Além do Tráfico - Malila

Capítulo Vinte e Um

Pov: Maraisa

Marília passou o jantar todo me olhando de um jeito diferente e isso tá me deixando nervosa.

Meu Deus, eu juro que não fiz nada de errado.

Marília: Amanhã você vai ter que ser interrogada de novo - Ela comenta pondo a louça na lava-louças

Maraisa: Vou na delegacia?

Marília: Chamada de vídeo, é melhor pra sua segurança. Depois que eu chegar do trabalho

Maraisa: Tudo bem - Ela põe o último prato e fecha a máquina.

Ela suspira me encarando.

Maraisa: Marília... - Engulo em seco - Fiz algo errado? Foi por causa da foto?

Marília: Que? - Ela me olha claramente confusa

Maraisa: Você tá me olhando de um jeito estranho e isso tá me deixando nervosa - Esfrego as palmas das mãos no jeans

Marília: Acha que eu tô irritada com você?

Maraisa: Sim... mas eu juro que não fiz nada por mal

Marília: Meu Deus Maraisa, calma. Não tô irritada com você

Maraisa: Então porque tá me olhando estranho

Marília: Sei lá, acho que tô olhando normal.

Maraisa: Não tá não - Me encosto na bancada da cozinha ficando de frente pra ela.

Marília: A convivência com você tá ficando um pouquinho complicada

Um nó se forma na minha garganta. Ela vai me expulsar?

Claro que vai né Maraisa, você só dá prejuízo, até na cama dela você dorme porque é uma medrosa do caralho.

Marília: Ei - Ela se aproxima e segura meu rosto - O problema não é você, de forma nenhuma

Maraisa: E como o problema pode ser você? - Pergunto confusa

Ela põe a mão na lateral do meu pescoço fazendo o meu corpo se arrepiar.

Marília: Faz alguns dias, na verdade umas duas semanas que... que eu venho... venho desejando você

Maraisa: Me desejando? - Ela dá um sorriso nervoso

Marília: É, acredite em mim eu sei o quão inadequado isso é. Só que... meu Deus você é...

Maraisa: Eu sou?

Marília: Incrível - Ela bufa - Porra, você não tem nenhum defeito.

O que é que tá acontecendo aqui?

Marília: Mas eu quero você de uma forma carnal, não vou mentir pra você.

Uma forma carnal...

Marília: Acho que não preciso dizer que não tem nada de errado com você, eu só não consigo me ligar emocionalmente a outra pessoa.

Maraisa: Então você não está irritada comigo?

Marília: Muito pelo contrário Marília - O polegar dela roça a minha bochecha - Estou irritada comigo mesma

Eu estranhamente gosto muito dessa carícia.

Maraisa: Por me querer? - Ela concorda - É algo tão terrível me desejar?

Marília: Para mim é... não posso te dar o que você precisa e nem você o que eu quero

Maraisa: Entendo que o que você quer é apenas o meu corpo, mas o que eu preciso?

Marília: Alguém que queira você por completo, alguém que sinta bem mais do que um desejo carnal

Maraisa: Talvez você não deva se sentir tão mal por se sentir atraída por mim.

Marília: Não? - Minhas bochechas esquentam

Maraisa: Há uma pequena possibilidade de eu já ter me sentido atraída por você nesse último mês

Ela permanece com a mão no meu pescoço e com o olhar fixo no meu.

Acho que a atração que eu senti por ela é diferente do que a que ela sente por mim. Eu me atrai por muito mais que o corpo dela.

Gosto das atitudes dela, das conversas, de ver ela tentando cozinhar...

Talvez eu só estava me iludindo, nunca tive nenhum pouco de atenção assim, Wendell nunca me tratou assim. Talvez eu não esteja pensando com clareza.

Marília: Maraisa... saber sobre isso não ajudou na minha situação - Ela encara meu rosto de um jeito que minhas pernas ficam até meio bambas.

Eu passei dois anos sendo obrigada a beijar alguém e convivi com isso.

Não acho que um beijo consensual entre eu e uma mulher na minha frente pode ser o fim do mundo.

Respiro fundo e umedeço os lábios.

A pressão contra o meu pescoço aumenta, mas não de um jeito que me machuca e sim de um jeito bom.

Marília: Desculpa...

Pisco confusa e logo sinto nossos lábios se tocarem, e quando isso acontece um calor estranho se espalha pelo meu corpo, a boca dela me devora com veracidade. Sinto uma mão apertar minha cintura com força e meu corpo ser mais pressionado contra o balcão.

Marília aprofunda mais o beijo e um ruído rouco escapa do fundo da garganta dela, o ruído ecoa pelo meu corpo fazendo com que eu trema de leve.

Ela separa nossos lábios quando a falta de ar chega, encaro a mulher na minha frente, ainda estou ofegante e agora totalmente sem jeito.

A mão de Marília envolve minha bochecha e ela se aproxima de novo me beijando. Ela envolve os dedos da mão livre no meu cabelo e me puxa para mais perto, meu corpo tá colado no dela.

Ela mordisca meu lábio e volta a me beijar com intensidade, um gemido baixinho ecoa e eu me assusto ao perceber que veio de mim.

Marília encera o beijo e encosta a testa na minha ainda ofegante.

Marília: Sabe, não quero que pareça que eu tô fugindo mas eu preciso muito de um banho frio agora.

Aí meu Deus...