Capítulo IX

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Duas semanas passaram rápido e hoje era o primeiro show de Juliette sem a ajuda de Leila, mas ela estava tranquila.  Tinha aprendido tudo e estava à vontade.

Deixaram juntos o hotel e enquanto Rodolffo dormitava, Juliette estava atenta a todos os pormenores.

Durante o percurso uma chuva miudinha começou a cair o que dificultava o trânsito.   Numa travagem brusca, o carro onde seguiam embateu no da frente e Rodolffo acabou por bater com a cabeça no banco da frente.  Juliette como ia atenta conseguiu segurar-se sem problemas.

- Ai a minha cabeça!

- Desculpe senhor.  O veículo da frente travou de repente.   Não  consegui evitar.

- Está bem.  Podemos ir embora?

- Creio não ser possível. A batida danificou o motor e não consigo avançar.

- Ainda mais essa.  E agora, Juliette?  Está a chuviscar.

- Já estamos perto.  Vamos a pé para não termos atrasos.

- Vamos chegar encharcados.

- Vistamos os casacos e  vamos.

Andaram cerca de quinze minutos e finalmente chegaram.  A chuva que entretanto engrossou, era agora mais fraca.

- Espero que pare.  O público não merece assistir ao espectácilo à chuva.

- Como vocês estão!  Vieram a pé?

- Literalmente.  Houve um acidente com o carro que nos trazia.  Vou trocar de roupa.  Juliette troca a tua também,  pois estás encharcada.

- Não tenho outra roupa.  Deixa que esta já seca.  Como está a tua cabeça?

- Dolorida.  Já passa quando o espectáculo começar.

Felizmente a chuva parou e o espectáculo foi um sucesso.  Juliette atenta a tudo estava ligeiramente afastada do palco para fugir às correntes de ar.  Procurou um lugar um pouco mais quente e deixou-se ficar apenas observando.

Rodolffo olhava para ela sempre que fazia uma pausa para  beber àgua e não gostou de a ver quieta.  A meio do espectáculo também tomou um comprimido aproveitando o número solo do seu parceiro.

- Estás bem, Juliette?

- Estou.  Só tenho muito frio.

- Vai para o camarim que lá é mais quente e vê se alguém tem uma manta.

- Deixa estar.  Eu aguento.  Como estás tu? 

- Com um galo enorme na cabeça.  O comprimido é para aliviar.  Ainda bem que estamos a terminar.  Vamos directamente para o hotel.  Tínhamos combinado um after, mas vou dizer à malta que não vai dar.

- Eu não estou boa para after.  Quero só um banho quente e cama.

Rodolffo voltou ao palco e Juliette manteve-se ali no seu posto.  Mal terminou o espectáculo regressaram todos ao hotel.  Já ninguém tinha vontade de sair.

- Boa noite, Ju.  Se precisares de alguma coisa é só pedires.  A qualquer hora.

- Está bem.  Vemo-nos ao almoço.  Tem uma boa noite.

Juliette entrou no quarto e não parava de espirrar.  Tomou um banho quente e foi directamente para a cama.

Cerca das 10 horas da manhã já Rodolffo tinha enviado uma mensagem à qual ela não respondeu.  Pediu café da manhã para ela e esperou que chegasse.

- A minha parceira não responde às mensagens.  A menina por acaso não tem a chave do quarto?

- Vou buscar.

- Veio a chave, Rodolffo pediu que ela abrisse e espreitasse.

- Juliette estava toda encolhida na cama.  Rodolffo entrou e foi ter com ela.  Verificou que tinha o rosto rosado e estava ardendo de febre.

- Não me arranja algo que possa baixar a febre?

- Se não tivermos eu vou ali na farmácia ao lado.

- Obrigado.

Rodolffo sabia com poderia baixar a febre de Juliette.   Hesitou, mas decidiu mesmo assim levá-la para o banheiro e dar-lhe um banho gelado.  Ela gemia e tremia muito.  Ele secou-a, vestiu-lhe o robe felpudo e colocou-a de novo na cama.  A camareira chegou com uma caixa de comprimidos. 

- A farmacêutica disse para lhe dar 1 a cada 12 horas e bastantes bebidas quentes.  Aproveitei e trouxe este termo com chá quente.

- Obrigada pela sua gentileza.

- De nada.  Se precisar pode chamar-me. Chamo-me Rita.

Rita saiu e Rodolffo deitou um pouco de chá na caneca e fez Juliette tomar juntamente com o comprimido.  Ela continuava a tremer e ele buscou outro cobertor no armário.

Aproveitou para tomar o seu café e depois acabou por deitar-se ao lado dela.
Do corpo dela emanava ainda bastante calor.  Rodolffo foi ao banheiro, molhou uma toalha e refrescou-lhe o rosto deixando-a depois na testa.

Deixou-se ficar a velar o sono dela e acabou por adormecer também.

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