Rodolffo estava sentado num cadeirão, pediu que Juliette se sentasse no outro em frente a ele e Leila sentou-se do lado dele.
- Então Juliette, conte-me porque quer este trabalho?
- Porque preciso pagar contas e dinheiro não cai do céu.
- Mas como advogada, possivelmente ganharia mais.
- Pode até ser, mas de momento não tenho nada nessa àrea e estou disposta a enveredar por outros caminhos. Não tenho é certeza de corresponder aos requisitos que pretende.
- Tem assim tanta falta de confiança em si?
- Pelo contrário. Tudo o que me proponho fazer, faço bem feito, mas é uma àrea nova, viagens e tudo isso.
- Não gosta de viajar? E trabalhar à noite, gosta?
- Não sei. Nunca saí de Belo Horizonte e também nunca trabalhei de noite. À noite só conheço mesmo é baladas.
- Muito baladeira, então?
- Q.b
- Talvez já nos tenhamos cruzado lá em BH. Já fiz lá muitos shows.
- Não creio. Sertanejo não é muito a minha onda. Nunca assisti um show de artistas sertanejos.
- Jura? Imperdoável. Não gosta?
- Não desgosto. Pop é mais o meu estilo e forró também.
- No meu show tem todos os géneros. Até funk.
- Funk não combina com a sua imagem. O senhor tem ar de cantor romântico.
- Trate-me por Rodolffo. Cantor romântico? Também sou, mas o que eu gosto é de sertanejo.
- Desculpe, mas ainda não sei bem qual vai ser o meu trabalho.
Desta vez falou Leila.
- Eu sou irmã dele e assessora. Estou com ele desde sempre, mas agora estou grávida e preciso descansar a conselho médico. Procuramos quem me substitua pelo menos durante a gravidez. O trabalho é auxiliá-lo no camarim, com a recepção dos fãs, cuidar da alimentação dele e do sono, enfim é quase ser bábá.
- Também não é assim, mana. Bábá?
- Tu fazes algo sem mim? Não.
Não sou eu que busco as tuas refeições e compro o que esqueces?
Até dormir no mesmo quarto às vezes durmo.
Só estou fora das tuas paqueras.- Assim vais assustar a moça, Leila.
- É bom que ela saiba ao que vai para não ser surpreendida.
- Não acho nada demais. Estou disposta a experimentar.
- Pode começar hoje? Tenho show no Rio de Janeiro e podemos ver como vai ser. A Leila ainda vai estar comigo estas duas semanas e assim ia vendo o que é necessário.
- Não tenho nada arrumado.
- Só viajamos de noite. Dá tempo de arrumar o básico. Nos próximos três dias temos Rio de Janeiro, Santa Catarina e Goiânia. É luta viu Juliette. É frio, é calor e é mala para tudo quanto é canto.
- Então a vaga é minha?
- Com certeza. Se aceitar, claro.
- Vou aceitar sim. Trabalhar e viajar deve ser muito bom.
- Vamos ver se daqui a alguns meses ainda pensa igual. É prazeiroso, mas muito cansativo. Agora vá arrumar uma mala que mais tarde nós passamos para apanhá-la.
Esteja pronta pelas 20 horas. Já tomei nota dos seus dados e morada. Ah! Não conversámos sobre salário. Podemos acertar isso no avião?Juliette aceitou e depressa saiu dali. Precisava comprar alguns itens de higiene que tinha em falta. Correu para o mercado e logo estava seleccionando algumas peças de roupa que ia usar nesses dias.