Capítulo 12

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A cirurgia de Mary Melgren estava marcada para a manhã de segunda-feira. Enquanto isso, Draco passou todos os momentos acordados, e alguns que deveria ter passado dormindo, se preparando. Ele dividia o horário entre seu escritório, o escritório muito superior de Marcus, ou enroscado na poltrona ao lado da lareira fria de seu apartamento, com o nariz enterrado entre as páginas de textos médicos.

Se pressionado, Draco admitiria que estava evitando quaisquer pensamentos insidiosos sobre Harry Potter. Mas Potter, o bastardo sorrateiro que era, rastejava entre as barras de ferro que Draco havia fechado em sua mente e aparecia nos momentos mais inoportunos. Isso só deixou Draco determinado a se concentrar mais, porque a ideia de encarar Potter novamente como um fracasso parecia muito desagradável.

Marcus foi tão obstinado quanto Draco em seus preparativos. Eles discutiram todas as abordagens possíveis, possíveis efeitos colaterais, momento e como as coisas poderiam dar errado ou, de preferência, dar certo. Eles agonizaram com estudos de caso e livros de feitiços até que seus olhos ficaram vermelhos e suas vozes roucas.

Draco e Marcus concluíram que com uma combinação de feitiços complexos de tricô de carne, feitiços de estase, técnicas cirúrgicas trouxas e feitiços de regeneração celular, eles poderiam conseguir. A magia usada seria tanto um trabalho de feitiço contemporâneo quanto uma antiga magia de cura, na qual Draco era bem versado. Mas também significava que Draco precisava lançar vários feitiços simultaneamente enquanto Marcus fazia a cirurgia – um bisturi em uma mão e sua varinha na outra.

Ia funcionar. Tinha que funcionar.

Mary Melgren chegou ao Mungos com cara de pedra e pontual. Suas mãos não tremeram enquanto ela completava a papelada de admissão, nem hesitou quando lhe ofereceram uma bata de hospital. E quando a Medibruxa lhe deu a poção que a faria dormir, ela acenou com a cabeça uma vez para Draco e Marcus, bebu o frasco com o líquido verde e se deitou. Ela caiu inconsciente apenas um momento depois.

Ao lado de Draco, Marcus respirou fundo.

— Ela é corajosa.

— Então vamos fazer com que valha a pena, certo? — Draco já estava com a varinha em mãos.

— Ao seu comando, capitão — Marcus disse, sacando sua própria varinha, jogando-a no ar e pegando-a com um floreio.

Draco não tinha coragem de ficar irritado com a teatralidade irreverente de Marcus porque, embora ele nunca dissesse isso em voz alta, ela aliviou um pouco o buraco de víboras em seu estômago.

A cirurgia durou quatro horas. Foi mais longo do que Draco estava acostumado, embora a magia em si não fosse tão desgastante como quando curou Potter ou Weasley. Foi, no entanto, um trabalho delicado e cuidadoso – o tipo de feitiço complicado que exigia concentração inabalável para navegar pelas técnicas manuais de Marcus. Mas Draco foi inabalável. Quando o feitiço de estase de Marcus falhou e ele soltou um suspiro de frustração, Draco redobrou seus esforços. Ele lançou em nome de Marcus e ignorou a sobrancelha levantada cética do outro Curandeiro e o balançar incrédulo de sua cabeça.

O fracasso não era uma opção. O sucesso não significava apenas a oportunidade de esfregar em seus rostos presunçosos as inovações tão questionadas pelo Conselho (embora ele quisesse isso desesperadamente), mas Draco também precisava provar isso para si mesmo. Ele precisava saber que o trabalho que consumiu sua mente, moldou sua vida, influenciou toda a sua abordagem à medicina, não foi em vão. Abriria as portas para novos campos de estudo, de cooperação entre ciência e magia – uma nova face para o futuro da Cura. Mas por trás de todos aqueles sonhos elevados de grandeza e reconhecimento tão esperado, havia um núcleo de esperança que dizia a Draco que se ele pudesse curar Mary Melgren, ele poderia curar Harry Potter.

Chasing Dragons | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora