Capítulo XXVI

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- Como está esse coração,  Juliette?

- Pulando de alegria.  Já faz um ano que deixei o Brasil e agora regressar é tudo o que eu quero.

- Mas, não eras tu que dizias não ter deixado nada para trás?

- Sempre fica alguma coisa.  Os cheiros, as comidas o sol, as praias, a natureza...

- E um certo cantor!

- Ah Jason, essa fase passou.

- Será?  Porque eu não sinto firmeza na tua voz.

- A esta hora ele deve estar feliz com outra, ou outras.

- E tu bobona sem aproveitar as oportunidades.

- Tu sabes que eu não sou assim.  O Cristian é um amor, mas eu não posso ficar com ele.  Eu não o amo e sei que não poderia fazê-lo feliz.

- Certo, mas como está o assunto do apartamento.   Eu terei uma cama à chegada?

- A imobiliária diz que está tudo pronto.  Só preciso de avisar o dia da nossa chegada para eles me entregarem a chave.

- Alors, nous allons au Brasil.

- Vais amar.  Muito diferente da maioria dos países Europeus.

Três dias depois, Juliette e Jason desembarcavam em Brasília e logo pegaram um táxi para o apartamento de Juliette.

- Uau!!! Que luxo menina.  Isto deve ter custado uma fortuna.

- Foi para isto que eu trabalhei e trabalho.  Não é fácil estar longe do País, mas a parte monetária aliada aos nossos objectivos conta muito.
E mais.  Claro que eu não tinha dinheiro para comprar este apartamento,  mas já deu para quitar uma boa parte.  O resto vou ter que ralar muito ainda.

- Voltas a Paris?

- Depende do meu chefe querer ou não que volte.  Anda, vamos ver a casa.

Juliette escolheu um dos quartos para Jason e acomodou-se na suite principal.

- Agora vamos tomar um duche e saí para jantar.  Não há nada na geladeira e apetece-me sair.

- Não tinha como ser de outra maneira.  Juliette viu-se à porta de um restaurante onde muitas vezes tinha ido com Rodolffo e instintivamente sorriu.

- Vem.  Aqui a comida é óptima e o ambiente agradável.

Os dois foram conduzidos a uma mesa e pediram uma bebida enquanto esperavam pelos pratos escolhidos.

Pouco depois Ju ouvia uma gargalhada que ela conhecia muito bem.

- P*ta  que pariu. - falou sem pensar.  É muita falta de sorte.

- O que foi?

Juliette olhou na direcção da porta por onde acabara de entrar Rodolffo,  Leila e o marido.

- Acabou de entrar o Rodolffo.

- Aquele?  Misericórdia,  eu quero.

Ela deu-lhe um tapa no braço e logo foi reconhecida por Leila.

- Juliette  do céu. - disse caminhando na direcção deles.

- Como estás Leila?  E a Maria Júlia?

- Estamos bem menina.  Desapareceste?

- Foi necessário.  Querem sentar-se connosco?  Assim colocamos a conversa em dia.

- Vou chamar o meu marido e Rodolffo.

Os três dirigiram-se à mesa dela que fez as apresentações.   Rodolffo estava sem jeito e de cara séria.

- Conta lá o que tens feito?

- Cheguei hoje de Paris.  Estava com saudades do Brasil e resolvemos vir jantar.

- Paris, ah Paris! - suspirou Leila.

- E tu, Rodolffo!  Como vão os shows?

- Vão indo.  Não tenho do que me queixar.   Tenho a vida que escolhi.

Juliette olhou para ele.  Não viu alegria no seu olhar, mas sim um brilho de lágrimas que ameaçavam correr.

- Juliette,  e estás a trabalhar com quê? - perguntou Leila.

- Sou advogada, lembras-te?  Consegui um emprego aqui em Brasília num escritório que me propôs ir para Paris onde estou muito feliz,  não é mon cherrie? - perguntou olhando para Jason e colocando a mão por cima da dele.

Ah, oui.  - respondeu ele.

Aquilo foi uma paulada no coração de Rodolffo.
Ela estava linda.  Tinha uma aura à volta dela que brilhava diferente.

Não aguentou.  Retirou o telemóvel do bolso e fingiu ir atender uma chamada.   Regressou alguns minutos depois.
Juliette conhecia-o bem demais.  Ele tinha chorado.

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