Duas semanas passaram rápido e hoje era o primeiro show de Juliette sem a ajuda de Leila, mas ela estava tranquila. Tinha aprendido tudo e estava à vontade.
Deixaram juntos o hotel e enquanto Rodolffo dormitava, Juliette estava atenta a todos os pormenores.
Durante o percurso uma chuva miudinha começou a cair o que dificultava o trânsito. Numa travagem brusca, o carro onde seguiam embateu no da frente e Rodolffo acabou por bater com a cabeça no banco da frente. Juliette como ia atenta conseguiu segurar-se sem problemas.
- Ai a minha cabeça!
- Desculpe senhor. O veículo da frente travou de repente. Não consegui evitar.
- Está bem. Podemos ir embora?
- Creio não ser possível. A batida danificou o motor e não consigo avançar.
- Ainda mais essa. E agora, Juliette? Está a chuviscar.
- Já estamos perto. Vamos a pé para não termos atrasos.
- Vamos chegar encharcados.
- Vistamos os casacos e vamos.
Andaram cerca de quinze minutos e finalmente chegaram. A chuva que entretanto engrossou, era agora mais fraca.
- Espero que pare. O público não merece assistir ao espectácilo à chuva.
- Como vocês estão! Vieram a pé?
- Literalmente. Houve um acidente com o carro que nos trazia. Vou trocar de roupa. Juliette troca a tua também, pois estás encharcada.
- Não tenho outra roupa. Deixa que esta já seca. Como está a tua cabeça?
- Dolorida. Já passa quando o espectáculo começar.
Felizmente a chuva parou e o espectáculo foi um sucesso. Juliette atenta a tudo estava ligeiramente afastada do palco para fugir às correntes de ar. Procurou um lugar um pouco mais quente e deixou-se ficar apenas observando.
Rodolffo olhava para ela sempre que fazia uma pausa para beber àgua e não gostou de a ver quieta. A meio do espectáculo também tomou um comprimido aproveitando o número solo do seu parceiro.
- Estás bem, Juliette?
- Estou. Só tenho muito frio.
- Vai para o camarim que lá é mais quente e vê se alguém tem uma manta.
- Deixa estar. Eu aguento. Como estás tu?
- Com um galo enorme na cabeça. O comprimido é para aliviar. Ainda bem que estamos a terminar. Vamos directamente para o hotel. Tínhamos combinado um after, mas vou dizer à malta que não vai dar.
- Eu não estou boa para after. Quero só um banho quente e cama.
Rodolffo voltou ao palco e Juliette manteve-se ali no seu posto. Mal terminou o espectáculo regressaram todos ao hotel. Já ninguém tinha vontade de sair.
- Boa noite, Ju. Se precisares de alguma coisa é só pedires. A qualquer hora.
- Está bem. Vemo-nos ao almoço. Tem uma boa noite.
Juliette entrou no quarto e não parava de espirrar. Tomou um banho quente e foi directamente para a cama.
Cerca das 10 horas da manhã já Rodolffo tinha enviado uma mensagem à qual ela não respondeu. Pediu café da manhã para ela e esperou que chegasse.
- A minha parceira não responde às mensagens. A menina por acaso não tem a chave do quarto?
- Vou buscar.
- Veio a chave, Rodolffo pediu que ela abrisse e espreitasse.
- Juliette estava toda encolhida na cama. Rodolffo entrou e foi ter com ela. Verificou que tinha o rosto rosado e estava ardendo de febre.
- Não me arranja algo que possa baixar a febre?
- Se não tivermos eu vou ali na farmácia ao lado.
- Obrigado.
Rodolffo sabia com poderia baixar a febre de Juliette. Hesitou, mas decidiu mesmo assim levá-la para o banheiro e dar-lhe um banho gelado. Ela gemia e tremia muito. Ele secou-a, vestiu-lhe o robe felpudo e colocou-a de novo na cama. A camareira chegou com uma caixa de comprimidos.
- A farmacêutica disse para lhe dar 1 a cada 12 horas e bastantes bebidas quentes. Aproveitei e trouxe este termo com chá quente.
- Obrigada pela sua gentileza.
- De nada. Se precisar pode chamar-me. Chamo-me Rita.
Rita saiu e Rodolffo deitou um pouco de chá na caneca e fez Juliette tomar juntamente com o comprimido. Ela continuava a tremer e ele buscou outro cobertor no armário.
Aproveitou para tomar o seu café e depois acabou por deitar-se ao lado dela.
Do corpo dela emanava ainda bastante calor. Rodolffo foi ao banheiro, molhou uma toalha e refrescou-lhe o rosto deixando-a depois na testa.Deixou-se ficar a velar o sono dela e acabou por adormecer também.