O Verde no Cinza(tradução)

Capítulo 21: Mitos e Lendas

De pé entre os retratos daqueles que vieram antes dele, Harry observou seu reflexo no espelho que estava colocado no canto da sala e assentiu contente. Ele não pôde deixar de se comparar aos homens que o cercavam, a elegância das vestes, o cabelo preto característico e os olhos em vários tons de cinza. Ninguém poderia dizer que ele parecia deslocado, um Black até os mínimos detalhes.

Arcturus insistiu que ele fizesse uso do solar do Lorde, um lugar que o próprio homem raramente usava. Era resplandecente, uma declaração física da riqueza e posição da família, um lugar que já havia sido usado para hospedar outros lordes importantes, embora não o fosse há muitos anos. Arcturus havia se tornado um recluso e o cômodo havia sido deixado para simplesmente acumular poeira. Harry o havia restaurado à sua antiga glória, pronto para quando surgisse a necessidade de usá-lo.

Hoje era um dia desses. Ele não estava recebendo ninguém em casa, mas estaria aproveitando um dos benefícios que vinham com ser um Senhor da terra. Ele estaria usando a lareira para comparecer à sua primeira reunião de Wizengamot, para anunciar sua herança do título concedido a ele.

Era improvável que muitos ficassem contentes com a notícia, particularmente aqueles que passaram boa parte de suas vidas de quatro, prostrando-se diante de um megalomaníaco. Harry se viu saboreando o pensamento da surpresa e do clamor em sua aparição nas câmaras sagradas, mesmo que apenas para silenciar aqueles abaixo dele da maneira como ele havia sido ensinado.

Verificando seu relógio, ele se deu uma última olhada no espelho antes de ir em direção à lareira. Jogando um punhado de pó de flu nas chamas, elas brilharam em um verde brilhante enquanto ele limpava a garganta.

"Câmaras da Suprema Corte", ele gritou em voz alta e entrou.

Como regra, ele nunca viajava usando esse método se pudesse ser evitado. Até onde ele conseguia se lembrar, ele tinha dificuldades para viajar pela rede. Sua expulsão do outro lado tendia a ser violenta, para dizer o mínimo. Ao longo dos anos, antes de receber sua licença de aparição, ele conseguiu controlá-la melhor, mas isso nunca seria uma preferência. Ele preferiria voar pelo globo do que viajar por flu.

Ele tropeçou levemente ao ser ejetado para dentro das câmaras, câmaras tão cheias que sua aparição passou completamente despercebida. A sala só podia estar lotada, todos os assentos na galeria pública ocupados por membros da imprensa e do público, com sorte o suficiente para testemunhar o espetáculo de um novo ou permanente Ministro sendo instalado. Ainda assim, a presença de Harry não foi notada até que ele limpasse metade do chão entre a lareira e o assento que sua família ocupava há séculos.

O primeiro a tomar nota de sua chegada foi o Chefe Bruxo, cujos olhos arregalados o cumprimentaram até que ele se recompôs com uma reverência em sua direção. Harry retribuiu o gesto respeitosamente, como era esperado. Foi um gesto vazio de sua parte, achando difícil reunir qualquer coisa que se assemelhasse a respeito pelo homem que havia sido a causa de grande parte de seu infortúnio. Dumbledore, no entanto, não era importante hoje. Seu foco estava no homem que estava circulando entre os outros membros das famílias políticas mais leves. James Potter era uma bela figura, um rosto severo e vestes quase tão vermelhas quanto sangue. Ele era o epítome de como um ministro deveria ser, completamente contrário ao bufão barrigudo que o precedeu. Independentemente dos sentimentos confusos em relação ao homem, ele não conseguia pensar em ninguém mais preparado ou com melhor razão para querer a posição.

Sem dar mais atenção a James, ele se aproximou de seu assento na primeira fileira, entre as famílias mais escuras, lutando contra a vontade de sorrir diante da reação que recebeu. Ele se sentou em sua cadeira, evitando pessoas como Malfoy, que havia enrijecido ao lado dele, e Nott, que havia começado a se remexer em seu assento do lado oposto.