Isadora Rizzo Lombardi
Flashback On
A despedida foi mais difícil do que eu imaginava. Naquela manhã, o calor típico de Campo Grande parecia sufocante, mas não mais do que o aperto em meu peito. Eu olhava para Arthur, que estava encostado no carro com a mochila sobre o ombro, segurando o violão como quem segurava um pedaço de sua alma. Seus olhos brilhavam de esperança, e eu sabia que, por mais que doesse, ele precisava ir.
-Eu vou sentir sua falta. - disse, tentando manter a voz firme, mas sentindo as lágrimas ardendo nos meus olhos.
Arthur sorriu, aquele sorriso que sempre me desarmava. -Eu também. Mas você sabe que é só o começo. Quando as coisas derem certo, eu volto... quem sabe a gente não recomeça tudo? - falou tentando me passar confiança.
Eu concordei, mas uma parte de mim já sabia que aquela promessa era apenas uma ilusão. A vida dele estava tomando outro rumo, e a minha também tinha meus próprios caminhos a seguir, meus sonhos e objetivos. Antes dele entrar no carro, nos beijamos, abraçamos e ficamos juntos até o último segundo, então, quando eu e ele sabia que não tinha mais para onde correr, Arthur entra no carro, acenou uma última vez, e partiu.
{...}
Nos dias seguintes, tentei voltar à rotina. As aulas na faculdade de medicina, os plantões no hospital, tudo parecia um borrão. Mas o vazio deixado por Arthur era algo que eu não conseguia preencher. Sentia falta dele a cada música que ouvia, a cada lembrança que surgia de repente em sua mente.
Foi em uma manhã qualquer, enquanto se preparava para mais um dia de aula, que seu corpo começou a dar sinais estranhos. O enjoo constante, a tontura ao levantar da cama. No início, pensei que era o cansaço acumulado, afinal, a resistência exigia muito de mim. Mas com o passar dos dias, os sintomas se intensificaram.
O teste de gravidez ficou positivo em segundos.
Me sentei no chão do banheiro, com o coração disparado. As lágrimas vieram antes que pudesse segurá-las. A notícia me pegou de surpresa de uma forma que eu nunca poderia ter imaginado. Estava grávida de Arthur. Com certeza era da última noite que passamos juntos.
Minha mãe, que nos últimos dias vinha suspeitando do meu cansaço, chegou de supetão com os testes. Lógico que não iria dar negativo, onde que uma médica obstetra iria errar, né?
⁃Isa, não fique assim. - Disse acariciando as costas da filha. - Você tem que se acalmar. Ligar para o Arthur filha.
⁃Não mãe, não posso atrapalhar ele, não agora. - Funguei e limpei meu rosto. - E eu? Como vou conseguir terminar a minha residência?
⁃Minha filha, vou respeitar sua decisão, mesmo não achando correto você não conversar com a Arthur. - disse me ajudando a levantar. - Mais você tem a mim e o seu pai. Amanhã você vai lá na clinica comigo e vamos fazer todos os exames, certo? - acariciou o meu rosto e eu concordei.
Quando minha mãe saiu do meu quarto, me permiti chorar novamente, mais decidida da minha decisão, não vou atrapalhar o sonhos do Arthur.
⁃Eu vou ser forte, por mim e por você. - falei passando a mãe na minha barriga e logo peguei no sono.
Flashback Off
Presente - Campo Grande, 03:30 da madrugada
Tudo que queria nesse momento é minha cama e meu grudinho, estou saindo de um plantão de 24hrs, conclui minha residência em cardiologia, tive todo o suporte dos meus pais e graças a Deus estou onde estou hoje. Quando não tenho plantão, fico na clínica dos meus pais, cada um tem uma ala em sua especialidade, minha mãe é obstetra e ginecologista, meu pai é oftalmologista.
Com muitos plantões e não vou negar, com ajuda dos meus pais, tenho minha casa no condomínio dos mesmos, eles não fazem mais plantões, porque eles ja tem uma grande quantidade de pacientes e preferem estar no conforto da clínica, do que em um hospital agitado e as vezes meu príncipe acaba ficando com eles em algumas noites, mais claro que tenho ajuda de uma babá, dona Nina, ela era funcionária na casa dos meus pais e com o nascimento do Lucas, ela ficou para me ajudar dos primeiros dias e está comigo até hoje.
Com a cabeça encostada no banco do carro, ligoo rádio, buscando algum som que me ajudasse a relaxar no caminho para casa. Decidi deixar na rádio na cidade mesmo. O sertanejo tocava baixo, e por um momento, me perdi nos pensamentos, estava cansada, mas feliz. A vida com Lucas era tudo o que ela podia desejar. Ele era tão cheio de vida, tão parecido com o pai em alguns momentos, que às vezes me pegava lembrando de Arthur. Mas eram lembranças distantes, quase como uma outra vida, como seria se ela tivesse contado da gravidez para ele.
Eu sabia que Arthur conseguiu fazer sucesso, que ele estava no topo e tinha muito orgulho dele. Sei que ele tem várias casas em diversas cidades e países, fazendas, inclusive que ele tem uma casa no meu condomínio. Mesmo não querendo não saber, não tinha como, ele sempre estava nas páginas de famosos na internet.
Até que a voz do locutor me tirou de meus pensamentos.
"E para os fãs de sertanejo, uma notícia que todos estavam esperando! Arthur Mendes, o fenômeno da música sertaneja, estará de volta a Campo Grande para um show exclusivo. Isso mesmo, gente, Arthur Mendes retorna à sua cidade natal para uma apresentação única no próximo mês!"
O nome ecoou no carro, e por um segundo, fiquei paralisada. Arthur estava voltando. Eu tinha evitado qualquer menção a ele nos últimos anos.
E aí, o que vocês acham que vai acontecer quando o nosso astro de encontrar com a nossa medgata?
Votem e cometem muito, hein
Insta: web.strela
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Notas do Destino
RomanceIsadora, uma jovem médica recém-formada em Campo Grande, vive uma rotina intensa equilibrando sua carreira e a criação de seu filho, Lucas, de quatro anos. Anos atrás, quando ainda era estudante de medicina, ela viveu um romance apaixonado com Arthu...