Rodolffo terminou o espectáculo e voltou para o camarim. Dentro dele já estava Júlia que se atirou a ele, pondo as mãos à volta do pescoço.
- Dá-me um tempo. Preciso trocar de roupa.
- Nem acredito que finalmente terei a chance de sair contigo.
- Senhor Rodolffo!
- Diz Samuel.
- A dona Juliette deixou um recado. Disse que não estava a sentir-se bem e foi para o hotel.
- O que ela tinha? Quem a levou?
- Ela só deu esse recado. Chamou um uber.
- Está bem, obrigado. Diz ao pessoal que eu não vou acompanhá-los.
- Rodolffo, se não vamos com eles, vamos onde?
- Tu não sei. Eu vou ver a Juliette.
- É sério que vais deixar-me sózinha? Sempre essa garota a atrapalhar os meus rolês.
- Eu não tenho compromisso contigo e sabes perfeitamente que é a ela que eu amo.
- E os beijos que trocámos?
- O que tem? Foi uma única vez. Agora deixa eu ir que ela pode estar a precisar de mim.
- Idiota. Ah, mas ela vai pagar-me esta humilhação.
- É o quê? Encosta um dedo nela e vais ver o meu verdadeiro carácter.
Rodolffo pediu igualmente um uber e logo chegou ao hotel. Pediu a chave dela na recepção e só por ser bastante conhecido teve acesso a ela.
"Ela voltou mais cedo do show e pode estar doente e sem ajuda"- disse.
Correu para o elevador e com o coração a bater forte abriu a porta do quarto dela.
Juliette estava deitada, enrolada sobre si e completamente coberta.
- Ju! O que tens?
- Tenho muito frio.
Rodolffo tocou-lhe na testa e ela ardia em febre. Foi buscar mais um cobertor e colocou por cima dela.
- Tens comprimidos aqui?
- Já tomei há minutos. Só tenho frio.
Rodolffo foi tomar um banho. Ainda estava com a roupa do show e todo ele cheirava a suor.
Por fim deitou-se ao lado dela e tentou aquecê-la com o seu corpo.- Eu gosto tanto dele. - dizia ela entre algumas frases desconexas.
Rodolffo percebeu que ela estava a delirar. Aos poucos a temperatura do corpo dela foi baixando e o sono tornou-se mais sereno.
Ao contrário dela Rodolffo não conseguia dormir. Na cabeça dele surgiam teorias que pudessem ter desencadeado a febre pois não sabia de nenhuma outra maleita para tal suceder.
Ela dormia com a cara no peito dele, um braço na cintura e a perna toda sobre as dele. Rodolffo estava a morrer de calor, mas deixou-se ficar para não a incomodar.
Já amanhecia quando Juliette despertou. A febre desaparecera e ela olhou para Rodolffo ali ao lado dela. Porque estava ele ali? - perguntou-se. Tinha afastado o lençol e estava completamente nú.
Beijou-o no rosto e foi tomar um duche pois sentia-se toda pegajosa.
Voltou enrolada na toalha e Rodolffo já havia despertado.
- Porque estás aqui?
- Devias ter-me dito que não te sentias bem. Como estás? O que tiveste? Cheguei e ardias em febre.
- Não sei. Comecei a sentir-me tonta. Deve ter sido porque quase não comi. A febre apareceu do nada.
- Podias ter-me dito.
Juliette voltou a deitar-se ainda com a toalha enrolada no corpo.
- Não disse para não estragar a tua noite. A que horas chegaste?
- Assim que o show terminou. Vim a correr ver como estavas.
- Não precisavas. Tinhas programa para esta noite.
- Juliette, quando vais perceber que tu és a minha prioridade. - tira essa toalha que está molhada.
- Não tenho nada vestido.
- E depois? Por acaso eu nunca te vi nua.
- Era diferente. Éramos namorados, não somos mais.
- Daqui a pouco eu vou pedir o café para os dois e só vamos sair deste quarto quando todos os is tiverem ponto. Vamos falar, xingar, o que tiver que ser, mas daqui não vou sair sem esta conversa.