Capítulo XV

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Rodolffo terminou o espectáculo e voltou para o camarim.  Dentro dele já estava Júlia que se atirou a ele, pondo as mãos à volta do pescoço.

- Dá-me um tempo.  Preciso trocar de  roupa.

- Nem acredito que finalmente terei a chance de sair contigo.

- Senhor Rodolffo!

- Diz Samuel.

- A dona Juliette deixou um recado.  Disse que não estava a sentir-se bem e foi para o hotel.

- O que ela tinha?  Quem a levou?

- Ela só deu esse recado.  Chamou um uber.

- Está bem, obrigado.  Diz ao pessoal que eu não vou acompanhá-los.

- Rodolffo,  se não vamos com eles, vamos onde?

- Tu não sei.  Eu vou ver a Juliette.

- É sério que vais deixar-me sózinha?  Sempre essa garota a atrapalhar os meus rolês.

- Eu não tenho compromisso contigo e sabes perfeitamente que é a ela que eu amo.

- E os beijos que trocámos?

- O que tem?  Foi uma única vez.  Agora deixa eu ir que ela pode estar a precisar de mim.

- Idiota.  Ah, mas ela vai pagar-me esta humilhação.

- É o quê?  Encosta um dedo nela e vais ver o meu verdadeiro carácter.

Rodolffo pediu igualmente um uber e logo chegou ao hotel. Pediu a chave dela na recepção e só por ser bastante conhecido teve acesso a ela.

"Ela voltou mais cedo do show e pode estar doente e sem ajuda"- disse.

Correu para o elevador e com o coração a bater forte abriu a porta do quarto dela.

Juliette estava deitada, enrolada sobre si e completamente coberta.

- Ju!  O que tens?

- Tenho muito frio.

Rodolffo tocou-lhe na testa e ela ardia em febre.  Foi buscar mais um cobertor e colocou por cima dela.

- Tens comprimidos aqui?

- Já tomei há minutos.  Só tenho frio.

Rodolffo foi tomar um banho.  Ainda estava com a roupa do show e todo ele cheirava a suor.
Por fim deitou-se ao lado dela e tentou aquecê-la com o seu corpo.

- Eu gosto tanto dele. - dizia ela entre algumas frases desconexas.

Rodolffo percebeu que ela estava a delirar.  Aos poucos a temperatura do corpo dela foi baixando e o sono tornou-se mais sereno.

Ao contrário dela Rodolffo não conseguia dormir.  Na cabeça dele surgiam teorias que pudessem ter desencadeado a febre pois não sabia de nenhuma outra maleita para tal suceder.

Ela dormia com a cara no peito dele, um braço na cintura e a perna toda sobre as dele.  Rodolffo estava a morrer de calor, mas deixou-se ficar para não a incomodar.

Já amanhecia quando Juliette despertou.  A febre desaparecera e ela olhou para Rodolffo ali ao lado dela.  Porque estava ele ali? - perguntou-se. Tinha afastado o lençol e estava completamente nú.

Beijou-o no rosto e foi tomar um duche pois sentia-se toda pegajosa.

Voltou enrolada na toalha e Rodolffo já havia despertado.

- Porque estás aqui?

- Devias ter-me dito que não te sentias bem.  Como estás?  O que tiveste?  Cheguei e ardias em febre.

- Não sei. Comecei a sentir-me tonta.  Deve ter sido porque quase não comi.  A febre apareceu do nada.

- Podias ter-me dito.

Juliette voltou a deitar-se ainda com a toalha enrolada no corpo.

- Não disse para não estragar a tua noite.  A que horas chegaste?

- Assim que o show terminou.  Vim a correr ver como estavas.

- Não precisavas.  Tinhas programa para esta noite.

- Juliette,  quando vais perceber que tu és a minha prioridade. - tira essa toalha que está molhada.

- Não tenho nada vestido.

- E depois?  Por acaso eu nunca te vi nua.

- Era diferente.  Éramos namorados, não somos mais.

- Daqui a pouco eu vou pedir o café para os dois e só vamos sair deste quarto quando todos os is tiverem ponto.  Vamos falar, xingar,  o que tiver que ser, mas daqui não vou sair sem esta conversa.

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