Somos livres, e este é o inferno.
—Clarice lispector
Suspirei, sentindo suas mãos que, da cintura, haviam descido para o meu estômago, seus dedos largos acariciando minha pele. O carro ainda estava no beco e tudo estava escuro.
Pude sentir sua respiração agora mais próxima do meu pescoço, e meus pelos se arrepiaram. Borboletas brincavam em meu estômago, e me senti uma completa idiota por estar gostando disso.
— Se eu realmente sou sua v-voc... — seus lábios tocaram a parte sensível do meu pescoço e eu apertei os lábios.
Minhas mãos seguraram a dele com força, e fechei os olhos, deixando meu pescoço mais exposto para receber mais beijos como aquele, mas Nikolas sequer os deu novamente. Ouvi sua risada baixa e, abrindo os olhos, me virei em seu colo e o encarei.
— Eu não vou te tocar — ele disse, trazendo o rosto mais perto do meu, e achei que ele me beijaria. — Não agora.
Ele se afastou, retirando as mãos do meu estômago e as colocando de volta na minha cintura. Ainda corada, saí do seu colo e me ajeitei no banco ao lado dele.
— Por que você me tirou de casa? — perguntei.
— Porque eu quero te levar a um lugar — respondeu, o tom de voz sério.
Eu estava prestes a perguntar onde ficava esse maldito lugar, mas parei ao me assustar com as luzes dos faróis se acendendo. O barulho alto do motor roncou, e ele deu ré, retirando o carro do beco. Seguimos por ruas desertas.
Os minutos pareciam horas, e ele sequer trocou uma palavra comigo, mas pude perceber um certo incômodo nele, e o encarei, analisando seu desconforto.
Meus olhos pousaram em um grande volume na sua calça e corei ao perceber que seu incômodo era aquilo. Eu não era tão ingênua para não saber o que era, mas me senti um pouco estranha por achar que talvez eu tivesse sido a causadora da excitação dele.
— Ele ficou excitado — sussurrei, achando que apenas eu escutaria, já que tinha saído tão baixo.
— E você não precisou fazer nada pra me deixar assim — murmurou, sem desviar os olhos da estrada.
Fiquei em silêncio por um momento e umedeci os lábios, passando a língua neles. Desviei o olhar para a estrada e vi que estávamos na entrada de uma imensa casa. Na verdade, isso não pode ser chamado de casa, mas sim de mansão.
Nikolas estacionou o carro perto da imensa porta que dava para dentro da casa. Ele desceu, me deixando confusa, e logo veio até o meu lado, abrindo a porta e estendendo a mão para eu segurar.
Estendi a minha, segurando a sua, e desci do veículo. Olhei ao redor e fiquei em choque. Prendi a respiração, sentindo que, se até mesmo respirasse, ele pudesse me atacar. Num movimento automático, me escondi atrás de Nikolas, tentando evitar o imenso tigre à nossa frente.
— Que porra é essa? — questionei, sentindo calafrios percorrerem meu corpo.
— Não sabia que você xingava — provocou, retirando minhas mãos de sua cintura.
Nem eu sabia! Aquilo era novo no meu vocabulário.
— Nikolas, isso não tem graça — fixei meus olhos no tigre, que caminhava lentamente até nós.
— Calma, pestinha, ele é... — pausou, acariciando a imensa cabeça do animal. — Um docinho.
Esse cara só pode ter batido a cabeça! Como é que um tigre pode ser manso? Fiquei imóvel, sem conseguir desviar o olhar, vendo o tigre se aproximar de mim. Em passos lentos, comecei a andar para trás.
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Sequestro de um amor
Roman d'amour🚨ESSA OBRA É UM DARK ROMANCE🚨 Raisha Matteolli uma jovem inocente, incapaz de perceber a maldade ao seu redor. Com uma vida quase perfeita, vê tudo desmoronar ao enfrentar eventos e revelações que a mudarão para sempre, muito além do que poderia i...