Capítulo XVI

32 7 9
                                    

- Come Juliette.   Eu notei que ultimamente mal te vejo comer.

- Ando sem apetite.

- Faz um esforço por favor.   Depois deves descansar.  Viajamos só amanhã de manhã.

Ficaram alguns minutos em silêncio e foi Rodolffo que começou a conversa.

- Porque estamos cada um para seu lado se ambos sabemos o que sentimos um pelo outro?

- Porque eu não sou de dividir.  Porque sinto que não me respeitas.

- Não respeito?  Fala quando não te respeitei.

- Ainda hoje com aquela lambisgoia da Júlia.  Ias sair com ela.

- Ia sair com a turma, não especificamente com a Júlia.

- Ela passou o show a provocar-me.  Porquê?
Porque tu dás corda.  É só olhar as tuas redes sociais.  Gostas de aparecer com tudo o que é mulher.

- Gosto sim.  A pessoa que gosto tem vergonha de mim.  Não quer assumir a relação.

- Porque vou ser taxada de mais uma para a colecção.

- Dás muita importância à opinião alheia.  Que se lixe a opinião dos outros.

- Para ti é confortável.  Quanto mais falam, mais ganhas.  Eu não sou nem quero ser assim.

- Já sabias que ia ser assim.  Esses ciúmes são tolos. Eu preciso ser simpático com as fãs.  Se tu não entendes nada posso fazer.
Agora passando a outro assunto:  precisas ir ao médico ver a causa dessa febre.

- Acho que apanhei um resfriado.  Hoje estava um pouco de frio. 

- São mais duas semanas de shows e depois vamos para férias. Aproveita nessa altura e faz um check up completo.

- Onde vais nas férias?

- Cancelei os meus planos. Não faz sentido agora.

- Mas ias onde? 

- Para a Serra Nevada.

- Neve e frio?

- Isso mesmo.  Agora não faz sentido. Hei-de achar outro destino igualmente bom.

- A equipa não faz férias juntos?

- Claro que não.   Cada um escolhe o seu destino, mas quase sempre viajava com a Leila.

- Eu vou precisar ir?  Quer dizer, como assessora?

- São férias Juliette.

- Vou deitar-me de novo.

Rodolffo reparou no tom rosado do rosto dela.  Tocou-lhe e a febre tinha voltado.

- Juliette,  vai vestir-te e vamos ao hospital.

- Eu tomo um comprimido e passa.

- Sem contestar.  Vai vestir-te senão levo-te assim.

Enquanto ela se arranjava,  Rodolffo ligou para a recepção e pediu um táxi.  Em poucos minutos davam entrada no hospital da cidade e enquanto Rodolffo fazia o registo da entrada, Juliette era dirigida ao gabinete médico.

Meia hora depois voltou para junto dele.

- Tiraram sangue para análise e fui RX.  Precisamos aguardar pelos resultados.

- E como estás? - Rodolffo viu que ela tremia.

- Com muito frio.

Rodolffo foi ter com a enfermeira que logo trouxe uma manta.  Colocou-a à volta dela e puxou-a para junto de si tentando esquentá-la.

Parceria de vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora