Capítulo I

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Eu sentia-me angustiada.  Certos acontecimentos ocorridos anteriormente levaram-me à atitude que tomei hoje.

Depois de vários perrengues na minha vida pessoal e profissional decido mudar de cidade.

Cansada da violência de uma relação desgastada e uma relação familiar muito pouco compreendida, decidi finalmente dar um basta.

E emprego não era lá aquela coisa, por isso hoje parto deixando toda uma vida para trás.

Na bagagem colocada na traseira do meu carro, levo apenas algumas roupas, calçado e livros,  além de alguns itens pessoais.

Saí sem me despedir e sem olhar para trás.  Sózinha por esta estrada imensa, vai-me o pensamento para o que poderei encontrar em Brasília.

Porquê Brasília? -  Hão-de perguntar os leitores.

Porque é cidade grande e vai ser difícil de me achar.  Porque não conheço ninguém e quero começar do zero.  Vou sem casa, sem trabalho, mas com muita fé de que as coisas vão dar certo.

Algumas horas depois, Juliette entrava na cidade que nunca vira.  Decidiu conduzir até ao centro pois tinha a convicção de que a partir do centro, explorar a cidade era mais fácil.

Procurou um hotel modesto que as suas economias não lhe permitiam extravagâncias e assim que recebeu a chave acomodou-se no quarto.  A sua janela dava para as traseiras de hotel e para um parque onde àquela hora, final de dia, muitas crianças brincavam.  Juliette ficou a observá-las e a pensar que pelo menos durante a noite o parque devia ser silencioso.

Tomou um duche e resolveu sair à procura de um lugar para jantar.  Percorreu a rua, optando pelo lado direito e encontrou um pequeno espaço que lhe pareceu acolhedor.

- Boa noite.  Servem jantares?

- Sim senhora.  Está sózinha? - perguntou um senhor de meia idade que ela presumiu ser o dono.

- Sim.

Juliette foi acomodada numa mesa e logo foi enviada uma garçonete para tirar o pedido.

- Boa noite, o meu nome é Ângela.  O que deseja pedir? - disse estendendo-lhe o cardápio.

Juliette deu uma vista de olhos e não perdeu tempo.  Todo o cardápio era à base de carne que ela não comia.

- Angela, o que me aconselha já que eu não como carne?

- Temos umas omeletes óptimas, risoto de cogumelos e algumas massas.

Juliette optou por uma omelete de cogumelos, uma salada e para beber pediu àgua.

Não demorou muito tempo a chegar a comida o que a deixou admirada.
O prato vinha com boa apresentação e quando o experimentou notou que também era saboroso.

Não havia muita gente a jantar e Angela sempre vinha perguntar se estava tudo bem.

- Obrigada, Angela.   Sou novata na cidade, estou ali no hotel Oásis.  Por acaso não sabe de um emprego que eu possa arranjar?  É que preciso trabalhar.

- O que sabe fazer?

- Sou advogada, mas eu faço o que for preciso.

- Até faxina?

- Sim Angela.   Até faxina.  Eu não tenho problemas com isso.  Se gosto já são outros quinhentos, mas não me incomoda.

- Se eu souber de algo eu aviso.  Escreva aí o seu número de telefone.

Juliette agradeceu, pagou e saiu.  Já era noite cerrada e decidiu voltar para o hotel.

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