Os meses passaram.
Nasceu a linda bébé de Leila e hoje Juliette e Rodolffo foram visitá-la.
- Que linda a tua bébé, mana.
- Maria Júlia.
- Oi Juju linda do tio. Juliette não é linda?
- Uma princesinha. - Respondeu Juliette.
- Agora é a tua vez Rodolffo! - Leila aproveitou para cutucar.
- Deus me livre. Gosto muito de crianças, mas as dos outros.
- Aquilo provocou um sentimento ruim em Juliette. Já tinham conversado sobre filhos, inclusive quando ela teve o problema de saúde e em nenhum momento ele disse coisa parecida.
Leila olhou para Juliette e percebeu o desconforto.
Quando ele se afastou para conversar com o cunhado, Leila quis falar com Juliette.
- Está tudo bem com vocês, Ju?
- Sim. Quer dizer, não muito bem. O Rodolffo anda estranho. Já perguntei, mas ele diz que é da minha cabeça.
Esta resposta dele só prova que não é da minha cabeça e que eu tenho razão.- Como estão os shows?
- Muito bem. A agenda está cheia, os shows lotados. Não sei o que provocou essa mudança.
- E as fãs doidas?
- Também está calmo. Os camarins têm corrido bem, há uma ou outra mais eufórica, mas sem problemas.
- E after?
- Não. Acaba o espectáculo e logo vamos para o hotel descansar.
- Será isso? Falta da farra?
- Mas ele é que tomou essa decisão de não ir. Eu nunca o impedi. Se sente falta é só ir, porque não cabe a mim impedir.
Eu tento falar com ele, mas ele responde que está tudo bem e para deixar de ser paranóica. Fica horas no telemóvel editando fotos e sei lá mais o quê?- Eu vou conversar com ele.
- Deixa, Leila. Não quero que ele diga que me queixei.
Os dois ficaram para almoçar e enquanto Juliette ficou admirando Maria Júlia, Leila foi conversar com Rodolffo.
Perguntou tentando arrancar alguma coisa dele, mas não teve sucesso.
- Se não estás bem, precisas deitar cá para fora.
- Quem disse que não estou bem? O que a Juliette contou?
- Nada, mas eu não sou parva e percebi. Rodolffo, tu adoras crianças e tinhas sonho de ser pai. O que mudou?
- Mudou que estou cansado de tudo. Cansado dos palcos e da vida sem graça que eu tenho.
- Cansado dos palcos? Rodolffo, estás bem? O palco é a tua vida.
- É. Talvez, mas nada é como dantes.
Eu era mais livre. Não que agora não seja, mas é diferente. Olha, não sei explicar, deixa pra lá.- É a Ju? Está tudo bem entre vocês?
- Está.- respondeu secamente.
Juliette vinha avisar Leila que a bébé tinha adormecido e ouviu parte da conversa entre os dois. Voltou um pouco atrás e chamou-a para atrair a atenção dela e eles não perceberem que ela tinha ouvido.
- Leila, a Maria Júlia dormiu.
Rodolffo, quando quiseres podemos ir.Despediram-se de todos e voltaram. A viagem foi feita em silêncio com Juliette de olhos fechados, a cabeça encostada na janela fingindo dormir.
No dia seguinte não havia espectáculo. Rodolffo acordou cedo e disse que ia correr. Precisava espairecer, disse.
Juliette ficou na cama depois que ele saiu e logo a seguir ouviu o som do telemóvel dele.
Levantou-se e o aparelho estava sobre a penteadeira. Ele tinha-o esquecido.
Pegou nele e havia uma mensagem. Contra o que era habitual resolveu abrir.
"Quando vai chegar a minha vez?
Não é possível que não vejas algo em mim"Juliette olhou outras mensagens trocadas entre os dois. Ele sempre com insinuasões e apesar das respostas dele não terem nada de mais a verdade é que ele estimulava a conversa.
Pesquisou o perfil dela e soube que era ali de Brasília. Talita Mendes, influenciadora e modelo, 23 anos.
O aspecto era o mais comum entre as modelos. Silicone e harmonização, cabelo loiro, alta e elegante.
Olhou se fotos dela e resolveu deixar de lado.Rodolffo voltou duas horas depois e após um banho, Juliette resolveu falar.
- Esqueceste o telemóvel, chegou uma mensagem e abri. Quem é Talita?
- Eu nunca mexo no teu telemóvel. É só uma fã.
- Mas deve ser especial porque não tens conversas frequentes com outras fãs, que eu saiba.
- E agora é proibido? Eu sou algum rato para viver escondido.
- O quê? Vives escondido de quem?
- Fiquemos por aqui. Não quero discutir.
- Está certo, Rodolffo. Fiquemos por aqui.