"A lealdade de um soldado"
Três dias e três noites se passaram em uma celebração que parecia não ter fim. Já era tarde e, como outras vezes, Katerina usou a mistura de ervas de minerva para fazer Darius dormir profundamente. Então ele não a incomodou e pensou ter se satisfeito com sua bela esposa.
Nas primeiras horas da madrugada, quando quase todos pareciam ter ido dormir, Katerina desceu até a cozinha e encontrou Minerva para agradecer mais uma vez pela ajuda.
— Aqui — entregou um saco de moedas nas mãos da dama — pela sua ajuda.
— Obrigado, minha rainha, mas não posso aceitar!
— Claro que pode! Você, mais do que ninguém, me ajudou muito desde que cheguei aqui. Não preciso mais me deitar com Darius e deixá-lo sentir prazer enquanto eu não sinto nada.
— Fico feliz em ajudar, mas devo alertá-la sobre os riscos que você está correndo. Eles já estão exigindo um herdeiro. — disse Minerva enquanto a olhava preocupada.
Ambas estavam tão concentradas na conversa que não perceberam que não estavam sozinhas. Sir Petrus ouvia tudo no corredor de pedra que levava à cozinha.
— Eu sei. Vou ter que parar com isso e ter um bebê muito em breve. — encostou-se na mesa — É sempre assim?
— O que? — a dama arqueou a sobrancelha.
—Isso, você sabe. É sempre chato? Sem graça!
— Não, pelo contrário. Isso é bom. Mas se não for feito com a pessoa certa, é ruim, enfadonho e doloroso.
Katerina suspirou e cruzou os braços e, quando estava prestes a responder, ouviram um barulho. As duas rapidamente olharam para o corredor.
— Quem está aí? — perguntou a rainha, e seus olhos se arregalaram ao ver Petrus sair da escuridão.
— Eu, vossa majestade. Me desculpe se as incomodei, deixei cair minha espada no chão enquanto caminhava, queria um copo de água — ele disse. Ele estava sério, olhando nos olhos dela.
— Sem problemas. Pegue sua água e vá, já é tarde.
Ele balançou a cabeça, olhou para Minerva e depois para a rainha. Pegou o que desejava, se curvou e saiu. Katarina esperou um pouco e depois verificou se havia mais alguém ali.
— Ele ouviu o que dissemos. — afirmou Minerva, um pouco nervosa.
— Acho que não.
— Se ele ouviu, contará ao rei, majestade! Eles vão me enforcar!
— Calma! Fique calma! Nada de ruim vai acontecer com você! Amanhã de manhã resolvo isso, agora preciso voltar, estou cansada. Descanse você também.
Katerina respirou fundo e saiu pensativa. Petrus havia se tornado uma pessoa de confiança para Darius e certamente lhe contaria se tivesse ouvido alguma coisa.
Pela manhã, depois que Darius já havia saído para cuidar dos negócios, Katerina decidiu que um passeio a cavalo seria a maneira perfeita de conversar com Petrus sem ter que deixar tantas oportunidades para olhares curiosos.
Já vestida adequadamente, a rainha saiu do quarto com passos firmes, sérios e exalando confiança como sempre. Ela foi direto para o estábulo, e ao entrar viu que os cavalariços trabalhavam da maneira habitual, e ao perceberem sua presença ali, pararam e se curvaram, repetindo “majestade” junto com o gesto.
Petrus também estava lá, penteando a crina de seu cavalo preto, batizado de terror negro. Ele fez o mesmo gesto e disse a mesma coisa, depois voltou a fazer o que estava fazendo.
— Preparem os cavalos para mim e Sir Petrus. Quero dar um passeio e quero que você me acompanhe. — ordenou ela, com a voz firme e autoritária, saindo do estábulo pouco depois.
Sir Petrus observou e largou a escova, saindo logo também.
Os cavalariços obedeceram e fizeram o que lhes foi ordenado. Selaram os cavalos, ajustando as selas e verificando as rédeas. Os animais, majestosos e bem cuidados, relinchavam baixinho, ansiosos porque sabiam que iriam sair.
Assim que ficaram prontos, foram entregues. Sir Petrus aproximou-se de Katerina, pediu permissão e com um gesto cortês ofereceu a mão para ajudá-la a montar. A rainha aceitou a ajuda, colocando delicadamente o pé no estribo e subindo graciosamente na sela. Petrus montou em seguida em seu cavalo e, com ambos preparados, partiram para a caminhada.
Até chegarem o bosque, tudo o que ouviam era o canto dos pássaros e o eco dos cascos dos cavalos. Katerina não disse uma palavra, mas Petrus sabia o que estava por vir e decidiu quebrar o silêncio.
— Minha rainha, eu sei que há algo em sua mente. Você pode perguntar o que quiser.
Katerina, surpresa com a percepção de Petrus, parou o cavalo e olhou diretamente nos olhos dele.
— Pois bem. Sir Petrus, o que você ouviu ontem à noite?
Com um olhar sério e firme, ele respondeu com segurança e frieza, olhando-a nos olhos:
— Não ouvi nada, Majestade.
Katerina manteve o olhar firme, avaliando a sinceridade de suas palavras, depois disse, ainda olhando-o nos olhos:
— Você está mentindo. Bom, vamos tentar novamente. Sir Petrus, eu, Katerina Palatinus, ordeno que me diga a verdade agora, ou mandarei cortar-lhe dedo por dedo até que seja honesto com sua rainha.
Petrus piscou duas vezes.
— Ouvi que você não gosta de deitar com seu marido, então você o dopa. Que acha a relação sexual é enfadonha e dolorosa.
— Por que você mentiu?
— Sinto muito, majestade, nunca tive a intenção de desrespeita-la, assim como não tenho interesse em expor o que ouço. Não direi uma palavra ao Darius, se é isso que te preocupa.
— Ótimo. Se ele descobrir isso, serei a próxima a estar empalada. Sei que você é leal a ele, mas eu preciso que você fique de boca fechada. Não só por mim, mas por minerva também! Ela não tem culpa.
— Ele não ousaria. Você é filha do Papa Palatinus , o exército que ele tem é por sua causa e por causa do seu pai, toda Roma se voltaria contra ele se ele matasse a princesa do Vaticano. Seria como desafiar a fé que governa este país!
— De fato, mas eu valorizo a paz e gostaria de mantê-la assim. — ela olhou para o lado e suspirou, olhando para ele novamente — Posso confiar em você? Confiar que você será leal a mim?
— Sim majestade, só peço que deixe meus dedos intactos ou não conseguiria mais manejar uma espada — sorriu rapidamente de lado.
Katerina sorriu de canto e balançou a cabeça. Ela olhou para frente e deu dois tapinhas leves em seu cavalo, empurrando com os pés para fazê-lo começar a cavalgar novamente.
CONTINUA...
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𝗦𝗔𝗡𝗚𝗨𝗘 & 𝗔Ç𝗢
FantasyO amor desafia o destino, a traição testa os laços mais fortes e a guerra revela a natureza oculta dos homens. Um mundo onde a fé e a espada estão em constante conflito.