Capítulo XXIII

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Os meses passaram.

Nasceu a linda bébé de Leila e hoje Juliette e Rodolffo foram visitá-la.

- Que linda a tua bébé, mana.

- Maria Júlia.

- Oi Juju linda do tio.  Juliette não é linda?

- Uma princesinha. - Respondeu Juliette.

- Agora é a tua vez Rodolffo! - Leila aproveitou para cutucar.

- Deus me livre.  Gosto muito de crianças, mas as dos outros.

- Aquilo provocou um sentimento ruim em Juliette.   Já tinham conversado sobre filhos, inclusive quando ela teve o problema de saúde e em nenhum momento ele disse coisa parecida.

Leila olhou para Juliette e percebeu o desconforto.

Quando ele  se afastou para conversar com o cunhado, Leila quis falar com Juliette.

- Está tudo bem com vocês,  Ju?

- Sim.  Quer dizer, não muito bem.  O Rodolffo anda estranho.  Já perguntei, mas ele diz que é da minha cabeça.
Esta resposta dele só prova que não é da minha cabeça e que eu tenho razão.

- Como estão os shows?

- Muito bem.  A agenda está cheia, os shows lotados.  Não sei o que provocou essa mudança.

- E as fãs doidas?

- Também está calmo.  Os camarins têm corrido bem, há uma ou outra mais eufórica, mas sem problemas.

- E after?

- Não.  Acaba o espectáculo e logo vamos para o hotel descansar.

- Será isso?  Falta da farra?

- Mas ele é que tomou essa decisão de não ir.  Eu nunca o impedi.   Se sente falta é só ir, porque não cabe a mim impedir.
Eu tento falar com ele, mas ele responde que está tudo bem e para deixar de ser paranóica.  Fica horas no telemóvel editando fotos e sei lá mais o quê?

- Eu vou conversar com ele.

- Deixa, Leila.  Não quero que ele diga que me queixei.

Os dois ficaram para almoçar e enquanto Juliette ficou admirando Maria Júlia,  Leila foi conversar com Rodolffo.

Perguntou tentando arrancar alguma coisa dele, mas não teve sucesso.

- Se não estás bem, precisas deitar cá para fora.

- Quem disse que não estou bem?  O que  a Juliette contou?

- Nada, mas eu não sou parva e percebi.  Rodolffo,  tu adoras crianças e tinhas sonho de ser pai.  O que mudou?

- Mudou que estou cansado de tudo.  Cansado dos palcos e da vida sem graça que eu tenho.

- Cansado dos palcos?  Rodolffo,  estás bem?  O palco é a tua vida.

- É.  Talvez, mas nada é como dantes.
Eu era mais livre.  Não que agora não seja, mas é diferente.  Olha, não sei explicar, deixa pra lá.

- É a Ju? Está tudo bem entre vocês?

- Está.- respondeu secamente.

Juliette vinha avisar Leila que a bébé tinha adormecido e ouviu parte da conversa entre os dois.  Voltou um pouco atrás e chamou-a para atrair a atenção dela e eles não perceberem que ela tinha ouvido.

- Leila, a Maria Júlia dormiu.
Rodolffo,  quando quiseres podemos ir.

Despediram-se de todos e voltaram.  A viagem foi feita em silêncio com Juliette de olhos fechados, a cabeça encostada na janela fingindo dormir.

No dia seguinte não havia espectáculo.  Rodolffo acordou cedo e disse que ia correr.   Precisava espairecer, disse.

Juliette ficou na cama depois que ele saiu e logo a seguir ouviu o som do telemóvel dele.

Levantou-se e o aparelho estava sobre a penteadeira.  Ele tinha-o esquecido.

Pegou nele e havia uma mensagem.  Contra o que era habitual resolveu abrir.

"Quando vai chegar a minha vez?
Não é possível que não vejas algo em mim"

Juliette olhou outras mensagens trocadas entre os dois.  Ele sempre com insinuasões e apesar das respostas dele não terem nada de mais a verdade é que ele estimulava a conversa.

Pesquisou o perfil dela e soube que era ali de Brasília.  Talita  Mendes, influenciadora e modelo, 23 anos.
O aspecto era o mais comum entre as modelos.  Silicone  e harmonização, cabelo loiro, alta e elegante.
Olhou se fotos dela e resolveu deixar de lado.

Rodolffo voltou duas horas depois e após um banho, Juliette resolveu falar.

- Esqueceste o telemóvel, chegou uma mensagem e abri.  Quem é Talita?

- Eu nunca mexo no teu telemóvel.   É só uma fã.

- Mas deve ser especial porque não tens conversas frequentes com outras fãs, que eu saiba.

- E agora é proibido?  Eu sou algum rato para viver escondido.

- O quê?  Vives escondido de quem?

- Fiquemos por aqui.  Não quero discutir.

- Está certo, Rodolffo.   Fiquemos por aqui.

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