Capítulo III

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Juliette tinha-se mudado para o apartamento de Angela e hoje ia à primeira entrevista na produtora.

Estava muito nervosa e chegou bastante cedo.

Encontrou algumas das candidatas que esperavam numa das salas.  Sentou-se a um canto e só escutava as conversas.

- Ouvi dizer que era para trabalhar directamente com um dos cantores.

- O anúncio não especifica.  Pode ser trabalho na produtora mesmo.

- Muitas candidatas, não?

- Sim, mas eu estou confiante do meu curriculum.

- Amiga, será que vão escolher também pelo físico?  São todas lindas aqui.

- Todas?  Tem umas um pouco sem graça. Disse a moça fazendo sinal com a cabeça para o lado onde estava Juliette.

Esta percebeu que era com ela, mas não se manifestou.

Entrámos uma a uma para a entrevista.

Uma jovem morena, alta de cabelos pretos e longos fazía-nos várias perguntas.

- A Juliette tem disponibilidade para viajar?  Já li aqui que é solteira.

- Sim.  Solteiríssima.  Não tenho ninguém que me impeça de viajar.

- Também vi que é advogada.  Este trabalho não tem nada a ver.  Requer muita dedicação e para muitos pode ser considerado uma prisão.   Terá que assessorar o artista quase 24 horas por dia durante os dias de espectáculo.

- Isso não  me mete medo e quanto a ser advogada, eu agora preciso mesmo de trabalhar.   Cheguei há muito pouco à cidade para começar uma vida de novo.

- Não é de cá?

- Não.  Sou de Belo Horizonte.

- Tem lá família?

- Podemos dizer que de momento sou eu sózinha.

Muito bem.  De momento é tudo.  No máxima amanhã receberá um telefonema a saber se voltará para a entrevista final.

- Muito obrigada, senhora.

- Leila.   Trate-me por Leila apenas.

Até amanhã,  Leila.

Juliete voltou para casa muito esperançada no emprego.  Preocupava-a um pouco o facto da moça dizer que tinha que estar disponível 24 horas para o artista.  Não era só durante os espectáculos?  O que fariam nas outras horas do dia?  E dormir?  Juliette era muito dorminhoca e não lidava bem com o sono.
Tinha noites de insónias.  Isso tinha muito, mas nunca foi de noitadas e noites viradas, mas estava disposta a mudar tudo isso se necessário fosse.

Nessa noite, Angela teve dificuldade para dormir porque Juliette estava tagarela.  Falava sobre o tal emprego e fazia muitas perguntas para as quais Angela não tinha resposta.

- Ajuda-me a escolher o look para amanhã.

- Mas, ainda nem sabes se foste seleccionada?  Não é melhor esperar o telefonema.  Vamos dormir e de manhã vemos isso.

- Não.   Vemos agora.  Eu sei que vou ser chamada.

- Olha.  Um traje bem sexy para deixá-lo de olhos em bico.

- Não brinques.  O que levo?

Angela escolheu uma calça social um croped e um blazer.  Uns stiletos, brincos e colar discretos.  A bolsa também.

- Isto é tudo o que precisas.  Nem mais nem menos.  Maquilhagem básica e cabelo solto.

- Solto?  Eu estava a pensar num coque.

- Solto que os homens gostam.  Coque não é apropriado.  Talvez no trabalho, mas numa entrevista não.  Agora, podemos ir dormir?

- Desculpa, amiga.  Vai lá descansar que eu sei que estás morta.

- Estou mesmo.  Vou tomar um banho e cama.

Juliette ficou sózinha e começou a combinar outros looks.  Não gostou de nenhum e decidiu que ia mesmo com o primeiro escolhido.
Arrumou a bagunça que estava em cima da cama e foi deitar-se.

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