua estreita abafou a resposta cortante posicionada na ponta da língua de Draco. Draco se virou e viu um borrão de metal preto vindo em direção a eles. Ele pulou para trás por instinto, estendendo a mão para tirar Madame MacDougal do perigo, mas a máquina parou bem na frente deles.

Chasing Dragons | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora