Como meu expediente no bar só começava após o almoço, pelos cinco dias que se seguiram foquei em ir para a floresta perto da fronteira. Sozinha, somente com uma adaga simples que comprei com a mercenária da praça e guardei - protegida pela bainha - na bota direita.
No segundo dia da minha ida a Muralha, Feyre descobriu onde eu estava indo e tentou me convencer a me acompanhar dizendo que podia me ajudar com suas habilidades de caçadora, porém nem fodendo que deixaria ela se aproximar daquela área.
Dei ordens restritas a Bell e aos demais criados que não deixassem ela vim ao meu encontro. Por mais que ela fosse livre para circular como bem entendesse, numa de suas tentativas de lhe permitir ir comigo, a fiz jurar que não pisaria perto da Muralha não importasse o motivo. Esse juramento se tornou uma forma de testar sua lealdade a mim, se ela o quebrasse, nossa relação estará fadada ao fracasso.
De fato, as habilidades de Feyre seriam perfeitas para rastrear, mas simplesmente não arriscaria a por nos trilhos do enredo original. Feyre não matará o lobo, não será levada, não quebrará nenhuma maldição nem virará feérica.
Escutei sons de galhos sendo quebrados e um rosnado baixo, depois de longas horas andando sem um rumo específico. Me aproximei lentamente, agachada, espiando pelos arbustos foi quando eu o vi.
O lobo gigante, claramente maior que um comum, de pelagem prateada. Ele saiu de trás duma árvore, caminhando para o meio da clareira. Seus olhos amarelos avaliando o cenário branco e sua atenção por um segundo focou nos arbustos em que eu estava, todavia, rapidamente desviou para um ponto aleatório num canto qualquer. Se estava fingindo ignorar minha presença, um péssimo trampo 'tava fazendo.
Fiquei de pé, limpando o excesso de neve que se juntou em minhas vestes e dei passos em sua direção, o obrigando a se virar para me fitar.
As características batiam com a descrição dele, só podia ser ele. E se não fosse, não seria Amarantha que me levaria de arrasta.
Interrompi meus movimentos ao estar extremamente cerca do seu rosto animalesco e cravei meus olhos nos seus, que pareciam estar me julgando sem pudor.
─ Finalmente te encontrei, Andras maldito!
Seus olhos se estreitaram um pouco e recuou dois passos, marcando a neve sob suas patas imensas.
─ É, eu sei quem você é ─ reforcei, crente que ele fosse o sentinela de Tamlin, senão, eu já teria virado comida de lobo ─. Aconselho que volte ao seu Grão-Senhor de meia tigela e diga que pare de procurar pela cura nessas terras.
O rosnado que escapou de sua boca, agora aberta, revelando os dentes afiadíssimos fez uma onda de arrepios me invadir. Cerrei os punhos, me mantendo firme no lugar, sem quebrar o contato visual.
Eu podia imaginar os riscos de me expor dessa maneira, tinha me colocado no radar do Lorde Primaveril ao anunciar meu conhecimento sobre sua condição e possivelmente, Amarantha podia me descobrir em algum momento, se fosse para isso acontecer que acontecesse através das minhas cartadas e não da deles.
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Clare Beddor - ACOTAR
FantasíaReencarnei como Clare Beddor. Dentre tantos personagens fodas pra virar, me transformei logo numa humana meia boca que vai morrer no primeiro livro no lugar da protagonista. Seja lá que divindade decidiu fazer chacota da minha cara, eu que n...