Capítulo Quarenta e Cinco

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Pov: Marília

Maraisa já pode pedir música no fantástico. Porque puta merda a garota já teve várias costelas quebradas.

Tô na sala de espera enquanto ela é atendida, esqueci meu celular então não sei do Pantera.

Pantera é um cão treinado, ele começou o treinamento com quatro meses e é muito bom no que faz, obviamente já mordeu um ou outro bandido que tentou fugir.

Mas matar? Porra, ele nunca chegou nem perto de fazer isso, ele acabou com o Wendell, dilacerou a carótida dele.

Eu sabia que ele iria proteger a Maraisa, mas não pensei que iria tão longe.

Isso não é uma reclamação, afinal se não fosse por ele o Terror teria atirado nela.

Não sou uma boa pessoa, trabalho para a lei e sigo ela, mas por dentro eu tô aliviada com a morte daquele cara, foda-se se não é ético.

Tudo que ele fez com a Maraisa... Ele merece o que aconteceu.

E ela merece viver sem ficar olhando por cima do ombro pra ter certeza que tá segura.

Mesmo com ele preso ela ia correr um certo risco, ele poderia fugir ou até mesmo dar ordens lá de dentro.

🍂

Tô no quarto com a Maraisa, ela tá apagada por conta da anestesia.

Ela tá bem machucada, costelas quebradas, pontos na cabeça, hematomas por todo o corpo. O pescoço dela tem a marca certinha da mão daquele infeliz.

Eu preciso ir pro batalhão, quero participar do interrogatório do Hugo e da Alicia, mas não quero deixar a Maraisa sozinha.

Ela vai ficar apavorada se acordar sozinha aqui.

Trinta minutos depois o Henrique e o Juliano aparecem.

Marília: Meu cachorro? - É a primeira coisa que pergunto

Juliano: Mohana tirou a bala, mas ele tá em observação as próximas horas são importantes pra ver como ele vai ficar, o cachorro perdeu muito sangue

Marília: Certo. E o interrogatório?

Juliano: Vão fazer só na segunda, cara a gente assistiu o vídeo da câmera que tinha no quarto...

Henrique: Você tem que ver aquela merda, seu cachorro parece um bicho selvagem

Marília: Mexeram com a pessoa errada.

Henrique: Medo de me aproximar da Maraisa, e aquele monstrinho que vocês criam me morder.

🍂

Maraisa acorda no susto no meio da madrugada e tenta se sentar.

Marília: Ei, não se mexe muito - Toco de leve a mão dela

Maraisa me encara e os olhos dela se enchem de lágrimas

Maraisa: Não foi um sonho...

Marília: Não, é real você tá segura - Beijo a testa dela.

Maraisa: O Pan?

Marília: Tá na clínica, mas vai ficar bem - Pelo menos eu espero que sim

Pego a mão dela e entrelaço nossos dedos.

Marília: Desculpa, eu disse que ia te proteger e pisei na bola

Maraisa: Você não pisou na bola, sabíamos que um hora ou outra ele ia me achar.

Marília: Mesmo assim, eu sinto muito - Ela da um sorriso fraco

Maraisa: Obrigada

Marília: Pelo o que?

Maraisa: Por tudo, você é uma das duas melhores coisas que já me aconteceu

Marília: Acredito que o Pantera seja a outra, mesmo ele não sendo uma pessoa - Ela ri e concorda

Maraisa: Pan acima de tudo e todos

Marília: Você mima demais aquele cachorro

Maraisa: Eu não mimo, só sou carinhosa com o pobrezinho.

A gente fica sem silêncio por alguns minutos.

Marília: Ele sentiu sua falta nessa última semana, não comia direito, não dormia direito, o seu cheiro pela casa mudava o humor dele de um jeito absurdo.

Maraisa: O Pantera me ama, e eu sou a preferida ponto final - Ergo a mão dela que tá entrelaçada na minha e deposito um beijo

To tão aliviada dela estar aqui agora.

Maraisa: Sabe... você podia ser uma boa pessoa e me dar ele - Ela da um pequeno sorriso.

Marília: Ele já é seu... - Digo o óbvio

Maraisa: Quando eu for embora

Marília: Embora?

Maraisa: É, não tem mais o Wendell para me perseguir

Marília: Você quer ir embora? Pensei que você tava se adaptando

Maraisa: Não é que eu queira ir embora, mas o seu trabalho acabou

Marília: Não me importo de você ficar lá por mais um tempo

Maraisa: Você já mencionou dezenas de vezes que odeia receber visita

Marília: Você não é uma visita, é uma moradora

Maraisa: Marília...

Marília: Não quero que você vá. Sim eu odeio que as pessoas me visitem, mas adoro morar com você

Ela fica em silêncio

Maraisa: Não quero que você fique com pena de mim - Ela engole em seco - Eu consigo me virar

Marília: Em momento algum eu senti pena de você, não quero que fique porque eu estou com pena, quero que fique porque gosta da minha companhia, porque gosta da casa, porque gosta do Pantera

Maraisa: Você promete pra mim que vai me dizer quando eu estiver incomodando?

Marília: Prometo

Maraisa: Bom, eu não vou ficar pra sempre... Uma hora eu vou ir pra outro lugar

Marília: Não precisa ter pressa - Ela concorda

Maraisa: Perfeito, agora me tira daqui que eu quero ver o meu Pan.

Marília: Você vai ficar a semana inteira, sinto muito mas você não pode sair.

Maraisa: Mas o Pan?

Marília: Os dois estão bem, isso é o que importa. Semana que vem vocês voltam com a palhaçada de vocês

Maraisa: Ciúmes porque o cachorro gosta mais de mim?

Ciúmes porque você gosta mais do cachorro...

Pisco algumas vezes confusa pela rapidez que essa frase se formou na minha cabeça

Marília: Palhaça

Maraisa: Foi você que mandou a trufa né?

Marília: Meio idiota mas foi, queria que soubesse que eu ia até você

Maraisa: Não foi idiota Marília, nada que você faz é idiota - Ela sorri e isso me causa uma sensação estranha no estômago

Além do Tráfico - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora