O ambiente estava carregado de uma tensão que S/n não conseguia ignorar. Minho mal havia falado com ela desde que voltaram para casa na noite anterior, e o silêncio dele parecia gritar mais alto do que qualquer palavra.
Ela o espiava discretamente, enquanto ele mexia no celular, o rosto sem expressão, mas os ombros tensos denunciavam o que se passava em seu interior. Havia algum tempo que ela percebia o afastamento gradual entre os dois, e agora isso parecia inevitável. Algo estava errado, e ela não podia mais fingir que não via.
"Minho... o que foi?" A voz de S/n saiu hesitante, quebrando o silêncio desconfortável.
Ele hesitou em responder, permitindo que o silêncio se estendesse por mais alguns instantes, antes de deixar o celular de lado e fixar o olhar no chão. "Nada."
Essa resposta curta e vaga fez com que o coração de S/n apertasse. Ela sabia que não era "nada". Sabia que algo o incomodava, e a forma como ele estava agindo só confirmava suas suspeitas.
"Minho, eu sei que tem algo te incomodando," ela insistiu, aproximando-se com cuidado. "Você está me ignorando desde ontem à noite, e... eu não sei o que fiz de errado."
Ele finalmente olhou para ela, os olhos escurecidos com uma mistura de emoções que S/n não conseguia decifrar completamente.
"É óbvio o que você fez, S/n." Minho suspirou, cruzando os braços de forma defensiva. "Você acha que eu não percebo as coisas? Que não vejo como você anda toda sorridente e próxima daquele cara?"
O coração dela quase parou. "Do que você está falando?"
"Aquele cara do seu trabalho," Minho respondeu com uma frieza que ela não costumava ver nele. "Eu vejo como ele fica te cercando, conversando com você. E você não faz nada para afastá-lo."
S/n arregalou os olhos, surpresa com a acusação. "O quê? Minho, você está com ciúmes?"
"Ciúmes?!" Ele riu, mas o som saiu ácido. "Claro que estou. Você acha que eu gosto de ver outro cara tão próximo de você? E você age como se fosse normal, como se não tivesse nada demais."
Ela deu um passo para trás, sentindo o peito apertar. "Minho, ele é só um colega de trabalho. Eu... eu nunca dei motivos para você pensar que havia algo mais entre nós."
"Mas você nunca deixou claro que não há!" Ele se levantou, a voz elevando-se. "Você não percebe, S/n? Eu te amo. E ver outro cara perto de você desse jeito... me machuca."
As palavras dele, carregadas de frustração e insegurança, fizeram S/n se sentir ainda mais culpa, mesmo sem entender completamente a razão. Nunca teve a intenção de machucá-lo. Mas agora, ali, ao ver o quanto ele estava ferido por algo que não conseguia controlar, as lágrimas começaram a se formar em seus olhos.
"Minho, eu nunca quis te machucar," ela sussurrou, a voz trêmula. "Eu nunca vi ele dessa forma, e eu não sabia que isso te incomodava tanto. Por favor, acredita em mim."
Ele a olhou por alguns segundos, como se estivesse lutando contra o próprio orgulho. "É difícil não me incomodar, S/n. Eu tento, mas... a ideia de te perder para outra pessoa... isso me enlouquece."
As palavras dele, ditas com um misto de desespero e dor, fizeram uma lágrima escapar dos olhos de S/n. Ela se aproximou dele, segurando suavemente sua mão.
"Minho, você não vai me perder. Eu apenas desejo você, amo somente você," ela falou, a voz trêmula. "Não há razão para sentir ciúmes, estou ao seu lado porque é ao seu lado que quero estar."
Minho olhou para ela, os olhos suavizando, mas ainda cheios de emoções conflitantes. Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos.
"Eu sei, S/n... mas às vezes é difícil controlar esse sentimento. Eu não gosto de sentir ciúmes, mas só de pensar em você com outra pessoa..." Ele sacudiu a cabeça, parecendo decepcionado consigo mesmo.
"Ei," S/n apertou a mão dele, tentando transmitir o máximo de conforto que conseguia. "Eu sou sua. Só sua."
Ele a encarou por mais alguns segundos, os olhos finalmente suavizando completamente. Minho deu um passo em direção a ela, puxando-a para seus braços, envolvendo-a em um abraço apertado.
"Desculpe," ele sussurrou contra os fios de cabelo dela. "Eu sou um tolo por ter permitido que isso crescesse tanto na minha mente."
Ela sacudiu a cabeça, segurando-o firmemente. "Não, você não é. Apenas precisamos conversar mais, entender o que nos incomoda antes que se torne algo maior."
Minho suspirou contra o ombro dela, os braços envolvendo-a mais firmemente. "Prometo que vou tentar."
S/n se afastou o suficiente para encarar seus olhos, as lágrimas ainda visíveis nos dela. "Eu também prometo, Minho. Só não quero te ver assim de novo."
Ele limpou uma lágrima do rosto dela com o polegar, inclinando-se para beijá-la suavemente. "Eu também não, S/n. Eu também não."