Capítulo XXVIII

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Domingo chegou e Jason acabou por não acompanhar Juliette ao almoço de Leila, porque tinha marcado com um jovem que conhecera há alguns dias.

- Traidor. - soltou ela entrando no táxi.

- Diverte-te e se puderes tira o atraso.

- Juliette mostrou o dedo do meio e fechou a porta entregando a morada do destino ao motorista.

Eram 12 horas.  Assim que chegou foi recebida por Leila.

- Bom dia Ju.  O Jason?

- Acreditas que aquele estrupicio me trocou por outra pessoa?
Cadê a princesinha?

- Está a dormir.  Já já ela acorda e eu trago para você.  Vai lá para o jardim.  Estão lá os meninos e a esposa do Ismael.  Eu preciso terminar umas coisas na cozinha.

- Posso ficar aqui e ajudar-te.

- Que é Ju?  Passado é passado e uma hora vocês vão ter que conversar.

- Eu sei, mas fico sem graça de aparecer assim.

- Vem.  Eu vou contigo.

- Espera.  Diz-me só uma coisa.  O Rodolffo está com alguém?

- Não, mas ele é que tem que dizer.  Há muita coisa a ser dita e o vosso término não foi da melhor maneira.  Sentem e conversem como dois adultos, sem mágoas, sem recriminações.

Eu segui Leila e confesso estava nervosa.  Cumprimentei todos com dois beijos deixando Rodolffo para o final.

Ele estava lindo.  Sabia exactamente o que eu gostava que ele usasse e hoje vinha com calça social e camisa preta aberta até meio do peito.

- Estás linda, Ju.  Queres beber alguma coisa? - perguntou ele.

- Pode ser.  E segui-o até ao pequeno bar montado a um canto do jardim.

Rodolffo pegou um copo, juntou uma dose de vodka com suco de laranja e muito gelo e entregou-me.

- Ainda te  lembras.

- Nunca esqueci.  Nem de ti nem dos teus gostos.
Vi-te no show.  Obrigado.

- Foi bom recordar.  Porque retiraram o forró do repertório?

- Sem ti lá já não fazia sentido.  O público gritava teu nome e nós ficávamos sem saber o que fazer.

- Vamos para junto dos outros.

- Ju!  Podemos marcar para conversar a sós.  Eu preciso muito falar contigo a sós.

- Sim.  Depois marcamos.

- Pode ser hoje?  Podemos jantar.  Amanhã eu viajo para os shows.

- Mais tarde eu digo.  Agora vamos.

Voltamos para junto dos demais e logo Leila disse que o almoço ia ser servido.

A Maria Júlia já tinha acordado e eu peguei nela sentando-me à mesa na  cadeira que me foi indicada ao lado de Rodolffo.

A bébé era muito risonha e sorria em resposta às palhaçadas de Rodolffo.

- Titio é doido. - disse eu fazendo uma festinha na bochecha da menina.

- Por duas pessoas. - sussurrou ele ao meu ouvido.

- Senti o meu corpo arrepiar-se quando ele disse aquilo.  Leila pediu a bébé para colocar na cadeirinha e assim todos poderem desfrutar da refeição em paz.

- E a comida francesa, Ju?

- Boa uma vez por semana.  Lá eu é que faço minha própria comida porque eu não aguentaria ficar sem meu arroz, feijão e couscous.

- E Paris?  Morro de vontade de conhecer. - disse Leila.

- Vão.  Meu apartamento não é muito grande, mas cabemos todos.

- Vives mesmo em Paris?

- Sim.  Junto à Torre Eiffel.

- E não pensas voltar?  - desta vez foi Rodolffo quem perguntou.

- Um dia. Por enquanto estou empenhada em ganhar dinheiro,  criar a minha independência financeira e depois quem sabe!

A conversa durou todo o almoço e Juliette era o centro da curiosidade.
A esposa de Ismael era um pouco tímida e não perguntava muita coisa.  Ele conversava com o marido de Leila enquanto o diálogo principal se situava entre Juliette,  Leila e Rodolffo.

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