Juliette tinha-se mudado para o apartamento de Angela e hoje ia à primeira entrevista na produtora.
Estava muito nervosa e chegou bastante cedo.
Encontrou algumas das candidatas que esperavam numa das salas. Sentou-se a um canto e só escutava as conversas.
- Ouvi dizer que era para trabalhar directamente com um dos cantores.
- O anúncio não especifica. Pode ser trabalho na produtora mesmo.
- Muitas candidatas, não?
- Sim, mas eu estou confiante do meu curriculum.
- Amiga, será que vão escolher também pelo físico? São todas lindas aqui.
- Todas? Tem umas um pouco sem graça. Disse a moça fazendo sinal com a cabeça para o lado onde estava Juliette.
Esta percebeu que era com ela, mas não se manifestou.
Entrámos uma a uma para a entrevista.
Uma jovem morena, alta de cabelos pretos e longos fazía-nos várias perguntas.
- A Juliette tem disponibilidade para viajar? Já li aqui que é solteira.
- Sim. Solteiríssima. Não tenho ninguém que me impeça de viajar.
- Também vi que é advogada. Este trabalho não tem nada a ver. Requer muita dedicação e para muitos pode ser considerado uma prisão. Terá que assessorar o artista quase 24 horas por dia durante os dias de espectáculo.
- Isso não me mete medo e quanto a ser advogada, eu agora preciso mesmo de trabalhar. Cheguei há muito pouco à cidade para começar uma vida de novo.
- Não é de cá?
- Não. Sou de Belo Horizonte.
- Tem lá família?
- Podemos dizer que de momento sou eu sózinha.
Muito bem. De momento é tudo. No máxima amanhã receberá um telefonema a saber se voltará para a entrevista final.
- Muito obrigada, senhora.
- Leila. Trate-me por Leila apenas.
Até amanhã, Leila.
Juliete voltou para casa muito esperançada no emprego. Preocupava-a um pouco o facto da moça dizer que tinha que estar disponível 24 horas para o artista. Não era só durante os espectáculos? O que fariam nas outras horas do dia? E dormir? Juliette era muito dorminhoca e não lidava bem com o sono.
Tinha noites de insónias. Isso tinha muito, mas nunca foi de noitadas e noites viradas, mas estava disposta a mudar tudo isso se necessário fosse.Nessa noite, Angela teve dificuldade para dormir porque Juliette estava tagarela. Falava sobre o tal emprego e fazia muitas perguntas para as quais Angela não tinha resposta.
- Ajuda-me a escolher o look para amanhã.
- Mas, ainda nem sabes se foste seleccionada? Não é melhor esperar o telefonema. Vamos dormir e de manhã vemos isso.
- Não. Vemos agora. Eu sei que vou ser chamada.
- Olha. Um traje bem sexy para deixá-lo de olhos em bico.
- Não brinques. O que levo?
Angela escolheu uma calça social um croped e um blazer. Uns stiletos, brincos e colar discretos. A bolsa também.
- Isto é tudo o que precisas. Nem mais nem menos. Maquilhagem básica e cabelo solto.
- Solto? Eu estava a pensar num coque.
- Solto que os homens gostam. Coque não é apropriado. Talvez no trabalho, mas numa entrevista não. Agora, podemos ir dormir?
- Desculpa, amiga. Vai lá descansar que eu sei que estás morta.
- Estou mesmo. Vou tomar um banho e cama.
Juliette ficou sózinha e começou a combinar outros looks. Não gostou de nenhum e decidiu que ia mesmo com o primeiro escolhido.
Arrumou a bagunça que estava em cima da cama e foi deitar-se.