- Como está esse coração, Juliette?
- Pulando de alegria. Já faz um ano que deixei o Brasil e agora regressar é tudo o que eu quero.
- Mas, não eras tu que dizias não ter deixado nada para trás?
- Sempre fica alguma coisa. Os cheiros, as comidas o sol, as praias, a natureza...
- E um certo cantor!
- Ah Jason, essa fase passou.
- Será? Porque eu não sinto firmeza na tua voz.
- A esta hora ele deve estar feliz com outra, ou outras.
- E tu bobona sem aproveitar as oportunidades.
- Tu sabes que eu não sou assim. O Cristian é um amor, mas eu não posso ficar com ele. Eu não o amo e sei que não poderia fazê-lo feliz.
- Certo, mas como está o assunto do apartamento. Eu terei uma cama à chegada?
- A imobiliária diz que está tudo pronto. Só preciso de avisar o dia da nossa chegada para eles me entregarem a chave.
- Alors, nous allons au Brasil.
- Vais amar. Muito diferente da maioria dos países Europeus.
Três dias depois, Juliette e Jason desembarcavam em Brasília e logo pegaram um táxi para o apartamento de Juliette.
- Uau!!! Que luxo menina. Isto deve ter custado uma fortuna.
- Foi para isto que eu trabalhei e trabalho. Não é fácil estar longe do País, mas a parte monetária aliada aos nossos objectivos conta muito.
E mais. Claro que eu não tinha dinheiro para comprar este apartamento, mas já deu para quitar uma boa parte. O resto vou ter que ralar muito ainda.- Voltas a Paris?
- Depende do meu chefe querer ou não que volte. Anda, vamos ver a casa.
Juliette escolheu um dos quartos para Jason e acomodou-se na suite principal.
- Agora vamos tomar um duche e saí para jantar. Não há nada na geladeira e apetece-me sair.
- Não tinha como ser de outra maneira. Juliette viu-se à porta de um restaurante onde muitas vezes tinha ido com Rodolffo e instintivamente sorriu.
- Vem. Aqui a comida é óptima e o ambiente agradável.
Os dois foram conduzidos a uma mesa e pediram uma bebida enquanto esperavam pelos pratos escolhidos.
Pouco depois Ju ouvia uma gargalhada que ela conhecia muito bem.
- P*ta que pariu. - falou sem pensar. É muita falta de sorte.
- O que foi?
Juliette olhou na direcção da porta por onde acabara de entrar Rodolffo, Leila e o marido.
- Acabou de entrar o Rodolffo.
- Aquele? Misericórdia, eu quero.
Ela deu-lhe um tapa no braço e logo foi reconhecida por Leila.
- Juliette do céu. - disse caminhando na direcção deles.
- Como estás Leila? E a Maria Júlia?
- Estamos bem menina. Desapareceste?
- Foi necessário. Querem sentar-se connosco? Assim colocamos a conversa em dia.
- Vou chamar o meu marido e Rodolffo.
Os três dirigiram-se à mesa dela que fez as apresentações. Rodolffo estava sem jeito e de cara séria.
- Conta lá o que tens feito?
- Cheguei hoje de Paris. Estava com saudades do Brasil e resolvemos vir jantar.
- Paris, ah Paris! - suspirou Leila.
- E tu, Rodolffo! Como vão os shows?
- Vão indo. Não tenho do que me queixar. Tenho a vida que escolhi.
Juliette olhou para ele. Não viu alegria no seu olhar, mas sim um brilho de lágrimas que ameaçavam correr.
- Juliette, e estás a trabalhar com quê? - perguntou Leila.
- Sou advogada, lembras-te? Consegui um emprego aqui em Brasília num escritório que me propôs ir para Paris onde estou muito feliz, não é mon cherrie? - perguntou olhando para Jason e colocando a mão por cima da dele.
Ah, oui. - respondeu ele.
Aquilo foi uma paulada no coração de Rodolffo.
Ela estava linda. Tinha uma aura à volta dela que brilhava diferente.Não aguentou. Retirou o telemóvel do bolso e fingiu ir atender uma chamada. Regressou alguns minutos depois.
Juliette conhecia-o bem demais. Ele tinha chorado.