Domingo chegou e Jason acabou por não acompanhar Juliette ao almoço de Leila, porque tinha marcado com um jovem que conhecera há alguns dias.
- Traidor. - soltou ela entrando no táxi.
- Diverte-te e se puderes tira o atraso.
- Juliette mostrou o dedo do meio e fechou a porta entregando a morada do destino ao motorista.
Eram 12 horas. Assim que chegou foi recebida por Leila.
- Bom dia Ju. O Jason?
- Acreditas que aquele estrupicio me trocou por outra pessoa?
Cadê a princesinha?- Está a dormir. Já já ela acorda e eu trago para você. Vai lá para o jardim. Estão lá os meninos e a esposa do Ismael. Eu preciso terminar umas coisas na cozinha.
- Posso ficar aqui e ajudar-te.
- Que é Ju? Passado é passado e uma hora vocês vão ter que conversar.
- Eu sei, mas fico sem graça de aparecer assim.
- Vem. Eu vou contigo.
- Espera. Diz-me só uma coisa. O Rodolffo está com alguém?
- Não, mas ele é que tem que dizer. Há muita coisa a ser dita e o vosso término não foi da melhor maneira. Sentem e conversem como dois adultos, sem mágoas, sem recriminações.
Eu segui Leila e confesso estava nervosa. Cumprimentei todos com dois beijos deixando Rodolffo para o final.
Ele estava lindo. Sabia exactamente o que eu gostava que ele usasse e hoje vinha com calça social e camisa preta aberta até meio do peito.
- Estás linda, Ju. Queres beber alguma coisa? - perguntou ele.
- Pode ser. E segui-o até ao pequeno bar montado a um canto do jardim.
Rodolffo pegou um copo, juntou uma dose de vodka com suco de laranja e muito gelo e entregou-me.
- Ainda te lembras.
- Nunca esqueci. Nem de ti nem dos teus gostos.
Vi-te no show. Obrigado.- Foi bom recordar. Porque retiraram o forró do repertório?
- Sem ti lá já não fazia sentido. O público gritava teu nome e nós ficávamos sem saber o que fazer.
- Vamos para junto dos outros.
- Ju! Podemos marcar para conversar a sós. Eu preciso muito falar contigo a sós.
- Sim. Depois marcamos.
- Pode ser hoje? Podemos jantar. Amanhã eu viajo para os shows.
- Mais tarde eu digo. Agora vamos.
Voltamos para junto dos demais e logo Leila disse que o almoço ia ser servido.
A Maria Júlia já tinha acordado e eu peguei nela sentando-me à mesa na cadeira que me foi indicada ao lado de Rodolffo.
A bébé era muito risonha e sorria em resposta às palhaçadas de Rodolffo.
- Titio é doido. - disse eu fazendo uma festinha na bochecha da menina.
- Por duas pessoas. - sussurrou ele ao meu ouvido.
- Senti o meu corpo arrepiar-se quando ele disse aquilo. Leila pediu a bébé para colocar na cadeirinha e assim todos poderem desfrutar da refeição em paz.
- E a comida francesa, Ju?
- Boa uma vez por semana. Lá eu é que faço minha própria comida porque eu não aguentaria ficar sem meu arroz, feijão e couscous.
- E Paris? Morro de vontade de conhecer. - disse Leila.
- Vão. Meu apartamento não é muito grande, mas cabemos todos.
- Vives mesmo em Paris?
- Sim. Junto à Torre Eiffel.
- E não pensas voltar? - desta vez foi Rodolffo quem perguntou.
- Um dia. Por enquanto estou empenhada em ganhar dinheiro, criar a minha independência financeira e depois quem sabe!
A conversa durou todo o almoço e Juliette era o centro da curiosidade.
A esposa de Ismael era um pouco tímida e não perguntava muita coisa. Ele conversava com o marido de Leila enquanto o diálogo principal se situava entre Juliette, Leila e Rodolffo.