Capítulo sessenta e cinco

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Chiara havia rodado o colégio inteiro atrás de Lucca. Depois de quase vinte minutos o procurando, finalmente encontrou o garoto na biblioteca.

Lucca não lia nenhum livro, apenas estava sentado em um sofá que ficava de frente para a enorme janela que dava visão ao jardim do internato. O moreno estava esparramado no sofá, observando fixamente a paisagem enquanto escutava música em seus fones de ouvido.

Chiara se aproximou em passos delicados e, ao se aproximar, tocou em seu ombro esquerdo. Lucca se assustou com o toque repentino e olhou com os olhos arregalados para a morena. Ao ver que era Chiara, relaxou seus ombros e tirou seu fone, o colocando pendurado em seu pescoço. Ele não fez questão de pausar a música e ela podia ser escutada pelos dois por conta do volume máximo e o silêncio do ambiente.

— Chiara? O que faz aqui? – indagou ao se ajeitar no sofá.

— Fiquei sabendo sobre o que está acontecendo com o seu pai. – cruzou os braços. — Por que não me contou o que você e a sua família estavam passando, Lucca? Eu era sua namorada, merecia saber!

— Espera aí, como você soube? – o garoto se levantou num pulo. Chiara desviou o olhar para o chão e mordeu os lábios. Ela não contaria que soube através de Fiona, era capaz de Lucca surtar e ir atrás da loira para tirar satisfações.

Ao perceber que a morena não o responderia, Lucca respirou fundo e soltou o ar pela boca, colocando as mãos em sua cintura. Desviou o olhar e meneou a cabeça, logo passando sua destra em seu cabelo o bagunçando por completo.

— Escuta Chiara, isso é lance da minha família, nem era pra você estar sabendo disso. – disse após voltar a encara-lá. — E outra, por que eu diria? Você estava cheia com os problemas da sua mãe, pediu para que eu não fosse outro problema. Eu não quis te encher, eu não podia.

—Como não podia? Lucca, você não precisava ter passado por tudo sozinho. Você esteve comigo em todas as quimios da minha mãe e eu deveria ter estado com você quando seus pais te obrigaram a participar de eventos e jantares apenas para não saberem a verdade do seu pai ter saído do campeonato. – Chiara colocou as mãos nos braços de Lucca e ele a encarou fixamente nos olhos. Seu olhar estava perdido, vazio.

— Eu sou um caso perdido...

— Não, não é. – fez carinho no rosto do moreno e aproximou seus rostos. — Vamos recomeçar, tá legal? Podemos ser...

— O quê? Amigos? – Lucca soltou uma risada sem humor.

— E por que não? – Chiara sorriu e Lucca se afastou, virando-se para a janela.

— Eu não... Eu não quero ser o seu amigo, Chiara. – negou com a cabeça ao olhar novamente para a garota.

— Bem, você vai ter que se acostumar a não ter tudo o que quer.

— Que pena. – aproximou-se novamente e deslizou os dedos pelo braço de Chiara. — Porque nunca desejei tanto algo. – suas pupilas agora estavam dilatadas. Claramente Lucca Giordano estava flertando e, aquele Lucca, Chiara conhecia muito bem.

— Sei que não sou a primeira a ouvir isso de você. – Chiara riu tirando as mãos do garoto de seu braço.

— Não é. – olhou alguns segundos para o chão. — Mas é a primeira que digo com sinceridade.

A morena não disse nada. Apenas o puxou para um abraço e Lucca o correspondeu sem hesitar. Fazia tempo que ele não sentia aquele abraço, aquele cheiro, aquele carinho. Por mais que tenha afastado Chiara, ele sentia sua falta e era uma pena eles voltarem a se aproximar novamente apenas como amigos. Lucca fechou os olhos e aproveitou os dez segundos do abraço que teve de sua ex-namorada. Quando Chiara se desvencilhou de seus braços, Lucca novamente sentiu o vazio em seu peito.

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